Chegado o dia 8 de março, as marcas costumam buscar a melhor forma de homenagear o dia da mulher. Acontece que nos últimos anos algumas empresas não foram perdoadas pelo “Tribunal da Internet”.

O primeiro passo é entender o significado da data. Afinal, trata-se de uma data para relembrar a luta das mulheres por igualdade de direitos, em especial nas condições de trabalho. Porém, a data também marca outros direitos que vão além da igualdade de salários e oportunidades de trabalho, sendo a data lembrada no combate à violência contra a mulher e lembrando o movimento sufragista (reivindicação dos direitos políticos da mulher, em votar e ser votada).

Tendo isso em mente, temos que pensar muito bem quando relacionamos o dia da mulher com qualquer tarefa doméstica. Limpeza e cozinha são temas delicados, pois são diretamente relacionados à desigualdade de direitos entre homem e mulher nas relações sociais. Isso quer dizer que são temas proibidos? Não, mas requer o cuidado de tratá-los sob a luz da emancipação feminina.

Pelos mesmos motivos, é melhor evitar a valorização da mulher somente pela maternidade. Detalhe para a palavra “somente”. Se estamos falando de uma data que lembra as mulheres em busca de igualdade no trabalho, e a partir disso outros tantos direitos, reduzir a mulher ao seu lugar (e muitas vezes função) de mãe é considerado insensível.

Não é demais lembrar que valorizar as mulheres por suas “qualidades femininas”, tais como beleza, delicadeza, sensibilidade etc, também representa uma visão reducionista, uma vez que não respeita a diversidade das personalidades. Nem toda mulher é (e nem precisa ser) delicada ou sensível. Já a questão da beleza, entramos numa seara bastante complexa.

Vale lembrar que não existe nada errado em buscar o conforto com a própria aparência e autoestima. Inclusive faz muito bem. Porém, dentro de nossa construção social, muitas vezes os padrões estéticos que as mulheres enfrentam são considerados irreais e injustos, o que significa o efeito oposto, o desconforto e problemas de autoestima.

Vamos dar um exemplo interessante, você sabe qual é a diferença salarial entre homens e mulheres? Em média falamos de 30%, mas existem levantamentos que mostram que dependendo do nível de formação esse número chega a 63,98% e 47,24%. Você quer oferecer um desconto no dia da mulher? Escolher um número como esses e oferecer um desconto para marcar a data pode ajudar a dar visibilidade a uma marca que quer se relacionar com o tema. Mas é importante, esteja certo de que as práticas internas de sua empresa também buscam a igualdade.

Você sabia que historicamente produtos femininos são mais caros que os produtos masculinos? Um desodorante, barbeador, sabonete, por exemplo, cujas características são praticamente as mesmas (por exceção da cor), vestuário e brinquedos (nem as crianças escapam) são outros exemplos claros, mas não se limitam somente a estes. Ora, a mulher recebe menos e gasta mais? Não está na hora da sua marca repensar isso também?

Falando de cores, também lembramos de outros símbolos “tipicamente femininos” como flores e corações, que costumam ser atrelados à data por algumas marcas. Pense que nesse contexto é interessante repensar a comunicação. Use suas próprias cores, agregue a diversidade a seu relacionamento com o público feminino de sua marca. Isso demonstra respeito e empatia aos temas relacionados ao Dia da Mulher.

Outro ponto que não podemos esquecer, o Dia da Mulher não é uma data para ser festejada, mas sim lembrada. É por isso que, a depender do contexto, parabenizar as mulheres pelo seu dia também pode ser um equívoco. Uma marca sintonizada com a luta das mulheres faz muito bem em tratar o dia como uma oportunidade de reflexão.

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