O conceito de mentoria reversa foi criado no final da década de 1990 pelo então presidente da General Eletric, Jack Welch, nos Estados Unidos. Originalmente, a ideia era que os jovens profissionais da companhia ensinassem os gestores a usar a internet.

Atualmente, a prática vem sendo usada por várias empresas com abordagens muito mais amplas. A oportunidade de os jovens compartilharem seus conhecimentos estão além de como usar as mídias digitais. Há espaço para conversas sobre comunicação, inovação, diversidade e inclusão.

Gerações diferentes estão dividindo o mesmo ambiente de trabalho. A mentoria reversa mostra que, independentemente do cargo que ocupam, todos os profissionais possuem experiências que contribuem para o crescimento da empresa como todo.

A quebra dos níveis hierárquicos, por meio dessas conversas, permite ao gestor se abrir para novos conceitos e ideias, enquanto o jovem mentor ganha um lugar de fala, onde fala por si como protagonista da sua própria história, das suas lutas e suas conquistas. Nessa dinâmica, a voz ganha um lugar social dentro das empresas.

É quando o gestor deixa os manuais e teorias de lado e se abre para entender a voz que vem do seu universo profissional, vem das pessoas que fazem a empresa. E nesse encontro, a troca contribui para mudanças culturais significativas.

Eu mesma, participei de nosso programa Unboxing e fui mentorada por um jovem de 22 anos que me fez enxergar o dia a dia dessa geração, além do meu ponto de vista. Mesmo como gestora na área de Recursos Humanos há muitos anos, acabo caindo em algum senso comum e participar dessa dinâmica me fez entender o que se passa na cabeça e no coração desses novos profissionais.

Quantas vezes não ouvimos dizer que, atualmente, os jovens só querem trabalhar por um propósito? Não que essa afirmação seja totalmente falsa, mas ao ouvir meu mentor, precisei dar um passo atrás e entender a pressão que como sociedade colocamos nessa geração. Eles já são bombardeados por muitos estímulos e falsas afirmações nas mídias sociais. Percebi como funcionam as bolhas sociais criadas na internet e como eles se sentem pressionados em participarem de uma vida cada vez mais competitiva e superficial, em que todo mundo se mostra feliz e instagramável. Ao mesmo tempo que compreendemos seus anseios, temos responsabilidade emocional em ajuda-los na trajetória real.

Ao escutar quem eu achava que só tinha o que ensinar, aprendi. A voz do meu mentor, que poderia ser de qualquer outro jovem dentro da empresa, me mostrou o cuidado ainda maior que precisamos ter, não só como companhia, mas como sociedade de ouvir o outro, dar espaço para que a troca de experiência aconteça de fato.

São novos tempos, é preciso discutir horizontalmente quais os impactos de tantas mudanças culturais e sociais que vivemos não só em casa ou na rua, mas também dentro das paredes da empresa. Assim como grandes empresas dizem aprender com as startups, precisamos furar a bolha e enxergar quais as expectativas dessa nova geração e como podemos caminhar juntos.

Há poder no falar e no ouvir e isso nos leva a construir uma empresa muito mais humana, inclusiva, diversa e inovadora.

*Por Soraya Bahde. Soraya é diretora de Gente e Transformação na Alelo. Formada em administração de empresas pelo Mackenzie, com especialização em Marketing, possui cerca de 15 anos de experiência em implementação de estratégias de recursos humanos e transformação cultural e de negócios.

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