Flexibilidade e mobilidade são duas palavras que têm proporcionado transformações no meio corporativo, especialmente após o distanciamento social exigido pela pandemia do Covid-19. Com o modelo de trabalho distribuído sendo apontado como tendência para os próximos anos, está na hora de avaliar as vantagens e possibilidades para a sua empresa.

Apesar do assunto estar mais contemporâneo do que nunca, o teletrabalho surgiu em meados dos anos 1980 e 1990 com a chegada de computadores pessoais ao mercado e o acesso à internet. A partir da evolução de aparelhos tecnológicos, especialmente de informática e telecomunicações, e a dependência cada vez maior deles, ficou notável que o ato de trabalhar poderia acontecer em qualquer lugar.

Não demorou nem uma década para que as pessoas em escritórios acabassem levando trabalho para casa também. Hoje a tarefa parece tão comum que nem é considerada uma inovação, embora com o surto de coronavírus tenha ganhado bastante força.

Ressurge o debate de que, na era da virtualidade, qualquer lugar torna-se viável para um escritório se formar. Em meados de 2.000 surgiram os primeiros coworkings, espaços coletivos de trabalho remoto, que oferecem infraestrutura suficiente para acolher uma pessoa ou uma equipe.

A alternativa para quem não quer ficar em casa ganhou bastante impulso nos últimos anos, até por ser mais econômico do que manter um edifício comercial ou escritório próprio em funcionamento.

“Trabalho remoto é um novo skill. Para a maioria de nós. Uma nova habilidade que só atinge seu potencial se passarmos a trabalhar de forma colaborativa — e isso não é tão simples quanto parece. Quando falamos de trabalho remoto, estamos apenas nos referindo ao fato de que o colaborador não precisa se deslocar até um local central de trabalho.” escreveu o consultor de inovação e especialista em user experience (UX) Daniel Bardusco.

A flexibilidade que o trabalho longe dos escritórios fixos oferece é um caminho sem volta e cada vez mais óbvio, visto que reflete na economia, qualidade de vida e produtividade de todos os envolvidos. Um artigo da revista Forbes indica que cerca de 70% dos millennials (geração Y, nascida entre 1981 e 1996) demandam mais autonomia, não vendo a necessidade de ir até a empresa para trabalhar.

Como funciona o trabalho distribuído

Dentro das ramificações do teletrabalho estão o home office, o trabalho remoto e o trabalho distribuído. Diferentemente dos demais, o último consiste em um modelo compartilhado, no qual companhias dividem os times ou colaboradores específicos em lugares distintos.

Por exemplo: uma empresa com sede em São Paulo terá equipes que poderão ser ou estar alocadas em diferentes locais físicos. Ou seja, o trabalho distribuído estará presente em Santa Catarina, no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, seja em coworkings, locais públicos ou em casa em dias determinados da semana.

É um meio bem comum para os chamados nômades digitais, pessoas sem endereço físico, que vivem viajando pelo mundo e mantêm o trabalho com os recursos digitais à mão. Tal conceito também é chamado de “anywhere office”, prática implementada na Alelo desde 2018.

Uma pesquisa do site Remote Year feita com 3.775 pessoas de diversos países mostra que 55% delas trabalham de forma totalmente remota e 43% estão parcialmente remotas. Outra observação constatada é que mais de 23% das empresas implementaram o trabalho distribuído.

Em 2018, um relatório apresentado pela Blueface já indicava que até 2025 o trabalho remoto será igual ou ultrapassará o trabalho de escritório fixo tradicional. Especialistas acreditam que a pandemia talvez acelere esse processo, mas isso apenas o futuro, mesmo que próximo, poderá afirmar.

Porém, apesar de até aqui não parecer ter tanta diferença com o trabalho remoto, o trabalho distribuído exige um planejamento específico para que funcione e seja vantajoso para a empresa. Abaixo estão algumas características que constam neste modelo:

  • Pensamento inovador: difícil pensar em trabalho distribuído sem ter a inovação como propulsora de mudanças. A empresa que vai expandir dessa maneira precisa deixar de lado os velhos costumes, se abrir para o novo e se renovar constantemente, à medida em que o mercado evolui. Estar atenta às tendências para implementá-las e melhorar os meios de produção tornam este modelo trabalhista não apenas possível como mais vantajoso. Contratar talentos de origem, geração e regiões distintas também acaba tirando a organização do lugar-comum.
  • Presença em mais de uma localização: um dos pilares do trabalho distribuído é a condição geográfica. A empresa pode ter um espaço físico fixo e outros “flutuantes”, podendo expandir seus horizontes nos negócios. Contratar equipes locais facilita o networking e a operação fica não apenas mais diversificada como também fortalecida em qualquer cidade onde atue.
  • Equipe em home office: a corporação com trabalho distribuído deposita confiança ao oferecer flexibilidade e autonomia aos funcionários. Assim, existe a liberdade de escolha para trabalhar de casa quando sentirem vontade ou necessidade.
  • Equipe em coworking: trabalhar longe dos colegas e no ambiente doméstico pode ser insustentável para algumas pessoas. O escritório compartilhado é oferecido como alternativa, pois dá ferramentas e infraestrutura suficiente para as tarefas serem realizadas com êxito, além de servir de ponto de encontro para reuniões ou entre os servidores que estejam na mesma localização.
  • Colaboradores em trânsito: como mobilidade é uma das palavras-chave do trabalho distribuído, é provável que a empresa terá um ou mais colaboradores móveis, que estão sempre viajando para cumprir tarefas “em campo” e ampliar a atuação da companhia. Geralmente se aplica às áreas de vendas, eventos, engenharia, manutenção e serviços.

Desafios do trabalho distribuído

Novos modelos de trabalho trazem novos desafios. Com o trabalho distribuído não é diferente. Numa era de intensa virtualidade, pode haver ruídos na equipe em termos de colaboração, compreensão e confiança.

As distâncias proporcionadas tanto pela pandemia quanto pelas equipes espalhadas acabam diminuindo o convívio, aumentando as responsabilidades e desafiando as pessoas na hora de se comunicar.

A comunicação pessoal é um dos principais pontos críticos. Segundo o artigo da revista Forbes, uma solicitação face a face se mostrou 35 vezes mais bem-sucedida em termos de aceitação ao ser comparada com o e-mail. Outro fato notado por um estudo social de psicologia é que as reuniões remotas geram, em média, 10 ideias, em comparação com as presenciais, que geram em média 13.

Uma das principais ferramentas do trabalho à distância são as videoconferências. Mas é preciso tomar cuidado para não gerar contatos excessivos, desnecessários e improdutivos, que podem surtir o efeito contrário: desmotivar o colaborador ao invés de engajar.

Para criar e estreitar vínculos, além de propagar a cultura empresarial, algumas organizações têm investido em planejamentos específicos, utilizando plataformas de gestão de tempo e equipe, implementando benefícios diferenciados e propondo encontros presenciais ao longo do ano.

A HashiCorp, sediada em São Francisco (EUA), complementa o contato ao organizar pequenos eventos — como um happy hour —  com cada setor da empresa, mantendo o grupo unido e confiante. Outra medida adotada foi a de criar um orçamento para distribuir entre as regiões de atuação, para que os colaboradores se encontrem pessoalmente para almoçar uma vez por mês.

Se você se interessou pelo modelo de trabalho distribuído e quer manter sua equipe produtiva e satisfeita, não deixe de conferir o post com 8 atitudes positivas para exercitar na rotina corporativa!

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