Em um mundo cada vez mais digital, seria inevitável ter mulheres na tecnologia fazendo a diferença. Embora a presença ainda seja tímida no setor, o público feminino vem quebrando barreiras e o preconceito, conquistando espaço no mercado e pautando novas iniciativas.

Uma das coisas mais comuns já relatadas pelas mulheres era a falta de semelhantes em salas de aula nas áreas de ciência da computação, por exemplo. Com o sentimento de não-pertencimento aflorado e a falta de incentivo, muitas delas infelizmente largam o curso pela metade.

Embora exista o lado autoditada, a formação acadêmica dá o suporte necessário para o exercício de muitas profissões. Está em queda o número de matrículas femininas nos últimos anos, percentualmente reduziu de 34,89% para apenas 15,53% no Brasil, segundo relatório do site Netsupport. Tal levantamento vai na contramão do setor, que nunca esteve tão aquecido quanto agora. Os cursos de tecnologia tiveram crescimento de 586% nos últimos 24 anos.

As falhas em termos de representatividade e igualdade de gênero terão consequências. O Brasil tem um déficit de mão de obra qualificada em Tecnologia da Informação, com a falta de 408 mil profissionais, de acordo com a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex). Está na hora de mudar esse cenário, não é mesmo? E a solução depende do apoio à atuação de mais mulheres para preencher as posições.

Um levantamento de 2014 da US Equal Employment Opportunity Commission aponta que as mulheres norte americanas têm maior participação na indústria (48%) do que na alta tecnologia (36%)

As empresas podem criar meios de equidade abrindo vagas direcionadas ao público feminino, colocando mulheres em liderança na área de tecnologia, oferecer palestras e cursos que apoiem colaboradoras interessadas em se desenvolver na área, criar um ambiente saudável e meios de integração com a equipe masculina para uma troca de ideias e habilidades, entre outros.

Para mencionar exemplos em âmbito nacional, saiba que algumas empresas brasileiras chegaram a criar bancos de talentos específicos para mulheres na tecnologia, agrupando cadastros de interessadas dentro de plataformas como o Linkedin.

A premiação Great Place to Work® Brasil colocou a Alelo no ranking de Melhores Empresas para a Mulher Trabalhar em 2017. Foi avaliada a satisfação do público feminino, as práticas culturais e a quantidade de mulheres em cargos de gestão e alta gestão da empresa.

A demonstração de interesse, tanto das empresas em contratar quanto das mulheres em participar dos processos seletivos, já vem se refletindo nos dados. A Revelo indica que houve aumento de 10% para 12% nas vagas femininas de tecnologia entre 2017 e 2020, enquanto a contratação subiu de 12% para 17% entre 2017 e 2019.

Em termos de empreendedorismo feminino, a Associação Brasileira de Startups (ABStaryups) estima que apenas 12,6% das startups brasileiras foram fundadas por mulheres, atuando em vendas diretas, SaaS e marketplace, em especial nas áreas de saúde e educação. Elas também se preocupam mais com diversidade na empresa e com representatividade distribuída entre os cargos.

Por outro lado, o surgimento de startups foi bem positivo para as mulheres, que tiveram a oportunidade de se tornar líderes em negócios de impacto. Se os homens não abrem o espaço necessário para que mulheres ensinem ou atuem na área tecnológica, elas mesmas criam ‘hacks’ (alternativas em tradução livre) para fazer parte do sistema.

As realizações das mulheres na tecnologia

Programaria

Entre as tantas iniciativas que vêm chamando a atenção na mídia está o PrograMaria, um programa de cursos, eventos e artigos destinado à mulheres, para que diminua a disparidade de gênero no mercado de trabalho. Até o momento, mais de 5 mil participantes já enfrentaram o desafio de programar.

O programa Mulheres Acate foi criado em Santa Catarina para fortalecer o protagonismo feminino no universo tech. São promovidos encontros periódicos dentro de quatro projetos que visam aumentar a participação e liderança de mulheres na tecnologia e no empreendedorismo, além de propagar a conscientização e mudança de cultura nas empresas e na sociedade.

Já o PyLadies incentiva a participação feminina ativa em comunidades de código aberto Python por meio de uma rede mundial que conecta mulheres interessadas em ensinar, aprender, empreender e fazer projetos juntas.

No campo de produtos digitais está o projeto Mulheres de Produto, que dá mentorias baseadas em temas como migração de carreira, liderança e metodologias eficazes dentro da categoria. Atualmente reúne mais de 6 mil mulheres na comunidade.

mammy programadoras

Trazendo o olhar para as mães, a B2Mamy Aceleradora atua na capacitação de mulheres inseridas na maternidade e que, muitas vezes, até perdem empregos por causa disso. Fomentando uma comunidade conectada, a B2Mamy abre caminhos para o protagonismo feminino materno, formando líderes livres economicamente, inseridas na inovação e na tecnologia.

Outro projeto dedicado a mudar a cara do mercado é o UX Para Minas Pretas, que visa formar mulheres negras em user experience (experiência do usuário), área dedicada a criar boas experimentações em plataformas e ferramentas on-line, integrando humanos e tecnologia. Assim sendo, uma equipe diversa é fundamental na tarefa.

Apesar da atuação masculina em UX ser maior, o número feminino é mais expressivo, chegando a 39%, segundo a pesquisa Panorama UX. Mas, apenas 5% do total de pessoas nesse meio são negras, havendo uma necessidade maior de democratizar o acesso.

Projetos desse tipo ajudam tanto as mulheres em busca de qualificação, mudança de carreira e oportunidades para crescerem na tecnologia, quanto a área de Recursos Humanos na hora de criar campos de trabalho e contratar, podendo atuar até mesmo como uma boa parceira com a própria empresa.

Profissões em ascensão

É sempre bom ficar de olho nas tendências e no futuro para começar a atuar hoje mesmo na inserção de mulheres. As áreas de gestão de redes sociais, games, robótica, programação web, engenharia de software, desenvolvimento mobile, comunicação de dados e segurança da informação seguem em constante crescimento e evolução.

O blog Alelo selecionou algumas profissões emergentes para acompanhar em 2021:

  • Cientista de dados
  • Engenheira de dados
  • Segurança da informação
  • Especialista em Inteligência Artificial
  • Engenheira de cibersegurança
  • Programadora de JavaScript
  • Design System e Design Operations
  • Gestora de T.I

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