Oportunidades de negócio estão por toda parte e cabe ao empreendedor treinar sua percepção para saber reconhecê-las. Pesquisas indicam, inclusive, que o empreendedorismo por oportunidade (quando as pessoas investem por enxergar algum interesse no novo negócio) tem crescido. Passou de 56% para 61%, entre 2015 e 2018, no país, segundo estudo da GEM (Global Entrepreneurship Monitor) feita com apoio do Sebrae Brasil e divulgada em 2019.

Ter curiosidade e ficar atento a tudo o que ocorre a sua volta, principalmente, em relação a problemas do cotidiano no seu entorno, pode ajudar a identificar uma necessidade.

Como um bairro que vê o movimento de pessoas crescer repentinamente, com a chegada de escritórios comerciais, mas não possui restaurantes populares porque até então não havia demanda para esse serviço. A presença de um novo público, que trabalha nos escritórios, pode ser uma oportunidade para abrir um estabelecimento de comida a quilo ou que venda o conhecido ‘PF’ (prato feito) com valores acessíveis.

As características do bairro ou região onde o negócio será implantado influenciam, em especial, estabelecimentos que dependem da presença física do consumidor – restaurantes, lanchonetes, padarias, cafés, farmácias, postos de combustíveis e pequenos comércios, por exemplo.

Não se trata, porém, de desconfiar de uma demanda e já lançar um empreendimento achando que dará certo. É preciso pesquisar, ouvir as pessoas da área, conhecer os seus hábitos, entender seu perfil socioeconômico e se elas de fato sentem falta do serviço ou produto que você está pensando em lançar. No caso do restaurante, vale se informar onde elas costumam comer, o que acham dos preços cobrados na região , se inteirar do valor médio gasto na região consultando a Pesquisa de Preço Médio da Alelo, e se gostam de comida a quilo ou ‘PFs’, entre outras perguntas.

EXISTÊNCIA DE CONCORRENTES

Explorar os negócios já instalados no entorno e pensar como o seu produto ou serviço irá se destacar dos demais também é fundamental. “Se no bairro ou mesmo na cidade há empreendedores ligados ao mesmo ramo, deve-se identificar quais diferenciais incorporar ao negócio, a fim de melhorar a competitividade”, afirma Alexandre Miserani, professor de Administração e Finanças da Faculdade Arnaldo, em Belo Horizonte (MG).

Além disso, o professor diz que a definição do local é primordial para o sucesso do empreendimento, sua acessibilidade e comunicação com o público. “Trata-se de buscar uma melhor intersecção do negócio com a comunidade onde será instalado”, explica Miserani.

DAS DORES AO TRATAMENTO

No universo empreendedor, os problemas que podem fazer surgir um novo negócio ou melhorar um já existente também são chamados por especialistas de ‘dores’. As dores do cliente descrevem as emoções negativas que eles vivenciam.

Fazendo um comparativo com um médico: este sempre parte das queixas e dores de um paciente para realizar uma minuciosa investigação que leve ao diagnóstico do problema. Só assim poderá indicar um remédio ou tratamento para o mesmo. O empreendedor deve seguir raciocínio parecido. Quando uma necessidade é mapeada, fica mais fácil pensar em como resolvê-la. Ou seja, quanto mais clara a dor, maior a chance de acertar no seu remédio.

David Kallás, coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, dá como exemplo alguém que trabalhe na avenida Paulista e tenha de almoçar fora todos os dias. Ele diz que se a pessoa sai para comer num self-service às 12h30, certamente, vai encontrar os restaurantes cheios. Já se ela for às 13h30, corre o risco da comida não estar tão boa, pelo longo tempo de exposição.

“Como dono de restaurante, tenho que pensar no que oferecer para diminuir a dor desse cliente, que não quer um lugar lotado nem comida de baixa qualidade”. A solução, diz o coordenador, pode ser o serviço delivery, reservas feitas online, um aplicativo que mostre as vagas para a mesa ou mesmo um desconto nos horários menos concorridos. “É preciso buscar oportunidades e oferecer soluções que diminuam a dor do cliente, o seu atrito”, explica o coordenador.

