Ainda que março seja um mês com forte presença de temas sobre a liderança feminina, também é uma lembrança de que o assunto precisa estar na agenda da área de Recursos Humanos durante o ano inteiro. A presença de mulheres nas posições de destaque na administração de empresas no Brasil vem aumentando, mas ainda é pouco. Segundo um estudo da consultoria de recrutamento e seleção de executivos Heidrick & Struggles, de 108 vagas em Conselhos abertas no Brasil no ano passado, apenas 20% foram ocupadas por mulheres.

O levantamento foi feito em 15 países e apontou que nos EUA, 44% das novas vagas foram destinadas a mulheres. Na Espanha e em Portugal, as taxas chegam 48% e 47%, respectivamente. Hoje, as líderes ficam com 11% das cadeiras nos conselhos das cem empresas mais negociadas na Bolsa e que compõem o índice IBrX 100, segundo o 30% Club Brasil, movimento que milita pelo aumento da presença de mulheres em conselhos.

A pergunta é: o que fez esses números aumentarem nesses países? França, Itália e Alemanha contam com uma legislação que prevê essa cota. Já em países como Reino Unido e Austrália, as próprias empresas se uniram para alcançar essa meta. No Brasil, o 30% Club Brasil encabeça essa ação para manter, no mínimo, essa cota.

Enquanto isso, no Brasil, a iniciativa Women On Board oferece um selo para empresas que tenham pelo menos duas mulheres no conselho de administração, criando uma competição saudável. Uma pesquisa recente do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em referência ao ano de 2018, mostrou que apenas 15% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres no Brasil. E, mesmo tão baixo, já podemos comemorar, porque em 2017 esse percentual era de 8%.

Alguns estudos tentam entender se a liderança feminina traz vantagens especiais para o time. Com o cenário da pandemia da Covid-19, essa comparação se tornou inevitável. Um estudo divulgado em 2020, analisou 194 nações e indicou que os países liderados por mulheres apresentaram políticas mais eficazes durante a primeira onda da pandemia.

Trazendo para o universo corporativo, estudos da consultoria Zenger/Folkman apontam que as mulheres são mais eficientes para assumir cargos de liderança. Além disso, elas também sabem conduzir melhor os relacionamentos profissionais do que os homens. Não é uma regra, mas as executivas tendem a ser mais colaborativas do que os seus pares do sexo masculino.

Como aumentar o número de mulheres nas empresas

Para aumentar a presença das mulheres nas empresas e promover desenvolvimento econômico, a Organização das Nações Unidas, UN Women (ONU Mulheres), e o Pacto Global criaram os Princípios de Empoderamento das Mulheres, que têm como objetivo trabalhar a equidade de gênero dentro das corporações. Confira quais são eles e se inspire:

  • Estabelecer uma liderança corporativa de alto nível para a igualdade entre gêneros;
  • Eliminar obstáculos que impedem o crescimento profissional e diminuem as chances de as mulheres conquistarem cargos de liderança;
  • Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não discriminação;
  • Possibilitar que homens e mulheres recebam o mesmo salário, sem discriminação de gênero.
  • Assegurar a saúde, segurança e bem-estar de todos os trabalhadores;
  • Extinção de toda forma de violência no ambiente de trabalho, seja ela verbal, física ou assédio sexual;
  • Promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional para as mulheres;
  • Favorecer a capacitação profissional para as mulheres, possibilitando a elevação do empreendedorismo feminino;
  • Implementar o desenvolvimento empresarial e as práticas da cadeia de abastecimento e de marketing que empoderem as mulheres;
  • Respeito à imagem da mulher e seu papel na sociedade em todo o material de marketing da empresa, além de incluí-la nos processos criativos;
  • Promover a igualdade de gênero por meio de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social;
  • Incentivo ao reconhecimento da liderança da mulher e suas contribuições para o desenvolvimento da sociedade;
  • Medir e publicar relatórios dos progressos para alcançar a igualdade entre gêneros.

Em síntese, a liderança feminina no mercado de trabalho no Brasil ainda tem um caminho tortuoso pela frente. Ela trará benefícios não só para o mundo corporativo, mas principalmente para a economia como um todo, por isso precisa ser colocada em pauta, promovida e incentivada.

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