A escala de trabalho 6×1 é uma configuração bastante comum em diversas empresas, especialmente aquelas que precisam manter operações contínuas, como: hospitais, portarias, shoppings, padarias, etc.
A lista é longa, afinal, cada vez mais os consumidores buscam conveniência e disponibilidade de serviços, e em resposta, os empresários adotam horários de funcionamento estendidos.
Mas se de um lado o regime de horas funciona muito bem, do lado dos trabalhadores a opinião é um pouco diferente. Afinal, folgar apenas 1 dia por semana pode ser bastante cansativo!
Por esse motivo, existe uma mobilização de apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) que reduziria a jornada de trabalho legal no Brasil para 36 horas por semana.
Vamos entender o assunto?
O que é a escala 6×1?
A escala 6×1 é uma jornada de trabalho em que o funcionário tem a seguinte dinâmica: trabalha seis dias consecutivos e, após esse período, descansa um dia. Essa configuração é especialmente utilizada em setores que operam 24 horas por dia, como hospitais, hotéis e indústrias. O objetivo é garantir que haja sempre mão de obra disponível para atender a demanda.
Como funciona a escala 6×1?
A jornada de trabalho é distribuída ao longo de seis dias, totalizando 44 horas semanais, conforme a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Um exemplo de como isso funciona na prática seria trabalhar de segunda a sábado e folgar aos domingos.
Por que a escala 6×1 está sendo questionada?
Aqui estão alguns dos principais pontos:
- Exaustão física e mental: trabalhar por seis dias consecutivos pode levar a um acúmulo de estresse e fadiga, já que muitos colaboradores não conseguem descansar adequadamente entre as jornadas.
- Desbalanceamento na vida pessoal: a rotina intensa pode prejudicar a vida social e familiar do trabalhador, dificultando momentos importantes de lazer e convivência.
- Baixa satisfação profissional: a falta de flexibilidade na jornada de trabalho pode resultar em descontentamento e queda na motivação, afetando a produtividade.
A mudança que está em pauta
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Hilton não pretende apenas acabar com a escala 6×1, mas implementar no Brasil uma semana de trabalho de quatro dias por semana , também conhecida como escala 4×3 (quatro dias de trabalho, com três dias de descanso).
O texto defende uma mudança na jornada de trabalho brasileira, com “duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 36 horas semanais, com jornada de trabalho de 4 dias por semana, facultada a compensação de horários e a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.
O movimento, apesar de ter o apoio de muitos trabalhadores, gera muitas discussões do lado dos empregadores.
Como funciona a escala de trabalho mundo afora?
No exterior a escala 4×3 também não se popularizou ainda. Mas já existe um movimento de teste do modelo, conduzido principalmente pela 4 Day Week Global, uma organização sem fins lucrativos que ajuda empresas, governos e indivíduos a adotarem uma semana de trabalho de quatro dias. E olha que eles já realizaram vários pilotos pelo mundo.
Alguns resultados dos programas piloto da 4 Day Week Global incluem:
- 66% dos participantes relataram uma redução no burnout
- 83% das empresas acharam mais fácil atrair talentos
- 32% de redução nas demissões de funcionários
- Aumento de receita em relação ao ano anterior
- Mais de 90% das empresas que participaram dos pilotos continuam com a semana de 4 dias
Contudo, apenas dois países, Bélgica e Chile, deram passos mais concretos em direção à jornada de quatro dias por semana.
Na Bélgica, o primeiro país da Europa a legislar sobre o assunto, os trabalhadores ganharam em fevereiro de 2022 o direito de realizar uma semana de trabalho completa em quatro dias em vez de cinco, sem perda de salário.
No entanto, os belgas não têm a opção de trabalhar menos horas por semana. A lei permite apenas que eles condensem a carga horária semanal em menos dias — o que para muitos significa quatro dias com 9,5 horas de trabalho.
Já no Chile, a lei permite a semana de trabalho de quatro dias desde 2017. No entanto, é preciso haver um acordo entre empregadores e sindicatos que representem mais de 30% dos trabalhadores da empresa.
Aqui no Brasil, com as discussões em andamento sobre a possibilidade de novas regulamentações, é fundamental que tanto empresas quanto trabalhadores se mantenham informados e engajados nesse debate.
A mudança na jornada de trabalho não é apenas uma questão de legislação, mas é uma oportunidade de promover um ambiente mais saudável e produtivo, alinhando as necessidades das empresas com o bem-estar dos seus profissionais.