No dia 27/08 aconteceu nossa já tradicional Live Conexão, desta vez o assunto foi os Desafios da Mobilidade Urbana e Transporte Público neste momento de pandemia e retomada.
A Live contou com participação de Petrus Teixeira, superintendente da Veloe, Sr. Otávio Cunha, presidente-executivo da Associação Nacional de Empresas de Ônibus Urbano (NTU) e Dr. Bruno Ganem Siqueira, médico cardiologista e diretor de relacionamento com mercado do Grupo Sabin.
Antes falava-se muito sobre mobilidade como sinônimo de ir de um ponto ao outro, agora não se trata apenas de deslocamento, mas sim sobre qual a melhor maneira de ir e vir. E em meio ao debate sobre prevenção e cuidados no transporte urbano, Dr. Bruno dividiu preciosas dicas de cuidados básicos de saúde e prevenção de como as pessoas podem se deslocar de maneira segura durante a retomada das atividades rotineiras:
“Se uma pessoa não está usando máscara em um ambiente coletivo, ela coloca em risco todas as pessoas daquele ambiente. O cuidado individual influencia na saúde de todos ao redor”. – Dr Bruno Siqueira”.
“A conscientização do indivíduo enquanto parte do coletivo é importante. As iniciativas não podem estar restritas ao ônibus, o compromisso de combater o Coronavirus está em casa, no trabalho, na ida ao mercado, não só no transporte público. Todas as medidas de proteção precisam ser vistas pelo prisma da saúde populacional. Se uma pessoa não está usando máscara, ela torna aquele ambiente inseguro para todos. Antes e após entrar no transporte coletivo é preciso higienizar as mãos, evitar colocar a mão no rosto, evitar manipular a máscara dentro do transporte coletivo. Quanto maior o número de objetos eu carrego comigo, maior é minha superfície de contato. No transporte rodoviário, por exemplo, carregar uma mala dentro de um ônibus não é interessante, levar muitas bolças e outros objetos aumenta minha superfície de contato, isso pode causar contaminação. Pensando na jornada, é preciso ter o cuidado de chegar em casa, trocar de roupa e ir direto para o banho. Nós fazemos parte do coletivo e as medidas individuais consagradas são importantes para que possamos criar um ambiente seguro para todos. Ninguém pode se isentar dessa responsabilidade. Não adianta só tecnologia se eu, enquanto indivíduo, não fizer parte desse ambiente.” – analisou Dr. Bruno,
Em resposta a uma pergunta na Live sobre quais medidas sanitárias haviam sido adotadas pelas empresas de transporte público, dentre uma lista extensa de ações, Sr. Cunha destacou: “Fizemos recomendações específicas para empresas operadoras, administradoras de terminais de passageiros, recomendações aos passageiros e aos órgãos de gerência. Intensificamos a circulação de ar dentro dos ônibus, reforçamos a limpeza interna dos veículos a noite com uma higienização severa e ao longo do dia limpezas mais rápidas quando os ônibus chegam nos pontos terminais a cada viagem. Além da desinfecção, fornecemos material informativo, orientamos funcionários para métodos de prevenção contra o Coronavírus, colocamos à disposição uso de álcool gel, estimulamos utilização de cartão de pagamento por aproximação.
Aos passageiros, recomendamos manter janelas abertas, evitar horários de pico, evitar aglomerações e procurar distanciamento nos terminais, usar máscara, higienizar as mãos antes e logo após a utilização do transporte público. O caso de só poder circular com passageiros sentados é controverso porque se em uma parada, quando o ponto está cheio, o motorista ou cobrador não têm poder de polícia para impedir a entrada de pessoas. O que a gente está tentando propor ao governo é uma medida salutar de distribuição de demanda. A ideia é que comércios trabalhem em diferentes horários de funcionamento para cada tipo de atividade econômica”.
