O Brasil possui cerca de 45 milhões de pessoas com alguma deficiência (PcDs), segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. E este ano, a Lei 10.048 que dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência física completa 22 anos, mas ainda há muito o que fazer para facilitar o dia a dia desses consumidores.
Ter um negócio adaptado às pessoas com deficiência não é modismo ou apenas uma obrigação legal. É responsabilidade social das empresas e um direito das PcDs.
Como todo indivíduo, PcDs têm necessidades e precisam consumir produtos e serviços para supri-las, além de trabalhar, estudar, consumir cultura, se divertir e ocupar espaços públicos.
Saiba quais são demandas desse público e adapte seu estabelecimento. Para isso, preparamos 4 dicas sobre como tornar seu negócio mais inclusivo:
1. Pense na acessibilidade do seu negócio aos PcDs
Acessibilidade, de acordo com Convenção Internacional Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela ONU e reafirmada pelo Decreto Federal n° 6.949 de 25 de agosto de 2009, tem significado de vida independente, de participação plena e acesso em igualdade de oportunidades.
Uma definição semelhante do termo Acessibilidade também aparece na ABNT NBR 9050:2004, que rege o conjunto de normas para reformar e adaptar estabelecimentos comerciais visando garantir aspectos como alcance, percepção e entendimento para utilizar com segurança e autonomia edificações, espaços, mobiliário, equipamento urbano e objetos.
Elimine barreiras físicas
Faça uma análise de seu estabelecimento e veja se a locomoção é possível para quem possui alguma deficiência física. Há rampas ou elevadores que possibilitem a circulação fácil de pessoas em cadeiras de rodas? E banheiros adaptados? E o espaço entre mesas? É o suficiente para uma pessoa com deficiência locomotora passar por ali ou é preciso ampliar a distância?
Caso a resposta seja “não” para alguma destas perguntas, veja como fazer as adaptações e fique atento com alturas de rampas e peças como vasos sanitários, que devem ser de modelos adequados para PcDs.
Adequar a estrutura do seu estabelecimento é primordial para receber pessoas com deficiência física. Evite degraus e deixe espaço para circulação entre as mesas e cadeiras. Fique atento também à obrigatoriedade em relação ao estabelecimento, sinalização, acessórios e às barras de apoio em sanitários.
Outra adaptação importante é garantir que avisos sonoros, como a voz do elevador que informa o número do andar, estejam funcionando. Eles atuam como orientação e advertência para garantir que pessoas com deficiência visual também consigam se locomover com segurança.
Se quiser saber mais sobre as regras para tornar seu empreendimento acessível, o Sebrae disponibiliza uma cartilha com orientações e dicas.
2. Foque no atendimento especial para PcDs
Quando tiver um cliente com deficiência, pergunte como ele prefere ser atendido, evite constrangimentos. Fique por perto, mas respeite a autonomia e o deixe confortável e seguro.
No caso de cadeirantes, é importante ficar de frente e no mesmo nível do olhar quando for atendê-lo. Acompanhe o passo das pessoas com mobilidade reduzida. Se achar que elas estão com dificuldades, ofereça ajuda.
Ao acompanhar um cliente cego, seja objetivo ao explicar as direções. Ofereça o braço ou o ombro. Caminhe na frente da pessoa e não a deixe falando sozinha.
Em lugares públicos é obrigatório ter serviços de atendimento para pessoas com deficiência auditiva (intérpretes ou pessoas capacitadas em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Mas sabemos que em um estabelecimento comercial isso pode ser mais difícil, então, se receber um cliente com deficiência auditiva, procure falar devagar e no tom normal de voz, facilitando a leitura labial. Se necessário, ofereça papel e caneta para facilitar a comunicação.
Proporcionar clareza de informações é tão crucial quanto a adaptação das instalações físicas do seu negócio. Interaja com mais frequência, avise o que está por vir e certifique-se que as dúvidas sejam sanadas.
Treine sua equipe
Comece treinando seus vendedores, atendentes e os demais prestadores de serviços para interagirem com PcDs. Conte com a ajuda de consultorias especializadas, se for o caso, para estabelecer os padrões compatíveis com as necessidades especiais.
É preciso que todos entendam os direitos e características desses consumidores. Como a entrada autorizada de cães-guias, junto a deficientes visuais, em qualquer lugar e a importância de não distrair o animal com carinhos ou brincadeiras.
O treinamento das equipes de atendimento deve ser focado no desenvolvimento de habilidades de liderança, empatia e, especialmente, de colaboração.
Entrada de cães-guias
Caso a pessoa tenha alguma deficiência visual e tenha um cão-guia para ajudá-la, oriente toda a sua equipe sobre a permissão para que os animais entrem no estabelecimento, e, também, para que ninguém brinque com o cachorro. Lembre-se que o animal está trabalhando, e brincadeiras e carinhos podem distraí-lo e causar algum incidente.
5. Preste atenção na comunicação
As PcDs não enfrentam dificuldades só com problemas de acesso. Até para consumir informações há barreiras. Propagandas e muitos sites na internet, por exemplo, não são adaptados para pessoas com baixa acuidade visual.
Sua loja virtual precisa ter acessibilidade. Assim como em espaços físicos, seu canal de vendas na internet deve permitir à pessoa com deficiência (e pessoas idosas): perceber, entender, navegar, interagir e contribuir para a web.
Não basta ter apenas um bom contraste entre a cor do texto e o fundo, sua equipe técnica de desenvolvedores deve levar em conta inserir elemento “alt” nas imagens (conhecido como texto alternativo para a imagem), elemento “label” em campos de preenchimento de formulário para situar o usuário, navegação lógica via setas do teclado, repetição de informações importantes em diferentes partes da página, dentre outros aspectos que tornam a navegação muito mais acessível.
Por exemplo, aqui no Blog da Alelo e também no site, você encontra um recurso de acessibilidade focado em deficientes auditivos. Ué, mas o deficiente auditivo não pode ler?
Pode sim, mas 80% das pessoas surdas no planeta não são fluentes na linguagem escrita. Por isso, esta ferramenta traduz as palavras para Libras, a linguagem de sinais. Legal, né?
6. Contrate PcDs
Cuidado com o “capacitismo”, ou seja, subestimar a capacidade das pessoas com deficiência.
Acessibilidade também inclui combater barreiras como o preconceito e, para isso, o melhor caminho é ter diversidade no seu quadro de funcionários. Crie vagas afirmativas e prepare-se para o recrutamento e seleção.
É fundamental entender que o candidato com deficiência deve ser avaliado com base em seus talentos profissionais, e não a partir de suas dificuldades.
Além disso, garanta que o profissional seja acolhido em sua equipe. Comunique a todos sobre a política de inclusão da empresa e as ações para garantir acessibilidade, de forma a incentivar boas relações interpessoais no time.
A adoção dessas medidas pode ser um importante primeiro passo para garantir uma sociedade mais inclusiva, o que gera benefícios para todos, inclusive para os seus negócios.