Olá, eu sou Ane Karoline. Sou Analista de Arquitetura de Software Jr aqui da Alelo, e vou contar para vocês um pouco do meu processo até me tornar uma Alelover. Mas para isto, preciso voltar um pouquinho no tempo.

Antes de trabalhar na área de TI na Alelo, eu me formei em Direito na Universidade Federal de Alagoas, e durante 6 anos atuei como advogada aqui no meu estado. Neste período eu pude aprender sobre diversos temas da área jurídica, desenvolver minhas soft skills e conhecer uma infinidade de pessoas.

Durante um bom tempo, a advocacia me trazia uma satisfação pessoal, mas vez ou outra algo no meu coração dizia que ali não era o meu lugar. Em alguns momentos, eu imaginava como seria se eu tivesse a coragem de mudar e percorrer um caminho que, inconscientemente, já chamava minha atenção: a tecnologia.

O que me levou à Tecnologia

Por estudar numa escola técnica durante o ensino médio, sempre busquei conhecer sobre várias áreas, e TI acabou chamando minha atenção. Tanto que ao longo da vida, fiz muitos amigos e estava inserida em algumas rotinas deste pessoal. Mas o que será que me impediu de seguir este caminho lá atrás?

Durante muito tempo, eu acreditei que TI era um ambiente para gênios, pessoas totalmente fora da média, como algumas daquelas que acabei conhecendo ao longo da vida. Eu me via, no máximo, como uma pessoa esforçada, mas que provavelmente, não conseguiria acompanhar aquele ritmo. É o que chamamos hoje de Síndrome da Impostora – mas lá em 2010 isso não era amplamente conhecido.

Então fui seguindo a minha vida dentro da mesma rotina profissional, porém, sempre batia aquele vazio. No final de 2020 as coisas começaram a mudar. Pandemia, incertezas, perdas significativas na família em decorrência do COVID-19, e a suspeita de TEA (Transtorno do Espectro Autista) do meu filho (que na época tinha 2 anos). Todo esse contexto gerou estafa e crises de ansiedade. Mas ainda assim, tentava ser forte e me manter na linha (sem buscar tratamento específico até então).

Os primeiros passos

2021 chegou e decidi fazer algumas mudanças. Com uma rotina puxada dividida entre trabalho, maternidade, terapias do meu filho e estudos, senti a necessidade de mudar o meu contexto. Comecei a estudar questões relacionadas à Privacidade de Dados e LGPD para tentar trazer uma pegada mais atual para a advocacia.

Um grande amigo que trabalha com tecnologia, recomendou estudar a linguagem de programação Python para usar a Jurimetria (que é uma espécie de estatística aplicada à área do direito, mais especificamente em processos, trazendo respostas baseadas em dados).

Aceitei o desafio, e comecei a ter muito interesse por Python. Lembro que no dia em que ele me falou desta possibilidade, eu já busquei um tutorial para baixar o pacote Anaconda (do Python) e fiz o meu primeiro “Hello World” no Jupyter Notebook.

Eu estava achando aquilo incrível. Eu me sentia renovada a cada momento em que eu ia para o meu computador, mexer ou tentar fazer algo naquele novo desafio.

Dentro deste cenário, comecei a aplicar para vagas de advogado nas grandes capitais. Preenchi quase uma centena de formulários, fiz uma dezena de entrevistas, e cheguei na final de 4 processos seletivos de grandes escritórios/empresas.

As dificuldades do caminho

Dentro destes processos encontrei xenofobia e machismo, em que minha capacidade era de pronto questionada em relação ao local em que eu vivo ou à minha maternidade. Questões como “Aqui o trabalho é diferente. Você deve tá acostumada a trabalhar, sair mais cedo e ver o por do sol, tomando caipirinha” ou “Como você vai dá conta de tantas demandas se você tem um filho?”.

E sim, essas foram frases que ouvi ao longos destes processos. No final das contas, as devolutivas eram quase as mesmas: “Agradecemos seu interesse, mas o processo seletivo foi encerrado em razão de uma indicação do sócio para o cargo”.