ÁREAS PROMISSORAS

Para eles, segmentos como os de saúde e varejo podem ser mais propícios para inovar. Ele acredita que com o crescimento da população idosa e o avanço da tecnologia, haverá uma demanda por base de dados integrados, que reúnam informações de doenças e saúde de cada pessoa, de forma personalizada. “Uma espécie de prontuário unificado que indique desde o batimento cardíaco e numero de horas dormidas pelo indivíduo, até doenças existentes e o tratamento em uso”, prevê Kallás.

No varejo, o coordenador avalia que ainda falta muito para uma integração eficiente das lojas físicas com a venda online. “Essa área do chamado omnichannel é um desafio, pois a maioria das empresas ainda está patinando e deve observar as novas soluções para melhorar essa experiência”.

CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR E DO NEGÓCIO

As qualidades pessoais do empreendedor – habilidades, interesses, formação e mesmo aptidões – podem contribuir, embora não sejam determinantes, no segmento de atuação escolhido.

Já entre as particularidades do produto ou serviço lançado, atratividade, durabilidade e valor agregado são dados importantes, mas não são os únicos. “Para compor o sucesso do negócio, a criatividade e as melhores condições de oferta são essenciais”, destaca o professor Miserani.

IMPORTÂNCIA DO CENÁRIO ECONÔMICO

Ao estudar um novo empreendimento, é bom lembrar que nunca haverá um ano com as condições perfeitas para inovar. Kallás diz que, em 2020, existe uma confiança na economia que se mostra positiva, mesmo não se sabendo se será concretizada. Para ele, depende muito mais da capacidade de identificar uma oportunidade do que do contexto em si.

“Pesquisas mostram que o fator interno é mais importante que o externo no sucesso das empresas. Por isso, não adianta esperar o ano ideal, mesmo em época de crise, teve gente que se deu muito bem inovando”, avalia o coordenador do Insper.

QUESTÕES A OBSERVAR PARA IDENTIFICAR UMA OPORTUNIDADE

1 – O público. Qual é o perfil das pessoas que vivem e trabalham na região em que pretende abrir o negócio? Observe aspectos como renda média, faixa etária, hábitos de consumo e classe social predominante.

2 – O entorno. Quais são os estabelecimentos já existentes na região que atraem grande fluxo de pessoas e podem beneficiar o seu negócio? Shoppings e farmácias, por exemplo.

3 – A demanda. Quais são os desejos, os anseios e as expectativas do público da sua região? Qual problema você quer solucionar para o seu cliente?

4 – A oferta. Em que medida é possível atender essas demandas? Que produtos ou serviços seriam efetivos para tal?

5 – O investimento. Quanto o empreendedor deverá dispender para iniciar o negócio.

6 – A infraestrutura. O que será necessário para instalação e funcionamento do negócio.

7 – A localização. O ponto escolhido está em um local frequentado pelo seu público-alvo? É de fácil acesso?

8 – As pessoas. Existem profissionais qualificados para integrar a sua equipe?

9 – A concorrência. Existem soluções semelhantes à sua no mercado? Quais são eles? Como atuam?

10 – O diferencial. Como personalizar a oferta desses produtos e/ou serviços? Há algum entrave que torna os negócios já existentes pouco eficientes? Valor do produto, preço, qualidade, valor agregado, por exemplo. Como resolver isso?

11 – O ‘timing’. Quanto tempo você vai levar para realizar a pesquisa e a coleta de dados? Consegue fazer isso de forma rápida?

“Apesar da complexidade das avaliações e estudos a serem realizados para definição sobre em que empreender, a agilidade é essencial, visto que pode contribuir para o sucesso inicial do negócio, seja pelo seu ineditismo ou mesmo por sair na frente da concorrência”, acredita o professor mineiro.

Você já identificou uma oportunidade de negócio? Deu certo? Conte aqui pra gente!

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