Você é daqueles que não resistem a um doce após o almoço, no meio da tarde ou a qualquer hora do dia e da noite? É bom, né?

Mas quando essa vontade se torna algo incontrolável, é porque algo não vai bem no organismo. É aí que a luz de alerta acende e você precisa entender o que está acontecendo para não cometer excessos.

Neste texto, conversamos com a nutricionista especialista em nutrição clínica e bariátrica da Clínica Gastro ABC, Amanda Santos Lima. 

Bora entender direitinho o que é esta tal “adicção por doce”?

Adicção por doce: o que é?

A adicção alimentar por doce é definida como o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados (geralmente ricos em açúcares), ainda que na ausência de fome.

Os alimentos ultraprocessados apresentam um conjunto de características que podem desencadear respostas de food craving, ou seja, um intenso desejo de consumi-los, explica Amanda.

Adicção por doce: quando o excesso se torna um problema, Amanda Santos Lima, nutricionista
Amanda Santos Lima é especialista em nutrição clínica e bariátrica

A profissional conta que distúrbios psiquiátricos crônicos caracterizados por desordens significativas no comportamento alimentar e preocupação excessiva com a forma e peso corporal são definidos como transtornos alimentares, resultando em problemas clínicos, psicológicos e emocionais importantes. 

As evidências sugerem que transtornos alimentares e adicção alimentar são dois conceitos distintos. 

“Diferentemente do transtorno alimentar, que tem sua origem em comportamentos psicossociais, a adicção alimentar tem sua origem biológica, sendo tratada por vários autores como um transtorno aditivo”, diz Amanda.

Adicção por doce é diferente em adultos e crianças?

A especialista afirma que SIM! 

“Crianças que comem muitos doces na infância, geralmente têm seu paladar alterado e são condicionadas a terem mais prazer com esse tipo de sabor. Essa associação faz com que muitas vezes elas acabem ingerindo esses itens mesmo sem estarem com fome. Então, o hábito de comer doces, adquiridos na infância, segue na vida adulta”, fala a nutricionista.

Ela completa dizendo que com o tempo, é comum que a pessoa use doces para se recompensar em suas emoções. Dessa forma, o problema pode atingir crianças, adolescentes, homens e mulheres na fase adulta.

Riscos para a saúde

Adicção por doce: quando o excesso se torna um problema

Os sinais de compulsão por açúcar começam ainda na infância. Se não tratados, podem

desencadear problemas emocionais, episódios de compulsão, depressão e ansiedade. Muitas vezes, o indivíduo busca uma compensação através de uma ingestão calórica excessiva. E o açúcar não está fora disso, pois ele gera uma certa saciedade e satisfação, explica Amanda.

A ingestão excessiva de açúcares está associada a um risco mais elevado para doenças como: excesso de peso, obesidade e desenvolvimento de cáries dentárias, que é particularmente significante em âmbito mundial.

Ela diz ainda que o excesso de peso, obesidade, diabetes tipo II, doenças cardiovasculares, desordens músculo-esqueléticas e diversos tipos de câncer constituem, tanto nacional como mundialmente, as mais prevalentes causas de morte.

“A OMS recomenda a ingestão de 10% do total de energia consumida. Para uma dieta de 2.000 calorias, isso significa no máximo 50 gramas (cerca de 5 a 10 colheres de chá)”, orienta a nutri.

Variações do açúcar

Os açúcares podem variar em sua cor, sabor e textura e podem apresentar composições nutricionais diferentes.

Eles podem ser classificados como: refinado, cristal, demerara, mascavo, entre outros.

Açúcar cristal: sua característica está na forma de cristais grandes e transparentes. Ele passa por processo de refinamento em que cerca de 90% das vitaminas e minerais são excluídos.

Açúcar refinado: também conhecido como açúcar branco, o açúcar refinado é o mais conhecido. Durante o processo de refinamento, são adicionados alguns aditivos químicos, como enxofre, para dar a cor branca. Nesse processo, porém, algumas vitaminas e sais minerais também são perdidos.

Adicção por doce: quando o excesso se torna um problema

Açúcar mascavo: é a forma mais bruta de extração do açúcar da cana, retirado depois do cozimento do caldo da cana. Como não passa por refinamento, o açúcar mascavo mantém a sua coloração mais escura e sabor mais apurado, semelhante ao da cana-de-açúcar. Sem refinamento, são preservados e mantidos os minerais como: cálcio, ferro, zinco, magnésio, potássio e as vitaminas.

Açúcar demerara: passa por um refinamento brando e não recebe nenhum aditivo químico, por isso seus grãos são marrom-claro. Possui valor nutricional alto, parecido com o do açúcar mascavo. A melhor escolha para este tipo de açúcar é a forma orgânica, porque mantém todos os nutrientes sem a adição de defensivos agrícolas.

Alimentos que diminuem a vontade de ingerir doce

Amanda explica que consumir alimentos ricos em proteínas e gorduras boas como: carne magra, peixe, ovos, laticínios integrais, abacate, soja e nozes aumentam a sensação de saciedade, reduzem a fome e ajudam a manter e equilibrar os níveis de açúcar no sangue, e isso contribui para diminuir a vontade de comer doce.

