Uma liderança voltada a uma agenda ESG é fundamental para as organizações que estão em constante evolução – e que querem se destacar cada vez mais em seus setores.
Inclusive, segundo a pesquisa Panorama ESG no Brasil, da Amcham Brasil, em parceria com a Humanizadas, 59% das organizações que estão inovando em ESG também estão com seus negócios em expansão.
Pensando nisso, preparamos um texto completo sobre a importância dos líderes em ESG para as companhias! Vamos nessa?
ESG nas empresas
Antes de pensarmos sobre os líderes, vamos retomar rapidamente o termo.
ESG refere-se a três pilares: meio ambiente (E; enviromental, em inglês); social (S); governança corporativa (G). Eles devem guiar as práticas de uma empresa. E o que esses três pontos dizem para nós?
- Meio ambiente: são práticas relacionadas ao impacto ambiental. Neste critério, são englobadas questões como: gestão de resíduos, eficiência energética, emissões de carbono, uso sustentável de recursos naturais, etc.
- Social: este pilar está relacionado ao impacto social da empresa, seja em sua equipe, clientes, comunidade e sociedade em geral. Aqui, podem existir práticas de trabalho justo, diversidade e inclusão, direitos humanos e segurança do trabalho.
- Governança: por fim, o terceiro critério refere-se à estrutura de governança da empresa e à forma como ela é administrada, incluindo aspectos como transparência, responsabilidade corporativa, ética nos negócios, composição do conselho de administração e práticas contábeis.
Como é o cenário no Brasil de líderes ESG?
O levantamento “Líderes de Negócio do Brasil e ESG”, da Data-Leaders, desenvolvido pela Data-Makers em parceria com a CDN, identificou que ESG se tornou uma pauta fundamental para as empresas, com 92% dos líderes afirmando que entendem a importância do tema para os negócios.
Mas, a grande maioria dos gestores, não tem tanto conhecimento sobre o assunto. Segundo a pesquisa, apenas 16% dos líderes de negócios declararam conhecer ESG em profundidade, com 71% dos gestores alegando ter um conhecimento razoável sobre o tema.
O estudo também mostrou que os líderes acreditam que o ESG merece mais atenção da comunidade. No entanto, ele identificou que a principal barreira de adoção de práticas é exatamente a falta de conhecimento das lideranças, com quase a metade de gestores admitindo este fato.
De acordo com o levantamento, 56% dos gestores expressaram comprometimento em participar ativamente de ações ESG, seja diretamente (35%) ou liderando essas iniciativas (21%). Já 35% pretendem apoiar tais ações.
Os CEOs preferem participar apoiando (41%) e liderando (33%) iniciativas ESG, enquanto os C-Levels buscam atuar diretamente nestas práticas (50%).
Vale lembrar que os C-Levels, ou executivos de nível C, são os cargos de liderança de alto escalão em uma organização, cujos títulos começam com “Chief”, que significava “chefe” em inglês. Esses executivos desempenham papéis estratégicos e têm responsabilidades na tomada de decisões que afetam toda a empresa.
Afinal, qual é o papel da liderança na adoção de práticas ESG?
É fato que a abordagem ESG é muito importante e diversos estudos mostram como ela é fundamental para empresas que querem crescer. No entanto, também é indispensável que os líderes estejam alinhados com suas práticas.
Estamos falando, afinal, de uma metodologia com três pilares que são essenciais para seu funcionamento, e cabe ao líder reconhecer se todos estão sendo abordados por meio das práticas estabelecidas na empresa.
Se houver falhas em qualquer um dos conceitos, a eficiência da metodologia pode ser danificada. Daí a importância de líderes comprometidos.
Os gestores também são referência para a equipe e para os stakeholders, ou em tradução livre, partes interessadas. A transparência, o diálogo aberto e a parceria são fundamentais para o sucesso a longo prazo dessa metodologia.
Também cabe aos líderes criarem uma consciência coletiva interna sobre a importância da responsabilidade ambiental, social e de governança em todas as operações da companhia.
