Com o início da vacinação dos brasileiros e a gradual imunização por faixa etária, o mercado de trabalho está prestes a enfrentar mais um questionamento: é hora de voltar para a rotina presencial? A resposta não é consenso entre especialistas e cada companhia deve levar sua realidade particular em conta para decidir.

Apesar da dificuldade na escolha pela retomada presencial ou pela manutenção do trabalho remoto nas atividades onde isso é viável, há alguns indicadores e opiniões que podem ajudar a guiar esse processo. Por isso, o Blog da Alelo conversou com especialistas e fez um compilado de estudos que podem ajudar os gestores na tomada de decisão.

Primeiro é preciso relembrar porque chegamos ao trabalho remoto. Antes da pandemia, a prática já era difundida por muitas corporações, mas com o avanço do coronavírus, o home-office se tornou uma necessidade de saúde pública para reduzir a movimentação e o contato entre as pessoas. Assim, inúmeras companhias mergulharam nesse formato sem grande preparação, sentindo em tempo real os desafios e benefícios.

Mas ao que tudo indica, os resultados foram satisfatórios em âmbito geral. Uma pesquisa da consultoria americana FlexJobs, com aproximadamente 4.000 pessoas que trabalharam remotamente durante a pandemia, apontou que 95% dos respondentes tiveram uma produtividade maior ou igual antes da pandemia. Eles também relataram ter menos distrações, reuniões mais eficientes e um ambiente de trabalho mais confortável, o que contribui para maior produtividade, satisfação e engajamento.

Muitas empresas já decidiram que não vão voltar ao modelo antigo de trabalho. Facebook, Zillow, Mastercard, Shopify e Twitter estão entre aqueles que se comprometeram com o trabalho remoto a longo prazo.

Cerca de 80% dos CEOs americanos dizem que, no futuro, esperam ter uma força de trabalho remota mais difundida como resultado da pandemia de coronavírus, de acordo com uma pesquisa global da PwC. Ainda nessa linha, uma pesquisa da KPMG descobriu que 69% dos CEOs de grandes empresas planejam reduzir o tamanho de seus escritórios.

Hora de pensar em um modelo híbrido?

Mas essa realidade pode estar um pouco distante das empresas brasileiras, ainda mais as pequenas e médias. Muitas atividades foram prejudicadas pela falta de contato diário entre as equipes e algumas companhias precisam impreterivelmente da presença física dos funcionários para seguirem abertas.

Afinal, como encontrar um meio termo entre o trabalho remoto e o trabalho presencial? Para Leonardo Freitas, CEO da HAYMAN-WOODWARD, empresa especializada em mobilidade global e consultoria profissional, “o modelo híbrido é a melhor alternativa para diminuir o risco para a saúde dos funcionários, cabendo aos líderes entenderem e gerenciarem as atividades que seguirão com esse perfil.
Nesse formato, os funcionários vão apenas alguns dias da semana, da quinzena ou do mês para a sede da empresa. Dessa forma, o contato presencial ainda existe e o risco de contagio é amenizado”, diz.

Ainda que essa volta seja parcial, há alguns desafios na lista. “Há necessidade de novos protocolos para limpeza profunda e higienização. Também pode ser interessante fazer mudanças no layout do espaço de trabalho ou alterar os horários dos funcionários para reduzir o número de pessoas nos prédios ao mesmo tempo”, diz Freitas.

Está na hora do retorno ao trabalho presencial?

Uma pesquisa da consultoria Talenses Group ouviu 157 empresas sobre o retorno dos profissionais aos escritórios brasileiros. Os respondentes são líderes ou profissionais de RH de empresas de diferentes setores de atuação: 74% delas estão sediadas em São Paulo, 56% delas têm mais de 500 colaboradores, 23% têm entre 100 e 499 colaboradores.

Quando perguntados sobre como a empresa pretende agir em relação ao home office após o fim da pandemia, 30% afirmaram que ainda não foram comunicados sobre uma decisão; 48% afirmaram que mesmo com o fim da pandemia, o home office continuará sendo aplicado em formato híbrido algumas vezes na semana; 11% afirmaram que os profissionais voltarão a trabalhar na empresa todos os dias da semana; 8% afirmaram que mesmo com o fim da pandemia, o home office continuará sendo oferecido apenas para os trabalhadores que tiverem interesse nesse formato e 4% das empresas afirmaram que não vão retomar o trabalho presencial e os colaboradores atuarão apenas de forma 100% online.

A pesquisa também prevê uma volta gradual. 43% das empresas já estão com os escritórios abertos para que os profissionais que tenham interesse possam utilizá-lo de acordo com a frequência que preferirem, desde que com todas as recomendações de higiene.

Desse universo que está de portas abertas, a adesão ao retorno dos profissionais tem sido menor que 10% em quase metade das empresas respondentes. “Temos que ter em mente que a vacinação não será feita para todos os brasileiros no primeiro semestre. Temos alguns meses para planejar a volta e quanto mais gradual, melhor”, diz Alexandre Benedetti, Diretor do Talenses Group.

Ele destaca que as particularidades das empresas vão definir o ritmo da volta — e se haverá uma volta. “Algumas atividades, como a indústria, dependem totalmente da presença. Mas se não há necessidade do trabalho presencial, eu ainda acho que o modelo remoto é uma boa opção nos próximos meses”, avalia o diretor.

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