Atravessar uma avenida movimentada durante 24 horas por dia e precisar prestar atenção em cada detalhe do entorno – esta pode ser a sensação de muitas empresas brasileiras no dia a dia ao mapear os riscos e oportunidades de seus negócios. Nessa toada, os seguros podem ser essenciais para garantir a continuidade da empresa em caso de imprevistos.
Além dos seguros tradicionais, como de saúde, de automóveis e de vida, há muitas opções que podem ajudar a proteger as companhias e não são muito conhecidas. Você sabia que há seguros que substituem depósitos judiciais em casos de processos trabalhistas, por exemplo? O Blog da Alelo conversou com especialistas para listar algumas possibilidades. Confira a seguir:

Um trabalho de gerenciamento de riscos

O primeiro passo para descobrir quais podem ser os seguros interessantes para o seu negócio é mapear os riscos eminentes da operação.
Segundo Robert Bittar, presidente da Escola de Negócios e Seguros (ENS), o gerenciamento de riscos vai muito além de pensar nos danos físicos que uma companhia pode sofrer. “Normalmente as pessoas atrelam riscos com catástrofes de grande porte, como incêndios e vendavais, mas o mapeamento de toda a operação ajuda a identificar potenciais causas de perdas, riscos e até oportunidades de melhoria”, diz.
Por meio de auditorias, especialistas em gestão de risco conseguem fazer um diagnóstico e ajudar a desenvolver projetos e soluções customizadas e aderentes a cada empresa e setor específico.
Por exemplo, os riscos em uma indústria com maquinário operante 24 horas por dia são diferentes dos de um e-commerce. “Em empresas que estão 100% o online, o risco cibernético é grande. Já as operações fabris têm riscos físicos mais comuns. No entanto, nenhuma frente pode ser descartada e qualquer falha pode culminar em problemas de difíceis soluções. Os riscos nunca se resumem a coisas óbvias e há seguros para cada um deles”, explica o especialista em seguros.

Seguro de responsabilidade civil vai além das catástrofes

No mundo dos negócios, não estar atento à responsabilidade civil empresarial pode trazer prejuízos financeiros gerados por condenações em ações judiciais. Toda empresa interage em algum nível com a sociedade, seja por meio de clientes ou fornecedores, e pode enfrentar situações que envolvam a necessidade de arcar com danos materiais ou morais. Mas afinal, como se preparar para isso?
Fernando Rosas, coordenador da área de Direito Bancário, Direito dos Mercados Financeiro e de Capitais e Investimento Estrangeiro do BVA Advogados, explica que a responsabilidade civil pode ser entendida como o dever de uma pessoa, ou sociedade empresarial, reparar danos de natureza civil por ela causados.
“A empresa pode ser responsabilizada quando comprovado o dano causado a outra pessoa. No entanto, a lei permite a responsabilização objetiva, sem necessidade do elemento culpa, em uma série de situações, como por exemplo em relações de consumo”, diz.
Na prática, a responsabilidade civil não trata apenas de eventos catastróficos de grande porte, como a queda da barragem de Brumadinho ou um acidente aéreo, por exemplo. Problemas na execução de uma festa contratada, na hora de transportar mercadoria, uma pessoa que escorrega em um ambiente de compras, um furto dentro de um estabelecimento, problemas em obras, no ambiente hospitalar ou qualquer tipo de contaminação ambiental podem ser considerados culpa da prestadora de serviços.
Em resumo, podem ser insumos para um processo judicial a existência de falhas na prestação de serviço, defeitos em projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de produtos, além de prestação de informações insuficientes ou inadequadas.
Segundo Renato Giovanni, mentor da Endeavor, organização global de apoio ao empreendedorismo, as empresas pensam muito na responsabilidade contratual que firmam com os clientes antes da execução dos serviços, mas muitas vezes se esquecem da responsabilidade extracontratual. “Não é fácil prever os atos da vida, as coisas que vão acontecer fora do controle, como um acidente e um imprevisto”, diz.
Ele enfatiza que muitas empresas ou profissionais autônomos acabam tendo os negócios inviabilizados por conta de processos de responsabilidade civil. “Um contador que erra na hora de emitir uma guia de pagamento alto de impostos, um pequeno estabelecimento que passa por um assalto aos seus clientes. São situações onde os valores das indenizações são desproporcionais a remuneração básica do negócio”, explica.
O executivo avalia que além do cuidado com os riscos conhecidos, há uma outra forma de proteger as operações e, consequentemente, os clientes. “Acredito que contratar um seguro de responsabilidade civil é um caminho indicado. Desta forma, a empresa ou mesmo o profissional autônomo garantem a continuidade do negócio e o cliente tem a garantia de ser ressarcido”, afirma.

Seguro garantia de depósito recursal preserva caixa das companhias

Mais de 50 mil processos trabalhistas vinculados a demissões por conta do coronavírus foram registrados nos últimos quatro meses. Além das despesas tradicionais, as empresas estão precisando dispor de um valor para depósitos recursais enquanto os processos tramitam na Justiça.
Também entendendo o cenário complicado, em março deste ano o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) liberou a substituição dos depósitos recursais em dinheiro por seguro garantia para que as empresas possam reforçar o caixa.
Empresários que possuem ações trabalhistas em andamento podem fazer o seguro garantia de depósito recursal e preservar o caixa da companhia. “Na prática, uma ação de R$ 10 mil que pode levar anos para ser solucionada pode ser paga com uma apólice que custa R$ 300 ou R$ 400. A empresa deixa de usar caixa para esse fim e pode direcionar os recursos para a expansão do negócio”, diz o diretor da Baroli Corretora de Seguros, Emerson Barbosa.
Uma outra opção que pode ser utilizada pelos empresários é a possibilidade de recuperar créditos por meio do seguro garantia de depósito recursal. Funciona assim: companhias que estão com ações trabalhistas em andamento e já depositaram quantias ao longo dos anos podem reaver esses valores ao contratar o seguro garantia para este fim. Desta forma é feita uma substituição dos valores pela apólice.
A estimativa do CNJ é que R$ 65 bilhões em recursos já depositados por empresas brasileiras que ainda aguardam os trâmites de processos trabalhistas possam ser revistos com o uso do seguro garantia de depósito recursal.
“Essa modalidade de seguro proporciona a troca rápida da apólice pela quantia em dinheiro que a empresa já depositou em juízo. Enquanto espera o desenrolar do processo, a companhia tem acesso ao valor e pode utilizar para fluxo de caixa”, explica Barbosa.
É importante destacar que cada área de atuação está exposta a riscos diferentes. Por isso, ter especialistas no assunto é fundamental e a eventual contratação de seguros para cada atividade pode ajudar a garantir o funcionamento da operação e ter respaldo financeiro em caso de necessidade.
Gostou do texto? Leia também nosso post sobre como gerenciamento de risco pode ajudar o negócio a prever e solucionar problemas.

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