A pandemia causada pelo novo coronavírus apresentou um cenário que poucos gestores imaginavam para o curto prazo. Com as medidas de isolamento social, impostas para tentar diminuir a expansão do vírus, grande parte das empresas instituíram o home office e, de repente, muitos líderes passaram a gerir a equipe de forma remota.
É verdade que o home office tem crescido no mercado de trabalho no Brasil, mas a urgência da pandemia atropelou muitos processos. Nessa toada, há pouco tempo para compreender as mudanças e a necessidade de ação é latente.
E para ajudar os gestores neste momento, o Blog da Alelo conversou com Raquel Castro e Ricardo Galdi, ambos professores do curso de Formação em Recursos Humanos do IAG – Escola de Negócios da PUC-Rio, e coletou algumas dicas para você não deixar que a distância atrapalhe o desempenho da sua equipe. Confira a seguir:
Dicas para ser um bom gestor (remoto ou não)
A primeira questão a se ter em mente é que o trabalho do gestor será continuado. Isso quer dizer que o fato de ser remoto não o livra de responsabilidades. Segundo os especialistas, uma boa gestão de equipes começa pela comunicação. Neste momento, há uma necessidade de mais clareza e objetividade das mensagens. Ou seja, ser direto é essencial.
Mantenha o foco no apoio e acompanhamento do time e lembre de priorizar a questão da saúde de seus colaboradores. Afinal, o momento requer empatia. As mensagens não precisam ser sempre sobre trabalho. É importante saber como cada indivíduo está passando por este momento.
Outro ponto a ser observado é a divisão equilibrada de tarefas e projetos. O líder precisa ter metas claras e definidas para todos. Além disso, deve encontrar qual a melhor forma de gerir a equipe pelo canal mais familiar para todos. Seja por telefone, reuniões por vídeo ou aplicativos de mensagens.
As ferramentas de trabalho
O home office pode gerar ganhos engajamento por conta da flexibilidade na administração das tarefas pessoais e profissionais, além de não se perder tempo com deslocamento.
Porém, é importante lembrar que trabalhar de casa pode gerar algumas dificuldades que não existem quando a rotina é realizada em uma estrutura física e preparada para este fim. As mais comuns são as de infraestrutura, como queda na conexão e baixa qualidade na internet, assim como de acesso à rede corporativa e mesmo a disponibilidade de um computador. Isso tudo deve ser levado em consideração e pode impactar nos prazos de algumas entregas.
Sendo assim, o gestor tem o papel de conhecer a realidade da equipe e garantir que as condições de trabalho sejam concedidas antes de cobrar desempenho.
Confiança na relação
O trabalho remoto exige uma maior confiança e maturidade da liderança e dos times, já que muitos líderes estão acostumados a acompanhar de perto a dinâmica de trabalho e as entregas das equipes.
Para superar estes desafios, aposte em um bom planejamento e alinhamento da forma de trabalho e mais do que nunca: confie na sua equipe. Firme acordos com o time, como o agendamento de encontros de acompanhamento e troca de mensagens.
Pode ser interessante definir um momento para feedback individual durante a pandemia. Estabeleça o melhor prazo, de acordo com a atividade de cada equipe. Pode ser uma conversa semanal, quinzenal ou mensal. É fundamental que os rumos estejam alinhados.
Quando a vida pessoal e profissional se misturam
O home office traz uma questão importante, se você trabalha e vive no mesmo ambiente, como “desligar a chave”? Nessa hora deve aparecer a sensibilidade do líder para respeitar o espaço e a privacidade do funcionário em um momento em que estamos lidando com todas as responsabilidades em um mesmo espaço, como cuidados com casa, filhos e homeschooling, por exemplo.
O líder deve entender que o colaborador vai administrar suas demandas de trabalho e estará sujeito à muitas interrupções. Cada vez mais, faz sentido uma gestão por resultados ao invés do microgerenciamento de tarefas.
Transparência
O gestor é a ponte entre o funcionário e a empresa em tempos de pandemia. Por isso, qualquer situação da companhia deve ser informada pela liderança. Resultados, eventuais problemas devem ser tratados pelo gestor. Isso ajuda a tranquilizar os funcionários, que sabem que continuam a ser parte da organização. Lembre-se de manter um tom otimista.
Demonstre empatia
A falta da proximidade física traz dificuldades para o acompanhamento mais próximo das equipes, principalmente para líderes que estão acostumados com microgerenciamento. Em momentos tensos como o que estamos vivendo, os gestores devem demonstrar proximidade, demonstrando interesse genuíno pela saúde física e mental dos colaboradores e pelas dificuldades que vêm enfrentando no dia a dia.
É importante que os líderes firmem acordos – por exemplo, para frequências e horários de reuniões, formas de contato – e definam metas em conjunto com suas equipes. Ouvir quais são os melhores horários para todos, estabelecer pausas para refeições e não enviar mensagens desnecessárias fora do horário do trabalho são práticas importantes.
E para finalizar, se lembre que também é benéfico deixar um pouco a rotina de trabalho de lado em certos momentos e proporcionar encontros sem pautas definidas, como happy hours e cafés semanais. Desta forma, o gestor consegue trazer uma certa leveza em um momento tão delicado como o atual.