Nos últimos anos, o termo ESG ganhou ainda mais atenção de empresas de todo o mundo — e não foi diferente no Brasil. Um levantamento no Google Trends, divulgado em 2022, mostrou que a busca pela sigla cresceu mais de 1200% no país apenas nos últimos dois anos.

Além disso, a pesquisa “IDC People Sustainability Research”, feita pela SAP em 11 países, incluindo o Brasil, mostrou que uma abordagem unificada para a sustentabilidade tem um impacto positivo nos KPIs das empresas, incluindo desempenho financeiro, satisfação dos colaboradores, engajamento dos funcionários e reputação da marca.

Pensando sobre a crescente da sigla e a importância dela para os ambientes corporativos, o blog da Alelo convidou Ricardo Voltolini, CEO da consultoria Ideia Sustentável, para explicar como as práticas de ESG impactam diretamente no crescimento e desenvolvimento da empresa.

Vamos nessa?

O que é ESG?

Antes de pensar sobre as vantagens das práticas de ESG, é importante revisitar alguns detalhes sobre o conceito. 

Segundo Ricardo Voltolini, “ESG é uma sigla em inglês que significa Meio Ambiente (Environment), Social (Social) e Governança (Governance) e é um modo de avaliar o valor de empresas a partir dos resultados socioambientais positivos, além do lucro”.

O CEO da consultoria Ideia Sustentável conta: “Costumo dizer que quando eu comecei, há mais de 20 anos, era pó, pedra e areia. Quando falávamos em sustentabilidade, sofríamos bullying, éramos os ‘biodesagradáveis’ e românticos. Comecei a trabalhar com empresas para mudar internamente o sistema, para mostrar ao universo empresarial que não há outro caminho para as organizações do que agirem em benefício do mundo”. 

Por que apostar nos conceitos de ESG?

Neste ano, a Amcham Brasil, em parceria com a Humanizadas, lançou o estudo “Panorama ESG Brasil 2023”. Conforme identificou a análise, os principais motivos que levam as empresas a incorporarem “práticas ESG são o fortalecimento da reputação de mercado (61%), impacto positivo em questões socioambientais (57%) e redução de riscos ambientais, sociais e de governança (40%)”.  

“Inserir o ESG na estratégia dos negócios é cada vez mais importante para as empresas por vários motivos. Posso destacar: gestão de riscos para a perenidade do negócio, atratividade para investidores, engajamento de funcionários e reputação positiva”, fala Ricardo Voltolini, autor do livro “Vamos Falar de ESG? – Provocações de um pioneiro em sustentabilidade empresarial”. 

O profissional acrescenta: “Em resumo: trabalhar na perspectiva de ESG contribui para a perenidade do negócio pela gestão de riscos e oportunidades, atraindo talentos diversos e investimentos a longo prazo”.

A crescente do ESG e as vantagens para as empresas

“Embora o conceito exista há mais de 20 anos, ESG ganhou musculatura na pandemia. O cenário no Brasil está em constante amadurecimento e, ao mesmo tempo que ainda existem desafios a serem enfrentados, tem ganhado cada vez mais importância nos últimos anos”, afirma Ricardo Voltolini. 

Especialista no tema, o profissional respondeu algumas das perguntas mais frequentes entre as empresas. Confira:

1. Como as empresas devem utilizar o conceito de ESG na gestão (interna e externa)?

Ricardo Voltolini: As organizações passaram do contexto único de geração de lucro para acionistas para o de geração de valor compartilhado, considerando todos os públicos com os quais se relaciona: para comunidades (responsabilidade social), para o meio ambiente (preservação e/ou regeneração da biodiversidade) e para a sociedade como um todo. 

[A empresa deve ser] ética, diversa e transparente, criando serviços e produtos que considerem necessidades de todas as pessoas que se relacionam com ela, ao mesmo tempo que preservam recursos naturais, finitos.

É preciso compreender que ESG é um tema transversal, que está na criação de políticas, produtos e tomada de decisões de todos os níveis.

2. O que faz o profissional que fica responsável pelas práticas de ESG na empresa?

Ricardo Voltolini: Não existe uma única área que realiza ações: quando existe, é uma equipe de apoio, que monitora cenário macroeconômico, social e ambiental, analisa e avalia riscos, guiando a alta liderança nessa jornada; e acompanha as iniciativas da empresa no âmbito das gerências envolvidas, promovendo o desempenho das iniciativas e a evolução de indicadores e metas de curto, médio e longo prazos, e a prestação de contas ESG.

A esse profissional, no entanto, é cada vez mais demandado que tenha profundo conhecimento do tema. Hoje o mercado está cada vez mais complexo e exige formação de excelência, reunindo diferentes áreas do saber.

3. Quais são os benefícios para as empresas que adotam boas práticas ESG?

Ricardo Voltolini: Falando do aspecto financeiro do ESG, é a forma de os investidores avaliarem a capacidade de resiliência da empresa diante de questões socioambientais, buscando ecoeficiência e ganho de reputação, sustentando-se e valorizando o negócio a longo prazo.

Do ponto de vista de recursos humanos, que é uma área estratégica para esse tema nas empresas, as companhias que integram sua estratégia aos critérios ESG demonstram o seu compromisso com a valorização de pessoas e do meio ambiente, imprimindo significado e propósito de marca e atraindo talentos diversos para o negócio.

O engajamento de colaboradores é parte da jornada que a organização terá dentro do ESG, que começa com o conhecimento dos principais impactos e riscos socioambientais do negócio e o compromisso da alta liderança com o tema – somente assim haverá espaço para mobilizar outros líderes da empresa para as ações que deverão ser empreendidas por todas as áreas envolvidas.

O empoderamento de mulheres, a diversidade, a conservação da biodiversidade, o combate ao trabalho análogo ao escravo, por exemplo, são temas possíveis, mas cada empresa precisa encontrar o seu foco, o que faz sentido para o negócio, as pessoas e o planeta.

4. Quais as dicas essenciais para incorporar o ESG na empresa

Ricardo Voltolini: Para incorporar ESG, é preciso que a empresa:

  1. Reconheça impactos e riscos.
  2. Tenha o compromisso da alta liderança.
  3. Elabore e/ou revise políticas e processos.
  4. Engaje funcionários e a cadeia de valor.
  5. Defina e mensure indicadores e metas.
  6. Acompanhe iniciativas em curso; promova novas iniciativas, a partir de dados.
  7. Desenvolva lideranças e funcionários sobre os temas ESG.
  8. Se comprometa a ter transparência com stakeholders:
  9. Invista na comunicação para engajar e sensibilizar, além de prestar contas.

É importante compreender que a gestão na perspectiva ESG é um processo sistêmico e evolutivo, colaborativo e reflexivo.

Ganha a empresa, ganha o meio ambiente, ganham as pessoas.

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