O best seller “O nosso iceberg está derretendo”, escrito há alguns anos por John Kotter e Holger Rathgeber, ajuda a entender de forma prática às necessidades de mudanças nas empresas. Na história, uma comunidade de pinguins vive sob um iceberg onde a rotina de sobrevivência era sempre a mesma. Dia após dia nada mudava e tudo dava certo. Até que um dia foi descoberto que o iceberg estava em processo de descongelamento e que a vida da comunidade estava em perigo. A história relata então as discussões, resistências e medos dos pinguins em mudar. Mas no desenrolar da obra percebe-se que ainda que fosse trabalhoso mudar a rotina da comunidade essa seria a única opção para garantir a sobrevivência.

Assim como na comunidade de pinguins, as corporações vivem um momento de extrema necessidade de mudança, inovação e transformações. Com aumento da concorrência, novos canais de vendas e perfis de consumidor, epidemia, o período exige uma transformação digital — e quem ainda não iniciou o processo corre o sério risco de ver “o iceberg descongelar”.

Segundo os especialistas, mergulhar nessa mudança requer algumas tomadas de decisões importantes: ou se encontra talentos capazes de gerir a mudança internamente de forma orgânica ou o jeito é buscar consultorias externas para que o processo seja feito. Mas a certeza é que a mudança precisa acontecer.

Hora de recrutar, dentro ou fora da empresa, perfis campeões de mudança.

A busca por contratar talentos aptos a encabeçar a mudança não é simples. Por isso, algumas dicas podem ajudar na hora dessa procura. Segundo Rodrigo Vianna, CEO da consultoria de recrutamento Mappit, não dá para esperar encontrar pessoas inovadoras seguindo sempre os mesmos processos antiquados na hora de buscar novos profissionais.

Um exemplo recente de inovação no recrutamento é da Nestle, que utilizou o aplicativo de mídias Tik Tok como plataforma de recrutamento para a posição de um gerente de Marketing. “No caso específico dessa área, a estratégia foi bastante inovadora e provavelmente conseguirá criar um filtro inicial de profissionais capazes de promover uma transformação”, explica Rodrigo.

Segundo Bruno Damacena de Souza, coordenador de RH pelo IAG – Escola de Negócios da PUC Rio, o ideal é buscar o canal mais utilizado pelo público que você quer atrair para a empresa. Seja em cursos com disciplinas de metodologias ágeis, gestão da mudança, transformação digital ou o que for de interesse da empresa. “As plataformas de tecnologia e redes sociais são excelentes ferramentas, mas não são o único caminho para encontrar bons candidatos. O importante é conhecer quais canais o seu funcionário ideal utiliza e abordá-lo a partir daí”, afirma.

Bruno destaca que é importante avaliar o candidato em todos os aspectos técnicos e comportamentais relevantes para a companhia, não importando variáveis como gênero ou idade. “A equipe de recrutamento deve treinar o olhar para identificar qual a contribuição positiva que candidato vai trazer para o time que ele vai integrar. Além disso é importante usar as ferramentas e métodos adequados no processo”, diz o executivo.

Os especialistas afirmam que as empresas precisam transformar a cultura da organização para atrair talentos. Isso porque os profissionais podem até se candidatar, mas são justamente os traços da cultura, visão e propósito da organização que podem fazer o profissional estar mais envolvido com o processo ou não. “Uma cultura inclusiva, em que os profissionais tenham autonomia e possam ser quem são terá mais força para atrair profissionais interessantes e transformadores, por exemplo”, diz Rodrigo.

Para Vianna, uma organização que busca transformação também precisa estar disposta a mudar a forma de pensar e de executar os processos. Por isso, as empresas devem priorizar candidatos que tenham competências comportamentais bem desenvolvidas. “Para que essas habilidades comportamentais sejam consolidadas, a experiência de vida pessoal e particular do candidato em questão costuma ter peso. Mas para identificar tudo isso, a empresa precisa saber onde quer chegar”, diz o executivo.

Ele afirma que além do conhecimento técnico, há alguns pontos relacionados às habilidades comportamentais que têm sido frequentemente colocados em processos seletivos onde se busca a transformação.

Confira a seguir três características frequentemente presentes em perfis campeões de mudança:

1. Relacionamento interpessoal

A habilidade de se comunicar com diferentes perfis de pessoas é uma das mais requeridas. Não basta saber passar uma informação, mas o modo como isso é feito e a forma como esse profissional constrói bons relacionamentos interpessoais são extremamente importantes. Apesar de não ser uma regra, alguns jovens têm se adaptado principalmente à comunicação tecnológica e acabam sendo mais objetivos e reservados com a comunicação verbal realizada pessoalmente. E, novamente, os jovens que sabem se posicionar, estão abertos a ponderar diferentes pontos de vista e se comunicam de forma mais fluida, têm pontos positivos na busca de um emprego.

2. Proatividade

Mesmo para vagas em início de carreira a proatividade é muito valorizada e requerida. As empresas esperam contratar um profissional que sugira ações e saiba como desenvolvê-las. O perfil profissional adaptado apenas a cumprir suas obrigações sem inovação e proatividade não tem sido bem visto pelas companhias. Por mais que esses profissionais não tenham cargo de liderança, proatividade é uma atitude, uma postura, e pode ser desenvolvida em qualquer fase da carreira.

3. Autonomia

Hoje, o mundo dos negócios muda constantemente e de forma muito rápida. Por isso, os líderes estão cada vez menos focados em centralizar de forma detalhada todas as ações das áreas que coordenam. Eles valorizam profissionais que saibam desenvolver seus trabalhos com autonomia, independência, e não precisam de aprovação e consultoria constantemente. Os profissionais que se sentem seguros para desenvolver suas atividades sem necessidade de supervisão constante são muito requeridos pelas companhias.

Agora que você já sabe a importância dos talentos para realizar a transformação nas empresas, compartilhe com a gente como está o processo na sua companhia!

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