Quem quiser ter saúde no corpo, precisa tê-la primeiro na mente! Essa frase de autoria da Organização Mundial da Saúde (OMS) resume a importância da saúde mental, que passa a ganhar destaque na mídia, rodas de conversa e debates públicos com a chegada do “Setembro Amarelo”.
Os cuidados com a saúde mental devem ser constantes e isso inclui o ambiente de trabalho. Segundo dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o número de afastamentos por transtornos mentais cresceu 40% em 2023. De acordo com o órgão, foram mais de 288 mil benefícios concedidos no ano passado.
O levantamento ainda revelou que o transtorno misto ansioso, episódios depressivos e ansiedade generalizada figuram entre os principais problemas identificados.
Por conta disso, a saúde mental dos colaboradores vem se tornando cada vez mais uma prioridade dentro das organizações. Bora conhecer um pouco mais sobre o papel do RH diante desse tema?
O que é o Setembro Amarelo?
O Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio promovida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), junto ao Conselho Federal de Medicina, desde 2015.
O objetivo da campanha é conscientizar a população sobre os cuidados com a saúde mental. Segundo a abordagem realizada durante o Setembro Amarelo, a melhor forma de se evitar um suicídio é através do díalogo e de discussões que abordem o problema.
A escolha da data se deve pela triste história do jovem americano Mike Emme, que tirou a própria vida em setembro de 1994. Ele tinha um carro amarelo e no dia da sua despedida, amigos e familiares distribuíram fitas amarelas com frases motivacionais sobre a importância de continuar existindo. A cor acabou se tornando símbolo da campanha.
Além disso, o dia 10 de setembro foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio.
O papel do RH na promoção da saúde mental
A saúde mental é um aspecto vital que afeta diretamente o bem-estar e a produtividade do funcionário. Nesse contexto, o papel do RH se torna fundamental na promoção de um ambiente favorável.
Confira a seguir algumas medidas que podem ser implantadas para ajudar os colaboradores a lidarem com as cargas pesadas do trabalho, comportamentos negativos e outros fatores.
Conscientizar líderes sobre o tema
As principais mudanças de atitude em uma empresa precisam partir de cima pra baixo, não é mesmo? Por isso, o RH deve deixar as lideranças preparadas para reconhecer sinais de estresse e oferecer suporte.
Os líderes, ao serem sensibilizados, podem criar ambientes mais inclusivos e de apoio, além de reduzir os estigmas em torno da saúde mental.
Supervisionar cargas de trabalho
Acumular múltiplas tarefas dentro da organização certamente não favorece a saúde mental. O RH pode trabalhar em parcerias com líderes e reduzir a pressão excessiva em cima de funcionários.
Criar um ambiente de suporte onde os colaboradores se sintam à vontade para discutir suas cargas é fundamental. Estratégias de comunicação ajudam a resolver esse tipo de questão.
Gestão de comportamentos prejudiciais
O RH deve estabelecer diretrizes para prevenir situações de assédio moral. O treinamento dos funcionários deve estimular a promoção de uma cultura de respeito ao próximo, em um ambiente livre de atitudes tóxicas.
Oferecer benefícios
Oferecer benefícios como planos de saúde abrangentes e acesso a serviços de saúde mental demonstram cuidado com o bem-estar dos funcionários.
O RH pode trabalhar para garantir essa política de benefícios. Salários competitivos e recompensas por metas alcançadas motivam os colaboradores, reduzindo a preocupação financeira.
Lei da Saúde Mental
Você sabia que o Governo Federal sancionou no mês de março a Lei 14.831? Ela ficou conhecida como Lei da Saúde Mental.
Ela estabelece o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental e trata da certificação de empresas que são reconhecidas por promover a saúde mental.
O certificado é concedido pelo governo federal para as empresas que atenderem aos critérios de promoção da saúde mental e do bem-estar de seus trabalhadores estabelecidos na lei.A validade é de dois anos, podendo ser renovado após nova avaliação feita por uma comissão certificadora nomeada pelo governo federal.
As empresas que obtiverem o certificado são autorizadas a utilizá-lo em comunicação e materiais promocionais, a fim de destacar o compromisso com a saúde mental e com o bem-estar dos trabalhadores.
Para conseguir o certificado a empresa deve fazer uma análise detalhada para diagnosticar ações para melhorar a saúde mental no ambiente corporativo. Em seguida, deve desenvolver estratégias para colocar em prática essas ações.
Por fim, é necessário ficar atento aos feedbacks dos colaboradores e, se necessário, fazer ajustes nas ações.
Saúde mental é pauta no CONARH 24
O tema saúde mental ganhou destaque na 50ª edição do CONARH. Durante o evento, destinado a profissionais de Recursos Humanos, o ator Marcelo Serrado conduziu a palestra “Vamos falar de saúde mental?”.
Durante a apresentação, Serrado falou sobre os seus próprios desafios relacionados à saúde mental, relatando já ter tido crises de pânico, ansiedade e burnout.
“Quando estamos mal, em pânico ou com crise de ansiedade, pensamos só em tragédia. Fomentamos o que nos leva a esse estado, mas isso só piora os sintomas e a situação, porque a maioria dos nossos pensamentos em momentos de crise, não são reais”, afirmou o ator em um trecho da palestra.
Marcelo também reforçou a questão do acolhimento. Esse é o segredo das Blue Zones (lugares onde as pessoas têm qualidade de vida melhor e mais expectativa de vida).
“Tanto na família quanto no trabalho, oferecer acolhimento e fomentar a cultura de ‘Blue Zones’ pode ser um fator de mudanças importantes para o bem-estar das pessoas”, afirmou.
O ator ainda falou sobre as técnicas que tem usado para lidar com as crises de ansiedade.
“Hoje em dia procuro sempre respirar, meditar e lembrar que estou no aqui e agora. A desconexão também pode ajudar a diminuir a ansiedade e nos conectar mais com o presente e o aqui agora”, comentou.