Isso era bem frustrante, pois eu percebia que possuía os requisitos da vaga, tinha ido bem no case processual, até por sabatina eu passei com elogios, e ainda assim não era o suficiente.

Foi então que algumas coisas saíram do controle. Cansaço extremo, diagnóstico de TEA do meu filho, crises de ansiedade mais frequentes e a falta de sentido para fazer qualquer outra coisa.

A importância da rede de apoio

Depois de um contexto caótico, em julho/2021 tive que abrir mão do meu trabalho para cuidar da minha saúde física e mental. Comecei a fazer acompanhamento médico e terapêutico e já no primeiro mês comecei a sentir uma melhora.

Em agosto/2021 continuei a estudar Python de forma autônoma (por PDFs e vídeos no YouTube), no meio do percurso fui percebendo que TI era algo que estava me trazendo satisfação em conhecer.

Com o apoio de familiares e de alguns amigos da área, decidi fazer transição de carreira aos 31 anos, com um filho neuroatípico de quase 3 anos do lado. Foi um grande desafio.

Em setembro/2021, consegui uma bolsa parcial numa faculdade particular para iniciar o curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, pois poderia ser a porta de entrada para um futuro estágio.

Neste período, fui tentando várias possibilidades de estágios e bootcamps. Conversava com pessoas do LinkedIn para entender mais sobre as áreas da tecnologia. Tive a sorte de encontrar profissionais consolidados que tiveram a boa vontade de clarear um pouco a minha caminhada.

Ainda em setembro/2021 encontrei um post patrocinado no Instagram de um bootcamp da Alelo, em parceria com a Share RH, chamado de Afrodev – uma iniciativa de inserir pessoas negras na empresa. Me inscrevi, e fui pré-selecionada para fazer o curso de nivelamento.

Após o nivelamento, fui para a entrevista e uma semana depois recebi a notícia de que fui aprovada para fazer o curso – em que, ao final, os candidatos poderiam concorrer a uma das 7 vagas disponíveis.

Ao iniciar o curso no começo de outubro/2021 a rotina era basicamente: acordar as 5:00 horas e estudar até as 7:00, levar meu filho às terapias e de lá mesmo eu também usava uma parte do tempo para estudar. A noite eu participava do bootcamp, e após as aulas eu fazia as atividades da faculdade.

No dia 03 de novembro/2021 consegui um estágio em uma startup da América Latina, que atuava com Governança de Dados empresariais. Enquanto isto, a rotina continuava puxada: estudos, estágio, maternidade, terapias do meu filho, o meu tratamento e as incertezas sobre se este caminho era o correto.

E por isto, em alguns momentos eu pensava em desistir, achando que não seria capaz de acompanhar – até porque, era tudo totalmente novo pra mim.

Como a Alelo cruzou o meu caminho

Encerradas as aulas do bootcamp, tive a oportunidade de apresentar o meu case para representantes de algumas áreas de TI da Alelo, e uma delas era a de Arquitetura de Software.

No dia 16/11/2021 o meu SIM veio por meio de uma ligação cheia de emoção. Nem dava para acreditar. Em 06/12/2021 eu iniciei como Analista de Arquitetura de Software Jr. Desde então, tenho vivido uma caminhada de aprendizado, capacitação e de imersão de cultura e diversidade.

Hoje trabalho 100% home office aqui em Maceió, tenho flexibilidade para acompanhar as necessidades e terapias do meu filho, ótimos benefícios; e percebo como foi rápida a evolução dele com a minha presença direta.

Então, quando eu paro e penso no caminho que percorri, percebo o quanto eu sou capaz e quantas potências eu posso (e tenho a) desenvolver. E justamente por isto, tenho certeza de que, aquela estudante de ensino médio/técnico de 2009, tem muito orgulho do que fizemos.

Por fim, acredito que toda pessoa tem o direito de reescrever sua história, mudar de rota e perseguir outras possibilidades que possam lhe proporcionar felicidade e bem-estar. Nunca é tarde para tentar e recomeçar, independentemente da idade, porque o que a vida quer da gente, é coragem.

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