Uma pesquisa realizada pela consultoria Robert Half mostrou que não sair de casa para trabalhar ou para se relacionar com amigos e familiares que não moram sob o mesmo teto causou piora na saúde mental e bem-estar para 37% das pessoas ouvidas para a 12ª edição do Índice de Confiança da Robert Half (ICRH).

O índice mostra que o trabalho remoto tem seus benefícios, mas unir a vida profissional e a vida pessoal pode causar danos. Ainda segundo a pesquisa realizada pela empresa de recrutamento especializado, 33% dos executivos ouvidos não perceberam diferença e os demais (11%) sentiram uma melhora.

É inegável que a pandemia causada pelo novo coronavírus e todas as mudanças que as medidas de isolamento social trouxeram transformaram o modo que vivemos e nos relacionamos com a vida pessoal e com o trabalho.

O “novo normal” mudou a rotina e, se por um lado a diminuição do tempo de deslocamento até o trabalho e a proximidade com familiares aliviaram a tensão dos últimos meses, muitos trabalhadores sentiram os efeitos negativos desta transformação.

Como identificar os impactos psicológicos

O Blog da Alelo ouviu a psicóloga Joana D’arc para entender os impactos que a pandemia e o isolamento social causam nos colaboradores. A profissional aponta que sintomas depressivos, tristeza, abuso de substâncias químicas, confusão mental e irritabilidade são os mais frequentes neste momento, além do aumento de sintomas pré-existentes, como ansiedade e insônia.

“Com o isolamento social, estamos convivendo com a solidão, e como somos seres que vivem em grupos, essa talvez seja nossa maior dificuldade agora. Por isso, podemos e devemos usar uma ferramenta a nosso favor: a tecnologia. Não é porque estamos separados que devemos nos sentir sozinhos”, explicou Joana.

A opinião da psicóloga é corroborada pelo Índice de Confiança da Robert Half (ICRH), que identificou que o uso de videoconferências foi a principal medida apontada pelos executivos ouvidos como apoio aos colaboradores. Para eles, a tecnologia foi usada para transmitir empatia e confiança aos funcionários.

Outras iniciativas também foram bem avaliadas de acordo com o estudo, como desencorajar ou limitar horas extras para que os colaboradores possam manter um bom gerenciamento da vida pessoal-profissional. Joana também falou sobre a necessidade de separar a vida pessoal e a vida profissional.

“Mesmo convencidos que devemos separar as coisas, essa tarefa pode ser difícil. Somos indivíduos que se completam a partir de todas as áreas da nossa vida, trabalho e casa, chefe e família, colegas do trabalho e amigos. A diferença agora é que enquanto mandamos um e-mail, o cachorro late, o filho chora e a máquina de lavar avisa que o ciclo de lavagem acabou. Isso pode ser muito mais confuso e estressante”, afirmou.

O estudo feito pela Robert Half também mostrou como as pessoas estão fazendo para manter a saúde mental em meio a tantas mudanças: 53% dos profissionais têm buscado alternativas on-line. A atividade física aparece como a principal válvula de escape (70%), seguida por meditação e mindfulness (25%) e terapia on-line (22%).

Joana também reforça a necessidade de separar um tempo para a realização de atividades de lazer ou hobbies que já existiam antes da pandemia e que podem ser mantidos, mesmo que com algumas modificações.

“É importante também separar sempre um mesmo horário para trabalhar, fazer as tarefas de casa e guardar um tempo para alguma atividade prazerosa como jogar videogame, assistir um filme, cuidar de plantas, praticar yoga, meditação”, contou.

E o futuro?

Muitas empresas já começaram a reabrir os escritórios e voltar a receber os colaboradores nos espaços físicos compartilhados, mesmo que modo lento e gradual e com cada setor agindo de forma específica. Essa nova mudança de rotina gera nova preocupação com a saúde mental dos funcionários.

“O importante é lembrar que, em todos os casos, não será apenas uma questão de abrir as portas e deixar todos retornarem. Uma abordagem cuidadosa e planejada para garantir a saúde, a segurança e o bem-estar de todos é o que fará a diferença neste momento e pode contribuir para aumentar a motivação e a lealdade dos colaboradores”, aponta Maria Eduarda Silveira, gerente de recrutamento da Robert Half.

Joana também ressalta que todos devem estar preparados para as novas mudanças e nova rotina, lembrando sempre que o normal de antes possa não existir mais.

“É verdade que algumas mudanças exigem muita energia e esforço cognitivo, porém é importante se perceber, ouvir nossas emoções e admitir que está na hora de procurar ajuda profissional”, finalizou a psicóloga.

Leia também nosso post relacionado sobre como o RH pode contribuir com a saúde emocional dos colaboradores.

 

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