O ambiente corporativo é um dos espaços em que passamos grande parte do nosso dia, e, inevitavelmente, amizades no trabalho passam a existir ao longo do tempo.

Essas relações podem ser fonte de apoio, motivação e até impulsionar o crescimento profissional.

Segundo o Índice de Confiança do Trabalhador do LinkedIn, mais da metade dos brasileiros (55%) afirmam ter um ou mais amigos próximos no trabalho, mas apenas 35% consideram esses laços como algo necessário para o desempenho profissional.

No entanto, a influência dessas conexões vai além do companheirismo, podendo interferir na saúde mental e na tomada de decisões profissionais, além de ter um impacto importante em momentos de vulnerabilidade emocional.

Bora falar sobre isso?

Os limites da amizade no trabalho

Apesar de benéficas, porque promovem um clima organizacional mais leve, aumentam a colaboração e a motivação, as amizades no trabalho exigem limites claros. 

O ambiente corporativo é regido por hierarquias, metas e responsabilidades que podem ser prejudicados se as relações pessoais ultrapassarem as barreiras do profissionalismo. 

Imagine um gestor que mantém uma amizade muito próxima com um subordinado: ainda que sem intenção, ele pode acabar favorecendo esse colaborador em promoções, distribuir tarefas mais interessantes para ele ou ignorar falhas em seu desempenho. Isso pode gerar, a longo prazo, conflitos de interesse, decisões parciais e favorecimentos injustos, minando a confiança da equipe.

Mas, se houver maturidade, responsabilidade e limites bem estabelecidos entre vida pessoal e profissional, esse vínculo não é um problema.

Outro risco é a formação de “panelinhas”, grupos fechados que excluem outros colegas, criando um ambiente tóxico. Um exemplo disso pode ser observado quando alguns colaboradores sempre almoçam juntos, compartilham informações apenas entre si ou fazem brincadeiras internas que marginalizam os demais. Isso pode levar à desmotivação dos colegas e até ao aumento de turnover.

Por isso, é importante frisar que sim, é possível cultivar amizades no trabalho, mas sempre com equilíbrio, mantendo o respeito às normas da empresa, à imparcialidade e incluindo de todos os colegas, evitando que relações pessoais interfiram negativamente no clima organizacional e na produtividade.

Amigos podem influenciar ou normalizar comportamentos?

Geralmente, amigos têm grande poder de influência sobre nossas atitudes e percepções. No trabalho, isso pode ser positivo, como incentivar a busca por novos desafios ou apoiar em momentos difíceis. 

Por outro lado, amizades podem também normalizar comportamentos inadequados, como procrastinação, reclamações excessivas ou até práticas antiéticas. 

Segundo a hipótese do pertencimento, a necessidade fundamental de formar e manter laços interpessoais positivos faz com que os indivíduos estejam dispostos a modificar seus comportamentos, atitudes ou opiniões, mesmo que isso signifique agir de maneira diferente do que fariam individualmente, apenas para garantir a aceitação e a integração ao grupo.

Amizade x Influência x Bets

Para exemplificar o poder de influência dos amigos no nosso comportamento, vamos utilizar um fenômeno recente: o poder da indicação de pessoas próximas na introdução de novos hábitos ou experiências, como ao mundo das “bets”, que já virou uma questão institucional para muitas empresas.

Dados mostram a influência das amizades no início das apostas. Uma pesquisa realizada pela Hibou em agosto de 2024 revelou que a recomendação de amigos e familiares é um dos principais fatores para a escolha da casa de apostas: 32% dos apostadores apontaram a influência de amigos e familiares como determinante para começarem a apostar ou escolherem onde apostar.

Isso evidencia como laços pessoais podem superar até mesmo critérios racionais na hora de tomar uma decisão. 

Além disso, a pesquisa destaca que a influência social, seja por diversão, desejo de ganho financeiro ou por pressão do círculo de amizades, é um dos motores do crescimento das apostas esportivas no Brasil, especialmente entre os mais jovens.

Vale reforçar que a confiança emocional (amigos) e a confiança racional (licenças, regulamentação) precisam andar juntas para escolhas mais seguras.

Existe alguma norma para proteger trabalhadores psiquicamente vulneráveis de influências prejudiciais?

A Norma Regulamentadora n.º 1 (NR-1), recentemente atualizada, estabelece diretrizes claras para a proteção da saúde mental dos trabalhadores, incluindo aqueles psiquicamente vulneráveis a influências prejudiciais no ambiente de trabalho. 

A partir de maio de 2025, a NR-1 recomenda que empresas identifiquem, avaliem e gerenciem riscos psicossociais, como assédio, sobrecarga, conflitos interpessoais e pressão por resultados, integrando esses fatores ao Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (PGR). 

Isso significa que, além de proteger a integridade física dos colaboradores, as organizações são instruídas a adotar medidas preventivas e corretivas para promover o bem-estar psicológico, criar canais de escuta ativa e oferecer apoio institucionalizado aos colaboradores, especialmente àqueles mais suscetíveis a adoecimento mental ou influências negativas. 

Dessa forma, a NR-1 funciona como uma norma estruturante, garantindo que ambientes de trabalho contemplem a prevenção de danos à saúde mental e promovam um espaço mais saudável e inclusivo para todos.

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Até onde uma amizade no trabalho é saudável?

O equilíbrio é a chave para uma amizade saudável no trabalho. O ideal é que essas relações promovam ajuda mútua, crescimento e bem-estar, sem ultrapassar os limites do respeito, da ética e da individualidade. 

É fundamental reconhecer quando a influência do outro está prejudicando sua saúde mental ou levando a decisões que você normalmente não tomaria. 

O diálogo aberto, o autoconhecimento e a busca por ajuda profissional, quando necessário, são essenciais para manter relações saudáveis e produtivas no mundo corporativo, principalmente em períodos de estresse ou questões pessoais que acabam afetando a vida profissional.

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