Não é novidade que uma das principais habilidades requeridas para os profissionais, independentemente de nível hierárquico, é a visão holística. Cada vez mais as empresas buscam funcionários com um olhar que vai além da sua função operacional. Justamente para possibilitar essa perspectiva mais ampla muitas companhias têm adotado o job rotation.

Job rotation: o que é?

Trata-se de um mecanismo em que o colaborador passa por diversas áreas da empresa durante um período determinado de tempo. Em tradução livre do inglês o termo ‘rotação de empregos’ ou ‘rotatividade de trabalho’ foi criado para o profissional vivenciar o dia a dia de outra área dentro da empresa. É um conceito bastante utilizado por multinacionais e empresas bem estruturadas para desenvolver estagiários, trainees e também novos líderes, que possam se beneficiar com uma visão mais estratégica de como distintas atividades se inter-relacionam.

Mas afinal, esse formato é interessante para quais empresas?

Para Rodrigo Vianna, CEO da Mappit, consultoria do Talenses Group especializada no recrutamento para vagas em início de carreira, o job rotation é uma ferramenta essencial para companhias interessadas em equipes multifuncionais e dinâmicas. “Esse mecanismo tem muito a ver com troca de experiências complementares”, diz.

Renata Filippi, sócia da consultoria de recrutamento SOUL, defende que o formato é uma maneira dos profissionais entenderem, na prática, como a organização funciona como um todo. “Além disso, outra vantagem essencial é a possibilidade dos profissionais desenvolverem outras habilidades e, assim, se tornarem multitarefas. Essa flexibilidade também tem sido muito requerida”, afirma.

Cesario Nakamura, CEO da Alelo, é um dos defensores do job rotation. O porta-voz da companhia afirma que até chegar ao cargo presente na Alelo passou por outras empresas e trabalhou em áreas fazendo diferentes atividades, com exceção do RH. “Minha formação é em engenharia e já atuei em área de produtos, comercial, financeiro, operações e TI. Eu acho que isso me ajudou muito no desenvolvimento de carreira e fez com que eu crescesse sem precisar trocar de empresas inúmeras vezes”, afirma.

Além do crescimento profissional baseado em novas experiências, as empresas que aderem ao job rotation podem ganhar com os colaboradores que já conhecem a cultura e os valores e, ao ingressarem em outros departamentos podem trazer uma visão complementar ‘não viciada’ e aportar novas ideias ao negócio. Além disso, o job rotation funciona como uma ferramenta de retenção de talentos, já que possibilita um desenvolvimento horizontal de carreira.

Como implantar o job rotation?

Não há limitações dentro das empresas na hora de planejar o job rotation. Normalmente, se estabelecem períodos entre três meses e um ano para a circulação nas novas funções. Quanto mais detalhado for o programa, melhor. Na prática, as regras precisam ser claras e o funcionário precisa saber para quem vai se reportar, como será avaliado, quais são as expectativas e como ficam questões práticas como remuneração e horário de trabalho.

Segundo Renata, o job rotation costuma fazer mais sucesso entre profissionais jovens, que ainda estão em fase de formação e têm a oportunidade de aprender sobre outras áreas, além das de sua atuação. Mas isso não é uma regra e o profissional que se interessar pelo formato deve ser acolhido. “A ressalva é que o job rotation é mais indicado e melhor aproveitado se o profissional for atuar em áreas relacionadas ou que precisam de competências similares”, diz a consultora. Um exemplo muito comum é o profissional que atua em vendas fazer job rotation na área de marketing ou trade marketing e vice-versa. Também é frequente a mesma situação em subsistemas de finanças, dentre outros.

Mas a verdade é que não há um único formato mais indicado para implantar o job rotation na sua empresa. “O modelo depende de algumas variáveis, desde como é a cultura organizacional da companhia em questão, até o quanto cada empresa está disposta a investir tempo nesse tipo de prática, já que a forma como acontece essa rotatividade de profissionais pode impactar diretamente a produtividade de algumas áreas”, explica Rodrigo.

Outra variável importante é a própria disposição dos funcionários em questão para esse tipo de prática. Tudo isso conta. Por isso, cada empresa que tiver interesse em colocar o job rotation em pauta deve entender, de forma customizada, qual a melhor maneira de o fazer.

O que analisar antes de implantar o job rotation?

Os riscos desse processo também não podem ser descartados. De acordo com Rodrigo, as vantagens são mais numerosas, mas as empresas precisam ficar atentas porque a troca de profissionais de áreas pode tornar os processos mais lentos, já que os profissionais novatos (oriundos de áreas distintas) vão precisar aprender o básico das novas funções e vão deixar de atuar com o que eles mais têm experiência.

“É um processo que exige tempo e interesse. Afinal, os profissionais que vão permanecer em suas áreas precisarão deixar suas atividades de lado por alguns instantes para ensinar. Por isso, a perda de produtividade em um primeiro momento é um risco”, avalia.

Renata pontua ainda que outra desvantagem é o profissional não ter a mesma performance na área em que está fazendo job rotation e isso prejudicar a sua imagem dentro da companhia. “Por isso, é fundamental que haja um bom acompanhamento desse profissional, para ter certeza de que ele está motivado e confortável com o que está sendo sugerido em todas as etapas”, finaliza.

Para concluir

Em resumo, o equilíbrio entre o ganho de experiência, a formação de profissionais multitarefas e a questão da eventual perda momentânea de produtividade deve ser analisada antes de aderir ao formato. E na sua empresa, como isso funciona? Compartilhe com a gente!

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