As ações voltadas para o bem-estar dos colaboradores foram debatidas no painel “Gestão de pessoas: desafios, perspectivas e ações na visão dos CEOs”

As maneiras de maximizar o desempenho, o desenvolvimento e o bem-estar dos colaboradores dentro de uma organização é o que se abordou no painel “Gestão de pessoas: desafios, perspectivas e ações na visão dos CEOs”, realizado na tarde do segundo dia de CONARH 2024.

O debate reuniu a CEO do LinkedIn, Ana Claudia Plihal; o Presidente Executivo da Fundação Dom Cabral, Antônio Batista da Silva Júnior; a CEO da Nossa Praia, autora e finalista do Prêmio Jabuti, Dilma Campos, e o Chairman do Grupo Bernardo da Costa e pessoa mais influente do LinkedIn Portugal, Ricardo Costa.

Para Antônio, as empresas no século XXI vão além de ser um agente de produção econômica, sendo também um agente de bem-estar social. E essa mudança de responsabilidade da corporação faz com que haja uma transformação significativa na gestão de pessoas, atração de talentos e retenção.

“Só sobreviverão as empresas que a sociedade entender que possuem legitimidade social. As que não conseguirem esse feito, estarão fadadas à falência e ao esquecimento”, explicou.

Já Ana Cláudia avaliou que houve poucas mudanças na busca do equilíbrio ideal entre custo e eficiência nas empresas brasileiras. “O grande desafio do CEO é como lidar com essa equação em um mundo que muda constantemente e rapidamente”, analisou.

“Hoje, por exemplo, o consumidor cobra posicionamento das empresas sobre pautas importantes para a sociedade. E é preciso conseguir equilibrar isso com o seu consumidor, com o posicionamento da empresa e com os colaboradores. Então, você começa a ter no seu escopo, elementos que antes não eram discutidos, mas que hoje são extremamente relevantes e podem alavancar ou prejudicar a sua empresa”, disse.

Desafios além da gestão

Também é tarefa do CEO avaliar se a empresa possui mão de obra qualificada e adequada para lidar com todas as mudanças comportamentais e tecnológicas do setor, ressaltou Ana Cláudia. “Sempre equilibrando a equação de custo e eficiência.”

O Chairman do Grupo Bernardo da Costa, Ricardo Costa explicou que os CEOs têm desafios que vão muito além da gestão do negócio ou de pessoas, mas tudo o que acontece globalmente afeta as empresas.

“Atualmente temos regiões em conflito e países em embates econômicos e tecnológicos. Isso pode afetar matérias-primas, o custo do petróleo, o custo da energia e outras vertentes que precisam ser pensadas pelo CEO”, disse.

Ricardo Costa explicou que existem hoje dois tipos de liderança intermediária fundamentais para auxiliar no fortalecimento da cultura e das metas: há os líderes que conquistaram esse espaço por tempo de casa e os que ocupam essa cadeira graças a suas competências.

“O perfil mais comum de líderes antigos é ser mais tradicional e com um forte alinhamento à cultura da empresa. E dos líderes por competência, que normalmente tem uma cultura diferente, mas possui um perfil mais flexível e aberto”, definiu.

“E a tarefa do CEO dentro desse contexto é conseguir trabalhar em conjunto com esses diferentes perfis, e assim construir uma cultura alinhada e equipes que trabalhem em prol de um mesmo tema, compartilhando os mesmos ideais profissionais”, continuou Ricardo.

Diversidade geracional

Já Dilma Costa ressaltou que é preciso entender que hoje em dia as equipes são formadas por pessoas de diferentes gerações e a gestão precisa ser pensada nesse sentido.

“Atualmente, as pessoas vivem muito mais, então é normal que pessoas mais velhas continuem atuantes no mercado. Para a empresa, é extremamente importante ter equipes diversas e que consigam trabalhar juntas para maximizar a inovação e construir um olhar diverso”, disse.

Ana Claudia Plihal também argumentou que as diferenças geracionais podem ser acompanhadas via LinkedIn.

“Dentro das características mais marcantes podemos notar o exemplo da geração Z, que possui muito mais senso crítico e preocupação com bem-estar e qualidade de vida em relação a outras gerações que estão há mais tempo inseridas no mercado. Esses jovens se posicionam, impõem limites e estabelecem condições que se adequam a eles ou não”, considerou.

Ainda sobre o tema mudança geracional, Ana Claudia afirmou que é possível notar uma tendência entre as diferentes gerações relacionadas ao aprendizado, com pessoas da Geração Z enxergando nos mais velhos, os chamados “Baby boomers”, uma oportunidade de mentoria e aprendizado.