E quais são as principais características de um líder ESG?
Um gestor que está alinhado ao tema deve:
Ter uma visão sistêmica
A visão sistêmica refere-se à capacidade de compreender e interpretar fenômenos, situações ou problemas dentro de um contexto mais amplo, considerando as interações e relações entre os diversos elementos envolvidos.
Com essa visão, os gestores conseguem analisar as interdependências e as influências mútuas entre esses componentes.
Ter capacidade de adaptabilidade e inovação
Esse cenário de ESG está em constante evolução. Por isso, os líderes alinhados com essa abordagem devem estar prontos para se adaptar e para serem inovadores, sempre dispostos a incorporarem novas práticas e tecnologias à medida que elas surgem.
Além disso, é necessário repassar ao time que a empresa apoia e está de acordo com essa flexibilidade, mostrando que é possível ser flexível para atender as demandas dessa metodologia.
Ser transparentes com todos
Comunicar efetivamente as iniciativas e os progressos relacionados a ESG é extremamente importante. Mas não apenas isso. Os líderes devem ser transparentes sobre os desafios enfrentados, os objetivos alcançados e o impacto real das práticas na organização.
Vale lembrar que agir eticamente também é fundamental, além de ser necessário ter uma postura que esteja sempre de acordo com a cultura organizacional da empresa.
Saber dialogar
A habilidade de influenciar e engajar diversas partes interessadas neste processo, como: colaboradores internos, investidores, clientes e comunidades, é essencial para que as práticas se mantenham em pleno funcionamento.
Por isso, os líderes ESG devem ser capazes de construir relacionamentos sólidos e promover o diálogo aberto, sempre transparecendo que estão dispostos a ter uma comunicação clara e transparente.
Ter empatia
De modo geral, ser um líder empático é uma característica essencial, visto que ajuda a criar e manter relações positivas com diversos stakeholders, orienta a tomada de decisões éticas e responsáveis, e contribui para o desenvolvimento de uma cultura organizacional sustentável e socialmente consciente.
Não à toa, líderes ESG comprometidos com a empatia contribuem para o desenvolvimento de uma cultura organizacional mais sustentável.
Desenvolver habilidades ESG
Como o tema está em constante evolução, é importante que os líderes estejam acompanhando as novidades para desenvolver suas habilidades regularmente, visando atender à agenda ESG.
Cursos, formações, livros, etc. são alternativas fundamentais para os gestores que querem se aprofundar na área e ser referência no assunto.
Exemplos de líderes e CEOs referência em ESG
Há alguns gestores que se destacam internacionalmente por seu papel frente à agenda ESG. Um exemplo é Denise Hills, diretora de Sustentabilidade para América Latina na Natura&Co.
Em 2022, Hills foi escolhida como SDG Pioneer Brasil. O prêmio elege a melhor liderança de sustentabilidade, reconhecimento do Pacto Global da ONU. Junto à marca, – a gestora tem excelentes projetos, como o Programa Natura Amazônia, que visa ao bem-estar dos povos locais e à erradicação do desmatamento.
Outro exemplo é Lisiane Lemos, gerente de Programas de Recrutamento de Diversidade, Equidade e Inclusão no Google para América Latina, que já conquistou diversos prêmios em sua carreira.
Uma amostra do seu reconhecimento aconteceu em 2017, quando ela integrou a lista Forbes Under 30 no Brasil e foi apontada como uma das mulheres negras mais influentes pelo MIPAD (Most Influential People of Africa Descent) da ONU, na categoria negócios e empreendedorismo.
Ricardo Voltolini é CEO e fundador da consultoria Ideia Sustentável, e um dos primeiros e mais experientes especialistas em sustentabilidade empresarial e ESG do Brasil. Inclusive, Voltolini é o autor do livro “Vamos falar de ESG?”.
E, você, tem algum líder e/ou CEO referência em ESG que te inspira? <3