O Sequoia Capital, um dos fundos mais importantes do Vale do Silício, nos Estados Unidos, divulgou um relatório orientando sobre como CEOs e fundadores de startups devem encarar os problemas causados pelo novo coronavírus. “Uma característica que diferencia empresas duradouras é a maneira como seus líderes reagem a momentos como esses. Os seus empregados sabem da Covid-19 e se questionam como você reagirá. Seja clinicamente realista e aja de forma decisiva. Demonstre a liderança de que sua equipe precisa neste período estressante e cuida da saúde de seus funcionários” – escreveu a empresa em seu relatório.

A verdade é que o novo coronavírus ataca várias frentes: causa ruptura na cadeia de suprimentos, afeta vendas e impõe o isolamento social. Mas o trecho do relatório chama a atenção para um aspecto importante sobre o momento atual, que vai além do poder de reação da liderança ou de aspectos de redução de custos para salvar as empresas: a saúde física mental dos funcionários.

Antes mesmo de o coronavírus virar tudo de pernas para o ar, as transformações pelas quais o mundo do trabalho está passando já apontavam em problemas com saúde mental das pessoas. Hiperconexão, cargas horárias excessivas, as demandas do mundo moderno e a pressão por resultados muitas vezes trazem desequilíbrio entre vida privada e profissional. Tudo isso pode ser agravado neste momento de crise do coronavírus.

Por isso, é importante que a área de recursos humanos assuma um papel de blindar o emocional dos colaboradores neste momento. Além, é claro, de preservar a saúde física dos funcionários respeitando as medidas de distanciamento social, quando possível, e de intensificação nas orientações sanitárias.

O Blog da Alelo conversou com psicólogos e especialistas de RH para montar uma lista de ações. Confira a seguir:

-Aborde o assunto de forma direta

A pesquisa Tendências de Saúde Mental 2019, da Mercer Marsh Benefícios, revelou que somente 21% das empresas brasileiras têm programas ou políticas para gestão da saúde mental. “Tornar o assunto uma pauta oficial é necessário para que não seja um tabu falar sobre ele. Muitos funcionários escondem possíveis problemas por vergonha”, diz Carlos Costa, analista de RH.
Realizar campanhas, workshops, palestras e produzir material gráfico sobre temas como ansiedade, depressão e medo do coronavírus pode ser um caminho.

-Preserve seu time mais sensível

Faça um mapeamento efetivo das pessoas que compõem a empresa. Considere grupo de risco gestantes, pessoas com mais de 60 anos, hipertensos, fumantes e diabéticos. Tente proteger esse grupo com o esquema de home office, se possível.

-Cuide de quem ficar na empresa

Muitas atividades não permitem a adoção do trabalho remoto. Por isso, é importante criar um protocolo de segurança detalhado e rígido, com orientações de higiene, distanciamento e contato. “Até mesmo a conduta social deve ser revista. Não é momento para abraço, aperto de mão, nem compartilhamento de itens, como canetas e copos. Isso precisa estar prescrito para que não haja nenhum mal-entendido”, afirma o analista de RH.

Ações como reposicionamento de estações de trabalho para aumentar a distância entre as pessoas e aumento de número de fretados para que ninguém embarque ao lado de um colega no mesmo assento também são recomendadas. “Essas ações precisam ser explicadas para que não haja pânico. Trata-se de um cuidado coletivo. Com a saúde física em dia, fica mais fácil cuidar do emocional”, diz a psicóloga.

-Divida tarefas

Reduzir o número de pessoas trabalhando pode não ser uma boa ideia se o intuito for proteger os funcionários. “Recebo muitos relatos de profissionais que trabalham 12, 14 ou até mais horas por dia. Não há ser humano que aguente isso”, diz a psicóloga Luana Custódio. “É importante dividir as tarefas e descentralizar a tomada de decisão”, completa.

-Crie um canal de informações confiável

Grande parte dos problemas emocionais causados pelo medo do novo coronavírus tem as fake news como pano de fundo. Notícias falsas e alarmistas ajudam a causar pânico. Por isso, a empresa precisa ser uma fonte confiável de informações. Criar um canal constante com os funcionários e divulgar de forma simples as medidas adotadas pelo governo, bem como fazer guias sobre como se manter seguro e evitar transmissão e contágio podem ser estratégias importantes neste momento. “É interessante criar um canal de dúvidas para que os funcionários tenham espaço para interagir e esclarecer qualquer ponto”, diz Carlos.

-Estimule a conversa

Deixe claro para os funcionários que é normal sentir medo e uma certa angústia neste momento delicado em que estamos vivendo, mas é primordial que este medo não seja paralisante. Estimule a conversa da equipe durante o expediente, questione como anda a rotina dos funcionários por meio de pesquisas e faça da empresa um ponto de confiança e otimismo nesse período.

-Recomende o cuidado

Liste ações diárias para que os funcionários se fortaleçam psicologicamente, como: dividir as angústias com a família e amigos, se distrair com atividades como ler livros ou ver séries na televisão, evitar o consumo excessivo de cigarro e bebidas alcoólicas, fazer meditação e exercícios leves.

-Ajude a buscar profissionais

É difícil saber quando é necessário encaminhar o funcionário para ajuda psicológica profissional. Por isso, o ideal é que a empresa forneça ferramentas para que o colaborador defina quando os transtornos já não mais controláveis. Cabe ao RH dar recomendações, como o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou a UBS (Unidade Básica de Saúde). Também há frentes como o Escuta 60+, para pessoas com mais de 60 anos, além de diversos psicólogos que estão fazendo atendimentos gratuitos durante a pandemia e podem ser encontrados em buscas online.

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