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Desvio de estoque ou no caixa, queda no faturamento, ausência de fornecedores ou matéria-prima são alguns dos riscos que podem afligir empresários do ramo da gastronomia. Estes e outros tipos de intercorrências, entretanto, podem ser previstos pelos planos de gerenciamento de risco, que devem ser criados na abertura do negócio. Ao antecipar os riscos e saber como trabalhar com eles, caso ocorram, o empreendedor tem mais condições de enfrentar os imprevistos que possam vir a surgir, amenizando assim os prejuízos do negócio.

A situação gerada pela pandemia do coronavírus, por exemplo, é atípica e sem precedentes e, logo, não podia ser prevista. Mas, se o negócio já estava preparado para outros cenários ruins, talvez, pudesse aplicar agora alguma das soluções apontadas em seu plano de gestão de risco.

De acordo com Robinson Sakata, professor de pós-graduação do Mackenzie e especialista em gerenciamento de projetos, qualquer evento pode ser pensado para preparar a empresa para responder melhor ao risco. As propostas de mitigação são aquelas feitas antes do risco ocorrer. Já quando a gestão de riscos é feita após o surgimento do problema, usa-se o termo contingência para referir-se à mesma.

O consultor explica que o risco é algo que sai do planejado, mas nem sempre é negativo. “Pode ser positivo também, quando há a oportunidade de algo sair melhor do que foi planejado. Empresas como Ifood e de produtos associados à saúde estão aproveitando o momento atual para transformar o negócio em novas oportunidades, eles podem se reinventar.”

Gerenciamento de Risco: Como planejar? 

O gerenciamento de risco compõe o plano de negócios que deve ser feito antes do estabelecimento ser aberto (veja abaixo os itens do passo a passo).

O documento deve conter informações sobre os riscos de negócios e operacionais, prever possíveis problemas como, por exemplo, desvio de estoque ou caixa, segundo Sakata.

“Mas não é comum que o pequeno ou médio empreendedor faça esse tipo de plano, pois acaba usando muito mais o feeling para gerir o negócio.”

Identifique pontos fortes e de melhorias 

Um plano de gestão de risco, exige primeiramente, segundo Sakata, a identificação dos pontos fortes e os outros que devem ser melhorados nos negócios.

“Uma mercearia que fica no meio de uma comunidade costuma ter giro alto porque tem como ponto forte a localização”, exemplifica.

Depois desse check-list, é necessário planejar respostas para cada risco identificado, que possam ser executadas antes e após um potencial problema. Ao ter esse diagnóstico, o empreendedor desenvolve uma clareza sobre quais áreas podem ser exploradas em momentos de crise. E quais outras não têm potencial para dar resultados.

Faça a análise financeira do seu negócio 

As finanças da empresa precisam ser enxergadas de forma clara. Especialistas lembram que há softwares disponíveis para ajudar nessa função, mas em último caso, é possível até organizar as contas em planilhas do Excel.

Receita, custos e despesas são alguns dos itens que devem fazer parte do mapeamento contábil. Essa análise é necessária para entender quais desses itens estão sujeitos a mudarem com uma crise, como é o caso da receita que pode vir a diminuir com a redução da demanda, explica João Hubert, diretor de marketing da UFMG Consultoria Junior, com sede em Minas Gerais. O segundo passo é entender como reverter a situação, com uma redução de gastos, por exemplo.

Para Hubert, o ciclo financeiro é uma maneira de enxergar as finanças de uma empresa, pensando nos períodos de recebimento (pagamentos parcelados, sazonalidade de compras, etc.) e períodos de pagamentos das obrigações.

“Com isso mapeado, é mais fácil entender quando você terá que possuir caixa para não ter que arcar com empréstimos bancários, e como formar esse caixa sem comprometer seu pró-labore e seus investimentos no empreendimento”, relata João.

Estabeleça parcerias

A quarentena decretada como forma de evitar a propagação do novo coronavírus obrigou vários estabelecimentos a fecharem as portas. Uma forma de continuar a faturar, nem que seja menos, e não perder principalmente estoques perecíveis é firmar parcerias com outros comerciantes.

As parcerias são uma resposta de contingência para esta crise, que poderiam estar previstas em planos de gerenciamento de risco. “Esse tipo de plano se feito de forma estruturada pode ser uma ferramenta positiva. Mas no caso das parcerias, por exemplo, o que percebo é que as pessoas estão fazendo como uma questão de sobrevivência”, explica Sakata.

Busque novos canais de venda e distribuição

O delivery virou um grande canal de venda da atualidade para estabelecimentos do ramo de alimentos e bebidas. Mas com o uso das redes sociais e um pouco de criatividade é possível ir mais além e, por exemplo, divulgar seu negócio e a possibilidade de entrega rápida, com os produtos higienizados, aos clientes.

Sakata, lembra dos movimentos nascidos espontaneamente para ajudar os pequenos empreendedores. Entre eles, a criação de listas que circulam na internet com os serviços e contatos disponíveis oferecidos em determinados bairros ou regiões de São Paulo. Vale a pena, de acordo com o especialista, repensar os preços até para que fiquem mais atrativos ao consumidor.

“Esse movimento de ajudar os pequenos me parece partir mais do público que consome do que do próprio empreendedor. É importante lembrar que o custo pode ser menor do que a perda da venda. Melhor vender a preço de custo do que não vender, nem que consuma um pouco do lucro.”

Para João Hubert, é importante entender como está o funcionamento do mercado e como se adaptar a ele, elencando novas formas de venda e analisando como a performance atual irá impactar no futuro. “Assim será possível pensar em medidas para o final da crise que irão garantir o funcionamento da empresa.”

Veja abaixo como criar um plano de gerenciamento de risco, elaborado pelo especialista Robinson Sakata:

gestão de risco

  1. Identifique os riscos: entenda as causas, eventos e o impacto no seu cenário.
  2. Priorize: em uma escala de um a dez atribua uma nota para a chance do risco acontecer (probabilidade) e as consequências para seu negócio (impacto). Lembrando que o nível do risco é igual à probabilidade versus impacto.
  3. Planeje respostas: lembrando que a hipótese de número 1 é a mitigação, ou seja, estratégia para que o risco não aconteça ou diminua as chances de acontecer. A hipótese de número 2 é a contingência, ou seja, o que pode ser feito para reduzir o impacto, caso o risco aconteça.
  4. Controle os riscos: é importante frisar que os planos podem mudar. Então é necessário revisar continuamente os riscos seguindo os passos 1, 2 e 3.

Conheça outros conteúdos aqui do Blog da Alelo onde abordamos o empreendedorismo e a gestão de negócios.

 

 

 

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