Recentemente, a tradicional consultoria americana IDC FutureScape fez algumas previsões sobre a transformação digital no mundo. Até o fim de 2019, os assistentes e bots digitais pessoais executarão apenas 1% das transações, mas já influenciarão 10% delas. Dá pra imaginar robôs vendendo coisas sem nenhuma interação humana? Aos poucos, a tecnologia vai ganhando um espaço que jamais imaginaríamos há alguns anos, inclusive no RH onde algorítimos estão cada vez mais presentes e auxiliam nas decisões estratégicas. Afinal, como fica a gestão de pessoas e como humanizar o RH em tempos de processos de alta tecnologia?
A preocupação com o tema é tanta que a edição deste ano do CONARH (Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas), um dos maiores eventos sobre gestão de pessoas do mundo, que acontece em agosto, tratará justamente sobre a necessidade de humanização do RH.
Para Andre Ciello, especialista em metodologias corporativas, essa discussão é necessária mas não deve ser tratada com tanto medo. Segundo ele, o objetivo principal da automação não deve ser criar valor por si só, mas permitir otimizar o que já existe na companhias. “O principal objetivo do RH ao usar tecnologia deve ser digitalizar os processos e explorar dados. A transformação acontece depois disso, quando passamos a ter mais tempo para aproveitar as competências do ser humano”, avalia. O problema, é bem verdade, é que há risco de corte de pessoal e cada vez são procurados profissionais com habilidades estratégicas.
Os especialistas de recursos humanos concordam que a área está passando por uma transformação — e o uso da tecnologia ajuda a explicar grande parte dela. Ao invés de gente para atuar como auxiliar, carimbar aqui e arquivar ali, as empresas agora demandam pessoas com formação específica em pessoal, em gestão de talentos, em coaching e compreendimento integral de estratégia de negócio e do setor onde atua. E o mais importante: que estejam preocupadas — e focadas — com o fator humano.

“O desafio é que a cada dia precisamos aprender como fazer tudo mais rápido, mais barato e melhor do que fazíamos antes. Quem coordena esse movimento são as pessoas, incentivadas pelo RH”, diz Ciello.

Unir metas ousadas com humanização não é tarefa fácil. E essa é uma questão que já extrapola o RH — e vai até a saúde pública. Patch Adams, médico e ativista, mais conhecido por viajar o mundo visitando hospitais vestido de palhaço é um dos defensores da humanização nas empresas e afirma que esta é até uma questão de sanidade. Ele será um dos palestrantes do CONARH e defende que a área de Recursos Humanos assuma um papel estratégico nas organizações, formando líderes, equipes engajadas e comprometidas com os resultados de forma geral — mas tudo isso sem perder a essência dos indivíduos.
Mas afinal, será que é possível conciliar o poder dos algoritmos com o respeito a individualidade de cada colaborador?
Para Elena Jacob, consultora de RH, a mensagem principal é que as pessoas ainda são peças fundamentais em todos os processos. Ela defende que não há fórmula pronta para humanizar o RH, que pode até ser utópica. “É um desafio construir corporações humanizadas antes mesmo do uso massivo da tecnologia. Agora, que um algoritmo decide uma demissão, isso é ainda mais desafiador”, diz. Por isso, a consultora reforça que quem conseguir equalizar máquinas e homens terá um trunfo. “É preciso que sejam ações genuínas, não apenas para constar em um manual do funcionário”, diz.
Ela dá algumas dicas práticas para ajudar o RH a buscar esse norte mais humanizado. Confira a seguir:

  • Respeite a diversidade: Comece com coisas simples que são fundamentais para os funcionários. Por exemplo, use o nome de escolha da pessoa em crachás, crie iniciativas que demonstrem respeito aos funcionários e suas crenças e orientações, por exemplo;
  • Abra espaço para conversas: Incentive encontros entre lideranças e áreas diversas para que haja intercâmbio de informações e para que as pessoas confraternizem;
  • Comemore pequenas vitórias: Não espere fim de ciclos para celebrar avanços. Cada área pode se reunir para comemorar à medida que haja ganhos;
  • Ajude no equilíbrio de vida: Proponha atividades fora da empresa, como parcerias com clubes e academias. Incentive líderes a respeitarem o descanso das pessoas em horários fora do expediente
  • Crie grupos de afinidades: Abra possibilidades para que pessoas se unam por hobbies. Por exemplo, ceda espaço para clube do livro, aula de dança ou até mesmo um bazar.

Para a consultora, o tamanho de uma empresa não deve ser um fator limitante para a humanização do RH. “É uma desculpa dizer que uma companhia de grande porte não tem como humanizar as relações. As iniciativas devem ser estimuladas em cada área para que o todo seja alcançado”, diz. “Não dá mais para não considerar o impacto da subjetividade dos colaboradores nas decisões estratégicas em gestão de pessoas, por isso temos que falar sobre o tema”, finaliza.
Gostou do texto? Convidamos você a conhecer outros materiais criados aqui no Blog da Alelo como, por exemplo, esse texto que traz dicas sobre como o RH pode ajudar no cuidado com a saúde mental dos colaboradores.

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