O novo coronavírus e a pandemia causada pela sua rápida expansão mudaram o mundo que conhecíamos. Em poucas semanas, a forma como nos relacionamos precisou se transformar por conta da orientação de isolamento social e muitas pessoas passaram a encarar o trabalho remoto. Nessa toada, um profissional ganhou ainda mais relevância para conduzir esse processo: o especialista em recursos humanos.

A transformação no papel do RH

Muitas empresas viram a necessidade de reagir rapidamente para colocar em prática o chamado “novo normal”. Com escritórios e escolas fechados, fábricas paradas e milhares de trabalhadores sendo obrigados a mudar a rotina, o papel dos profissionais de recursos humanos foi sendo transformado a cada dia.
Para Thais Mendes, head de RH da GTO RH, consultoria estratégia de recursos humanos, grandes desafios tiveram de ser enfrentados, como a adaptação dos colaboradores com o trabalho remoto, a nova forma de realizar a comunicação interna e, principalmente, a insegurança com o futuro.
“O RH já vinha em um momento de reinvenção que, com a pandemia, foi acelerado. Precisou-se apostar em novas estruturas e modelos, a fim de garantir o mínimo de estabilidade dentro de tantas incertezas. O novo cenário criou tendências e trouxe uma reconfiguração de mundo pós-pandemia”, afirma Thais.
Já Alexia Franco, sócia da consultoria de recursos humanos Unique Group, aponta a principal lição a ser tirada com as mudanças causadas pelo novo coronavírus: a necessidade de o RH ser parte da estratégia ampla das empresas. Como a ponte entre a força de trabalho e a condução da companhia, os profissionais dessa área não podem mais ser apenas meros condutores de mensagem, precisam estar cientes de todos os processos e participar ativamente das decisões.
“As coisas não são estáticas e o RH precisa estar o tempo todo influenciando, questionando o status quo junto ao nível executivo e mostrar o quão importante é ter conhecimento profundo sobre o negócio e os impactos que podem ser gerados com as mudanças”, afirma.

RH é agente condutor na retomada do ‘novo normal’

Se as mudanças ocorridas logo no começo da pandemia causaram insegurança e dúvidas, o retorno à ‘vida normal’ com a volta gradativa aos escritórios pode causar os mesmos sentimentos. Será mais uma oportunidade para o RH reafirmar que existe uma parceria na empresa e que não existe uma regra única a ser seguida.

“A situação demanda análises cautelosas, mas com muito mais agilidade na resposta. Todos terão que ceder em alguma coisa. Por isso, será fundamental ser mais flexível. Ainda que decisões precisem ser tomadas, não se pode deixar de lado a empatia e o respeito pelo próximo”, diz Thais.

Alexia reforça que o papel do RH também é avaliar quais atividades realmente precisam ser feitas do escritório da sua empresa e quais podem seguir no formado de trabalho remoto, sempre analisando todas as possibilidades e tentando entender como essa retomada pode impactar na vida, e também na saúde física e mental, do colaborador.

“Agradar a todos não é uma tarefa fácil, mas acho que esse momento pede flexibilidade em todos os sentidos. Não atuamos mais como na era industrial, com processos massificados e padronizados. A liberdade de atuação e a autonomia do profissional tem que ser colocada a prova”, afirma. E o RH precisa tomar partido nisso.

A era em que esses profissionais ficavam dedicados a cumprir apenas os direitos trabalhistas e fazer contratações e demissões já acabou. A pandemia de COVID-19 colocou luz e obrigou a transformação mais ágil no papel desses especialistas, que além de dar conta das questões burocráticas precisa pensar em formas estratégicas de impulsionar o engajamento e garantir que a força de trabalho esteja motivada — e segura — daqui para a frente.

Confira algumas mudanças no RH que vieram para ficar:

  • Trabalho remoto efetivo

O movimento já existia em alguns setores, mas a pandemia fez com que muitas empresas adotassem o trabalho remoto de forma inédita e com muito sucesso. Tanto que a modalidade veio para ficar, mesmo que seja em uma forma mista, com alguns dias de trabalho no escritório e outros em casa.
“No passado, as empresas não acreditavam que os colaboradores pudessem ser produtivos se trabalhassem de seus lares, mas isso mudou.  Dessa maneira, cabe à gestão de pessoas ensinar seus colaboradores a como atuar longe das instalações da empresa, capacitá-los não apenas na área técnica, mas especialmente, visando seu lado humano, pois precisam estar preparados psicologicamente para essa nova etapa de suas carreiras”, analisa Thais.

  • Tecnologia é uma aliada constante

Com os colaboradores nas suas casas, a tecnologia provou-se uma grande aliada dos líderes para manter a gestão das suas equipes. Diversas ferramentas foram apresentadas pelas áreas de recursos humanos, além da união das lideranças com a área de TI.
“O investimento em tecnologia possibilitou aproximar os colaboradores, mesmo em situação de isolamento social, o que proporcionou ao RH autoridade para se posicionar e dialogar com as lideranças. O ‘novo normal’ para o RH envolve, agora, uma autonomia e liderança ainda mais elevada”, afirma Thais.

  • Parceria entre RH e colaboradores

O momento fez com que muitos colaboradores se sentissem inseguros e com dúvidas com relação ao futuro dentro da empresa, já que muitas foram obrigadas a diminuir o quadro de funcionários ou implantar a redução de carga horária e de salários. Neste cenário, o RH tornou-se um aliado e precisou contribuir com comunicações claras e diretas, tentando diminuiu o clima de incerteza.

“Ter uma atuação mais proativa em propor uma agenda de soluções e alternativas a modelos pré-estabelecidos e desenvolver mais ainda a autonomia do profissional, apoiando e preparando ele para ser independente e lidar com as adversidades será o direcional daqui para frente. Afinal, os ciclos estão menores e precisamos ter mais agilidade em tudo”, sugere Alexia.

  • RH como parte da estratégia da empresa

Alexia entende que os profissionais de RH devem ser incluídos de forma mais efetiva nas discussões sobre qual caminho a empresa deve seguir. Fazendo parte das decisões estratégicas, o setor realizará a comunicação com os colaboradores de forma mais clara e embasada.

“Ter uma visão mais financeira com relação ao impacto e contribuição do negócio, como por exemplo, análise agora da produtividade dos profissionais trabalhando de casa. Através desse levantamento, quais seriam as propostas para a diretoria? Que outras ações podem surgir como opção? Como engajar e manter a cultura estando a distância?”, questiona a profissional.

É importante frisar que o papel no RH está em constante transformação e que as mudanças causadas pela pandemia ainda serão sentidas por muito tempo. A forma como trabalhávamos mudou e ainda passará por mais alterações. Nesse contexto, o bom profissional de RH é aquele que aceita se adaptar e tem resiliência e iniciativa para isso.

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