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Síndrome do impostor: o que é e como evitar um ciclo de autossabotagem

Síndrome do impostor: o que é e como evitar um ciclo de autossabotagem
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Você já pensou que só alcançou um determinado cargo por “sorte”? Ou não se sentiu suficiente para sua empresa ou para seus amigos? Ou ainda recusou uma tarefa por não se achar capaz? Se a resposta for sim, pode ser um quadro de síndrome do impostor. 

Em meio à rotina, é normal se sentir inseguro, principalmente frente a tarefas desafiadoras — seja na vida pessoal ou profissional. E, especialmente no ambiente corporativo, é comum ter inquietações e questionar algumas questões sobre si mesmo e sobre seu trabalho

Mas quando o sentimento de incapacidade é muito frequente e acaba por impactar sua vida, é preciso avaliar a situação.

Para você saber mais sobre como a síndrome afeta o psicológico, o Blog da Alelo convidou Danilo Suassuna, Doutor em Psicologia, para tirar algumas dúvidas sobre esse distúrbio. Confira:

O que é a síndrome do impostor?

A síndrome do impostor é um padrão psicológico no qual uma pessoa duvida de suas conquistas, atribui seu sucesso a fatores externos e se sente, constantemente, como uma fraude, incapaz de merecer o reconhecimento que recebe

Essa síndrome é acompanhada por um sentimento persistente de inadequação e medo de ser exposto como um mentiroso ou farsante. Isso porque as pessoas que sofrem desta síndrome, costumam subestimar suas habilidades e tendem a acreditar que estão enganando os outros.

Quem enfrenta esse distúrbio vive em um ciclo persistente de autodúvida, de boicote e de autodepreciação. Consequentemente, a pessoa entra em uma espiral de autossabotagem.

“Existe um fenômeno psicológico no qual a pessoa tem a sensação, persistente, de ser inadequada e incapaz, mesmo que tenham conquistas e habilidades comprovadas. As pessoas que experimentam essa síndrome têm a impressão de que são impostoras ou fraudes, sentindo-se inseguras em relação às próprias realizações, e vivem com um temor gigante de serem expostas como incompetentes”, explica Danilo Suassuna. 

Os primeiros estudos

Na década de 1970, Pauline Clance e Suzanne Imes foram as primeiras estudiosas a introduzirem o termo “síndrome do impostor” e estudarem esse padrão psicológico.

Em seus estudos, Imes e Clance observaram um padrão persistente no comportamento de aproximadamente 150 mulheres bem-sucedidas. Mesmo frente ao sucesso, elas se viam como impostoras, acreditando que não eram merecedoras de reconhecimento e nem eram talentosas. 

O distúrbio pode afetar qualquer pessoa, independentemente de suas conquistas, habilidades ou nível de competência. 

Quem pode desenvolver a síndrome?

O distúrbio pode afetar qualquer pessoa, independentemente de suas conquistas, habilidades ou nível de competência. 

Suassuna afirma: “É importante destacar que a síndrome do impostor não está relacionada à falta de competência ou habilidades reais. Na verdade, muitas pessoas bem-sucedidas e talentosas podem experimentar essa síndrome. Ela está mais relacionada a uma distorção da percepção de si mesmo e a crenças limitantes sobre o próprio valor e capacidade”. 

Lembre-se, ainda, que fatores como experiências passadas de fracasso, perfeccionismo exacerbado, pressão social e baixa autoestima podem contribuir para o desenvolvimento desse padrão psicológico. 

Sintomas da síndrome de impostor

Segundo o psicólogo, alguns dos sinais mais comuns desse padrão psicológico são:

  • Autodesvalorização: as pessoas com essa síndrome têm dificuldade em reconhecer suas próprias conquistas e atribuem seu sucesso a fatores externos, como sorte ou circunstâncias favoráveis;
  • Medo de ser descoberto: existe um medo constante de ser exposto como uma fraude e de que os outros descubram que a pessoa não é tão competente e talentosa como parece;
  • Necessidade de perfeição: há uma intensa pressão interna para alcançar a perfeição em tudo o que fazem, com um medo paralisante de cometer erros ou falhas;
  • Comparação constante: a tendência de se comparar com os outros e se sentir inferior, mesmo quando suas habilidades e conquistas são reconhecidas;
  • Dificuldade em aceitar elogios: as pessoas com síndrome do impostor tendem a minimizar ou rejeitar elogios, acreditando que não são merecedoras deles.

Como identificar a síndrome do impostor?

Os sintomas acima são importantes indicadores de um quadro de síndrome de impostor. Contudo, Danilo Suassuna alerta: “[É importante] reconhecer que somos impostores em alguns momentos! […] É essencial essa dúvida sobre quem realmente somos a fim de que possamos ter, de vez em sempre, um olhar cuidadoso para com a nossa prepotência e a nossa arrogância”. 

Além disso, o psicólogo também acredita ser necessário “desenvolver a humildade”. “[…] A humildade traz um senso de realidade, não de diminuição! Trata-se de olhar verdadeiramente para si e reconhecer, a partir do seu olhar, aquilo que faz ou não sentido receber como elogio”.

Outro ponto importante trazido por Suassuna é a atenção com o olhar do outro. “O olhar dos outros é fundamental para que possamos existir, pois nos reconhecemos, também, a partir dele. Porém, muita gente se torna dependente, única e exclusivamente, do olhar do outro. Buscam sempre a confirmação! Você gostou do que fiz? Estou bem assim? Dessa forma é a melhor maneira? Desse modo, ficaremos cegos de nós mesmos.”

Quais são as consequências da síndrome do impostor?

A pessoa que lida com a síndrome do impostor pode enfrentar complicações no ambiente corporativo, como: 

  • Perder oportunidades no trabalho;
  • Ter uma queda significativa de produtividade;
  • Estar constantemente insatisfeito;
  • Desenvolver um quadro severo de estresse e/ou burnout.

Como superar esse fenômeno psicológico?

Superar a síndrome do impostor é um processo contínuo e individual. É preciso ter paciência e caminhar consigo mesmo. Com tempo, esforço e práticas saudáveis, pode-se construir uma autoconfiança sólida e reconhecer o próprio valor e talento. 

“Para lidar com a síndrome do impostor, mais do que buscar respostas, é importante uma conversa íntima com você mesmo e com a pessoa que te olha no espelho! O que ela diz de você? Tem uma visão realista de si mesmo? Ou uma visão turva e enviesada por tantos olhares que acabaram por se constituir durante toda a vida? […]  Comece se perguntando se você acredita no que está fazendo. Você admira o que se propõe a executar todos os dias?”, fala Suassuna. 

Ainda, o psicólogo acrescenta: “Mais do que resposta, [é preciso] perguntas para que você possa, intimamente, colher mais informações sobre esse Ser que o habita, sendo ele um impostor ou não. É importante também, como uma forma complementar, um papo reto com amigos. Pense naquele que não quer conversar por ser franco demais. Esse é o verdadeiro amigo que vai te trazer uma visão real de si mesmo, sem puxar o seu saco, nem te encher de elogios vazios. Familiares podem ser uma saída, mas tem que ter muita liberdade e maturidade para não virar briga depois!”

Um acompanhamento psicológico pode ser fundamental. Contudo, vale lembrar que as opções de tratamento podem variar. Por isso, é interessante buscar por recursos que estejam alinhados com as necessidades e preferências individuais.

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