Se a sua saúde mental está abalada e você tem sentido, com frequência, que a vida dos outros parece mais interessante, glamourosa e bem-sucedida do que a sua, saiba que isso é mais comum do que parece!
Nos últimos anos, a discussão sobre o impacto do celular e das redes sociais na qualidade de vida das pessoas ganhou destaque, afinal, índices de ansiedade, depressão e insatisfação com a própria vida dispararam.
Segundo o Panorama da Saúde Mental de 2024, 45% dos participantes consideram que as redes sociais afetam negativamente o bem-estar psicológico e, segundo 10% dessas pessoas, o impacto é extremamente negativo.
Toda essa situação resultou em iniciativas que convidam à reflexão sobre o impacto da vida online no dia a dia das pessoas. Entre elas, o podcast “De Saída — A Vida Fora da Internet”, estudos científicos e programas de bem-estar focados no tema. Vem com a gente entender mais!
Por que esse assunto é importante?
A saúde mental está diretamente ligada à qualidade de vida e ao bem-estar geral das pessoas.
Com o aumento do uso das redes sociais e da exposição constante a conteúdos que muitas vezes apresentam uma realidade distorcida ou idealizada, muitas pessoas têm desenvolvido sentimentos de inadequação, ansiedade e depressão.
Ainda segundo o “Panorama da Saúde Mental”, realizado pelo Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, jovens entre 16 e 24 anos são os mais afetados, com 15% dessa faixa etária relatando um impacto muito negativo em sua saúde mental e com mais da metade sentindo algum tipo de impacto negativo.
O estudo ainda indica que a exposição constante a comparações sociais, a busca por validação online e o medo de estar “por fora” dos acontecimentos são fatores que contribuem para o aumento do estresse e da insatisfação.
A partir dos dados apresentados, é possível afirmar que o uso excessivo de redes sociais está associado a uma piora na qualidade do sono, diminuição da autoestima e maior incidência de sentimentos de inadequação. Por exemplo, 14% dos entrevistados relataram sentir-se mal consigo mesmos após acessar as redes sociais, e outros 14% disseram sentir-se desconfortáveis com sua imagem corporal.
O problema não é exclusivamente brasileiro
Relatórios internacionais também reforçam a hipótese de que passar muito tempo nas redes sociais é um fator de diminuição da autoestima, além de, potencialmente, aumentar a sensação de solidão.
Um estudo publicado no Journal of Social and Clinical Psychology encontrou uma correlação direta entre o tempo gasto em redes sociais e sintomas de depressão e ansiedade.
Além disso, a luz azul dos dispositivos eletrônicos interfere no sono, o que impacta diretamente nosso humor e produtividade.
Uma pesquisa da Harvard Medical School explica como a exposição à luz azul antes de dormir pode atrapalhar o ciclo natural do sono.
Para o Dr. Charles A. Czeisler, professor de medicina do sono, “embora a luz azul emitida por dispositivos eletrônicos possa ter efeitos negativos no sono e na saúde, o problema não está no dispositivo em si, mas no uso excessivo e desregrado, especialmente antes de dormir”.
Como diminuir o impacto na saúdemental?
Que tal começar ficando alguns períodos offline? Essa pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a saúde mental, a partir da desconexão com o universo virtual e mais tempo para se dedicar ao “mundo real”.
Reduzir o tempo de tela, estabelecer limites saudáveis para o uso das redes sociais e dedicar mais tempo a atividades que promovam o bem-estar, como práticas esportivas, hobbies criativos e interações sociais presenciais, pode ajudar a mitigar os efeitos negativos da hiperconectividade.
Além disso, programas de bem-estar, psicoterapia, ioga, meditação e iniciativas que promovam a resiliência e a autoestima são essenciais para ajudar as pessoas a lidarem melhor com as pressões e expectativas geradas pelo ambiente digital.
Afinal, conforme dito no podcast “De saída”, dos jornalistas Chico Felitti e Beatriz Trevisan, “a gente vive em um mundo onde a conexão constante é vista como normal, mas isso pode ser muito prejudicial para a nossa saúde mental”.
O programa é focado em pessoas muito famosas da internet brasileira que, por diferentes motivos, todos relacionados à saúde mental, abandonaram a vida online para viverem o anonimato.
Como começar?
Dicas para um uso mais saudável:
- Estabeleça horários offline: reserve momentos do dia para ficar longe do celular, especialmente antes de dormir.
- Priorize conexões reais: invista em relações presenciais e atividades que não envolvam telas, como encontros com amigos para atividades culturais ou refeições em grupo.
- Use aplicativos de controle: ferramentas que monitoram o tempo de uso podem ajudar a criar consciência e limites. Tome ciência do tempo que você gasta nas telas e tente substituí-lo por hobbies e outras atividades.
- A vida online é um recorte: conseguir diferenciar o que é a realidade de recortes específicos também é essencial e, um psicólogo pode auxiliar nesse processo.
Ficar offline não significa abandonar a tecnologia, mas sim usá-la de forma consciente.
Como bem destacado no podcast, “a saúde mental é um bem precioso e precisamos cuidar dela com a mesma atenção que damos à nossa vida digital”.
Que tal começar hoje mesmo a repensar seu tempo online?
Para mais insights sobre o tema, confira aqui.