Dr. Bruno citou o “novo normal” como novos costumes. – “A pandemia fez com que barreiras para evolução fossem aceleradas. Na parte de medicina diagnóstica, até então, as pessoas faziam exames em um local, agora a quantidade de pessoas que querem fazer exame em domicílio aumentou abruptamente. Essa dinâmica vai mudar em função de restrições de contato, até pelo menos a gente ter certeza de que a população está mais imunizada. E novas contaminações vão diminuir. O Home Office veio para ficar. Os próprios colaboradores já mostram que se adaptaram a rotina de trabalho em casa. Muitas pessoas estão procurando apartamentos maiores, o mercado imobiliário voltou a aquecer. Acho que vão surgir transportes alternativos, a exemplo do movimento de bicicletas que aumentou bastante”.
Petrus, da Veloe, lembrou que 68% das empresas não estimulavam transporte alternativo antes da pandemia, segundo estudo realizado pelo Mackenzie. – “As empresas têm que se engajar mais e fomentar outras formas de deslocamento. Quando a gente fala de vale transporte, estamos falando da base da pirâmide, quando o colaborador passa para outra faixa salarial, acaba não compensando para ele [o percentual de desconto em folha para] utilizar o transporte público. No presente cenário as pessoas tendem a optar por transportes com menos aglomeração, a economia colaborativa está sendo muito afetada. Pesquisas no pré-pandemia apontavam que 40% dos jovens não queriam tirar carteira de habilitação, preferiam utilizar o tempo gasto no deslocamento com outras atividades. O período gasto no trajeto do trabalhador em média era de 2 a 3 horas. Como vai ser agora? Isso tudo a gente está estudando, mas acreditamos muito no engajamento das empresas por transportes alternativos e estamos vendo comportamentos distintos, dentre as pesquisas que realizamos, fizemos uma pergunta se um colaborador aceitaria trocar de emprego ganhando menos e ocupar um cargo inferior para ficar próximo de sua casa, a resposta foi de que 1 em 5 com certeza aceitariam trocar”. – ponderou o superintentende.
COMO FICA A QUESTÃO DA SAÚDE NO TRANSPORTE PELO PONTO DE VISTA ECONÔMICO
O transporte público é crucial para a economia e terá que se reinventar no pós-pandemia, passando por mudanças operacionais e jurídicas que já estão sendo discutidas por gestores públicos, operadores e empresas. Ônibus, metrôs e até aviões terão que se adequar às novas normas sanitárias e limite máximo de passageiros. O desafio agora é preservar a saúde e ao mesmo tempo minimizar o impacto financeiro tanto para empresas de transporte quanto para usuários.
Sr. Otávio Cunha, presidente-executivo da NTU confirmou o cenário desafiador trazendo dados de mercado. “O setor de transporte público foi um dos que mais sofreu com a Pandemia. O setor perdeu em torno de 80% de nossa demanda histórica. A gente vem desde o dia 20 de março ofertando 60% do serviço e transportando apenas 20% de pessoas. A pandemia assustou a todos nós, mas estamos aprendendo a conviver com ela. Algumas pessoas estão com medo ainda de saírem de casa e retomarem suas atividades. – disse Sr. Cunha.
Os meses de pandemia acarretaram prejuízo dentro do território nacional da ordem de R$ 2,2 bilhões, apurados pela NTU. Em São Paulo a SPTrans chegou a apontar queda de 70% na quantidade de passageiros na primeira semana de quarentena.
“É possível conviver com essa realidade e retomar nossas atividades aos poucos. Vamos nos adaptar. Certamente a ocupação do transporte público terá que ser menor. A taxa de ocupação que baliza o custo da passagem hoje, não poderá mais ser de seis passageiros por metro quadrado. É possível que essa retomada leve dois anos para os meios de transporte. Mas a boa notícia é que já existem ônibus adaptados hoje para isolamento do motorista, ventilação natural forçada de uma forma inovadora e área de isolamento para idosos. Estão surgindo soluções e vamos incorporar todas as tecnologias que virão para ajudar”. – finalizou Sr. Otávio.
“Toda evolução tecnológica ajuda bastante. Nesse momento de pandemia fizemos algumas ações, quando o deslocamento estava só para serviços essenciais e ajudou muito no abastecimento das cidades, realizamos uma distribuição de mais de 25 mil tags Veloe em 40 praças de pedágio, para apoiar pessoas que usavam cabines manuais com manuseio de dinheiro”. – contou Petrus.
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