“Há um respeito mútuo entre essas pessoas, que reconhecem o valor de diferentes gerações como multiplicadores de conhecimento. Temos trabalhado, por exemplo, a questão da IA com pessoas mais velhas e, comparando com as pessoas mais novas, os mais velhos fazem perguntas ou comandos muito mais assertivos, porque eles já possuem uma bagagem extensa e sabem como se comunicar”, analisou a CEO do LinkedIn.

 ESG na construção da cultura corporativa

Dilma Costa também falou sobre a prática ESG – sigla em inglês que significa Meio Ambiente (Environment), Social (Social) e Governança (Governance) –, explicando que essa é uma abordagem cada vez mais importante para a construção e a definição da cultura corporativa.

A participante do painel criticou o fato que recentemente algumas empresas de tecnologia americanas fecharam seus departamentos de ESG, com a alegação que essa já é uma prática inserida na cultura organizacional, e que não precisa continuar sendo operada como uma prática à parte do negócio. Para ela, essa avaliação é equivocada.

“O que acontece é que quando surge um tema que diz que a sociedade precisa mudar, como o ESG, surge quem se opõe à ideia inicial. Um exemplo da importância do ESG é a crise climática. Iniciativas de sustentabilidade realmente não precisam mais ser uma pauta, porque o problema já foi resolvido ou as empresas realmente estão adotando práticas efetivas para lidar com a crise climática?”, questionou.

Ela também fez ressalvas sobre como determinados conceitos são utilizados pelas empresas no Brasil. Ela explicou que, recentemente, houve um movimento de desmonte das equipes de diversidade. A alegação foi que isso já estava incluído nas iniciativas de ESG e na cultura da empresa, mas que os números, de acordo com ela, não comprovam isso.

“O que os dados reforçam é que as empresas com mais inovação e que possuem os melhores resultados são aquelas que investem e trabalham mais a diversidade e a inclusão e, com diversidade, falamos sobre culturas, etnias, nacionalidades, gerações, etc.”, afirmou.

Departamento da Felicidade

Autor de um livro sobre felicidade, Ricardo foi responsável por criar um “Departamento da Felicidade” – o primeiro de Portugal – em sua empresa. A ideia, segundo ele, surgiu depois de uma viagem a Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, pois existe por lá o Ministério da Felicidade.

“Então pensei: ‘se um país pode ter um ministério para isso, porque minha empresa não pode ter?’. É importante ter em mente que o Departamento da Felicidade só funciona se a corporação já tiver uma cultura que valoriza as pessoas e promove a saúde, segurança, bem-estar e o equilíbrio entre vida pessoal, profissional e familiar”, explicou.

“Um grande erro dos líderes é achar que sabem o que as pessoas querem, mas na verdade, precisamos perguntar isso para as pessoas. No Departamento da Felicidade da minha empresa, perguntamos aos nossos profissionais como eles se sentem e como se veem na corporação a longo prazo, mas perguntamos isso com o objetivo de melhorar nossa cultura”, continuou.

Ricardo Costa explicou que o grande objetivo do departamento é fazer com que as pessoas se sintam bem, a partir de quatro pilares: 

·         Simplicidade: “na empresa não complicamos as coisas e nem tornamos o trabalho ou os relatórios complexos, fazemos as coisas de forma simples, produtivas e assertivas”;

·         Liberdade: “é a maior conquista do ser humano, nós sentimos, pensamos e dizemos a mesma coisa ao mesmo tempo, é o que diferencia uma empresa de sucesso de outras empresas”;

·         Inovar: “maximiza a produtividade, facilita o trabalho e melhora os serviços e produtos oferecidos pela empresa”;

·         Mudança: “a mudança vai acontecer, as pessoas gostam da mudança mas não gostam de mudar, mas líderes que conseguem lidar com mudanças, fazem com que as equipes prosperem”.

Comunicação assertiva

Para o Chairman do Grupo Bernardo da Costa o maior problema das empresas é a comunicação.  Segundo ele, conseguir estabelecer uma comunicação assertiva, que funciona e que é aberta e sincera, faz com que todos estejam alinhados e garante a empresa transparência.

“Vejo que em Portugal e no resto do mundo, a comunicação interna não é efetiva, os líderes e equipes não são claros e as informações são dadas e recebidas pela metade. Isso prejudica a corporação e os resultados de todos”, completou.

A 50° edição do CONARH será realizada até o dia 29 de agosto, de forma presencial, no São Paulo Expo, em São Paulo (SP).Para saber mais o que está rolando no CONARH, entre para a Comunidade Alelo Point.

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