Um bom exemplo de café da manhã seria comer ovo mexido com uma vitamina de abacate sem adicionar açúcar.

Iogurte natural

O iogurte natural não tem açúcar e aditivos ou corantes artificiais e é produzido a partir da fermentação do leite por bactérias boas que utilizam a lactose como fonte de energia. 

Quando consumido diariamente, ocorre um aumento da quantidade de bactérias boas que chegam ao intestino, formando uma flora cada vez mais saudável. 

“Isso é válido para quem deseja parar de comer doce, porque o desequilíbrio da flora intestinal envia sinais ao cérebro que aumentam o desejo de consumi-lo”, orienta Amanda.

Alimentos integrais

Os alimentos integrais são ricos em fibras que ajudam a aumentar a saciedade e a equilibrar os níveis de glicose no sangue, pois faz com que o açúcar dos alimentos seja absorvido mais lentamente pelo intestino, o que ajuda a diminuir a vontade de consumir doces.

“Troque o arroz e o macarrão comuns pela opção integral, pois apresentam mais fibras na sua composição. Também pode-se acrescentar cereais integrais como: aveia, amaranto e gergelim na sua alimentação”, explica.

Frutas

Elas são ricas em fibras que aumentam a saciedade, diminuem a absorção de açúcar pelo intestino, o que ajuda a equilibrar a glicemia e reduzir a fome e, por isso, minimizam a vontade de comer doce.

Sementes e castanhas

Sementes como: chia, linhaça, gergelim e s de girassol são ricas em magnésio, que é um mineral que induz a produção de serotonina, um hormônio que dá a sensação de bem-estar e melhora o humor, ajudando a diminuir a vontade de doces.

Castanhas e outras frutas oleaginosas, como: amêndoas, avelãs e nozes são ricas em magnésio, possuem zinco, selênio e ômega-3, que são nutrientes essenciais para diminuir o estresse e ansiedade, fazendo com que a vontade de comer doce também fique amenizada.

Então posso tirar o açúcar total da minha dieta?

A resposta é NÃO! 

“Não podemos cortar totalmente o açúcar da dieta. Ele traz benefícios como dar energia ao corpo e manter as células ativas (pois o carboidrato ingerido é transformado em açúcar, ou seja, glicose)”, conta a especialista.

Os carboidratos podem ser divididos em três tipos: açúcares, amidos e fibras. Estes são os nomes dos carboidratos que são transformados em açúcares. Os principais são  sacarose, frutose e lactose. O mais conhecido é a sacarose (açúcar branco que é o mais usado pela indústria para produção de alimentos com alto teor de açúcar em sua composição).

A ausência total do açúcar no sangue pode acarretar na queda da glicose e consequentemente levar à hipoglicemia, que pode causar vários sintomas como:

No corpo: desmaio, fadiga, fome, fome excessiva, sudorese excessiva, tontura ou tremores;

Na cognição: apatia ou confusão mental;

No humor: ansiedade ou nervosismo;

No coração: palpitações ou ritmo cardíaco acelerado;

Na boca: formigamento nos lábios ou secura, dor de cabeça, fala arrastada, irritabilidade, palidez, pupila dilatada, sonolência, tremor ou visão embaçada.

Compras saudáveis

Foi Publicado o Decreto Presidencial N° 11.936, de 05 de março de 2024, que dispõe sobre a composição da cesta básica de alimentos no âmbito da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e da Política Nacional de Abastecimento Alimentar.

O objetivo é garantir o direito à alimentação adequada e saudável e promover a soberania e a segurança alimentar e nutricional.  

Este Decreto traz as ações, políticas e os programas relacionados à produção, ao abastecimento e ao consumo de alimentos.

Uma destas diretrizes é o estabelecimento da Cesta Básica de Alimentos, ​que traz os ingredientes necessários à alimentação adequada visando à saúde e ao bem-estar da população brasileira. 

Afinal, a boa alimentação começa na hora das compras, ainda no supermercado. Escolher produtos mais saudáveis e com menos açúcar contribuem para uma boa saúde.

É indicado que os itens básicos adquiridos contemplem os seguintes grupos de alimentos:   

– feijões (leguminosas);  

– cereais;  

– raízes e tubérculos; 

– legumes e verduras;  

– frutas;  

– castanhas e nozes (oleaginosas); 

– carnes e ovos; 

– leites e queijos;  

-ingredientes culinários como: açúcares, sal, óleos e gorduras;

– café, chá, mate e especiarias.  

Ao fazer as compras, depois de escolher os produtos saudáveis que vai pôr no carrinho para ter uma alimentação mais equilibrada, você já sabe que pode pagar tudo com o Alelo Alimentação. Ele é aceito em milhares de estabelecimentos, entre: supermercados, açougues, mercearias, padarias e similares de todo o Brasil.

Gostou de saber sobre a adicção por doce? Continue navegando pelo blog da Alelo e descubra outras matérias superlegais que vão te ajudar a ter uma vida mais equilibrada e saudável. 

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