Nesta semana a cidade de São Paulo foi palco do maior evento de mobilidade do mundo. Entre os dias 29 e 31 de outubro mais de 3 000 executivos percorreram os 12 mil metros quadrados do WTM18. Além de mais de 100 palestras, entre elas de representantes da Alelo, o evento chamou a atenção por ter uma cidade cinematográfica do futuro com projeções em 360 graus que se inspiraram em Manhattan, Nova Iorque. Centenas de pessoas passaram pelos quatro espaços três andares do evento e trocaram experiências sobre mobilidade.

Questões como o impacto dos deslocamentos no mercado de trabalho, reflexões sobre o uso do tempo, como a conectividade pode fortalecer a corrente do anywhere office, segurança no trânsito, o novo papel do gestor de frota, além das principais tendências tecnológicas da mobilidade — como patinetes elétricos, carros autônomos, drones tripulados e até transporte em cápsulas — dominaram as discussões nos três dias de evento. A importância do mercado corporativo para ajudar nessa evolução em um país cheio de limitações logísticas ficou evidente.

“Somos 5 milhões de empresas e 4 mil startups no Brasil. Já passou do tempo do mercado corporativo assumir seu protagonismo na criação do país em que queremos viver”, disse Flavio Tavares, fundador do Instituto Parar e CMO da GolSat

Empresas como Alelo, Google, Cisco, Uber, Embraer, Voom Flights, Hyperloop, Iara, Volkswagen, PSA, Volvo Car, General Motor, BMW, FCA e Ford enviaram representantes para discutir os principais rumos da mobilidade. A fim de compartilhar a experiência da Alelo nesse assunto, André Turquetto, diretor de Marketing, Produtos e Inteligência Comercial da Alelo, foi um dos convidados de destaque do WTM18. Ele apresentou dados consistentes sobre a necessidade de mudar o conceito de mobilidade que conhecemos hoje. Segundo ele, a movimentação de pessoas é uma das principais questões para as áreas de recursos humanos das empresas.

“Não estamos falando apenas de redução de despesas, mas também de atração e retenção de talentos”, disse. O executivo embasou sua fala em uma pesquisa realizada pela Alelo, com cerca de 5 000 trabalhadores, em que 60% dos respondentes afirmaram que aceitariam mudar de emprego ganhando menos caso a necessidade de deslocamento fosse menor.

Entre as iniciativas da Alelo para inspirar seus colaboradores e tornar a questão da mobilidade mais tranquila, a empresa implantou o anywere office. A política, que mexeu com a cultura da empresa, incentiva que parte dos colaboradores trabalhem de forma remota duas vezes por semana, não importando onde ele esteja. Também há a iniciativa de carona, onde a empresa incentiva que pessoas com trajetos parecidos compartilhem o carro. “São mudanças necessárias que dão autonomia e liberdade para os funcionários”, disse.

Do ponto de vista de soluções para o mercado, a Alelo aproveitou o evento para reforçar o lançamento recente da Veloe, que atua no segmento de pedagiamento eletrônico e meios de pagamentos para mobilidade urbana no Brasil. Além disso, Turquetto falou sobre o Alelo Mobilidade, o primeiro produto do mercado que permite que o colaborador escolha como quer se deslocar. “Nossa meta é encontrar formas de facilitar a questão da mobilidade. Com esse produto, quem escolhe é o usuário, que pode locar desde uma bicicleta, ir de carro compartilhado ou até mesmo de avião”, disse.

O presidente da gigante de tecnologia Cisco, Laércio Albuquerque, também é um dos entusiastas da nova mobilidade. Em sua apresentação, ele contou que foi contratado como principal executivo na empresa sem sequer uma entrevista presencial.

“No começo achei estranha essa cultura do home office. Agora entendo que o futuro do trabalho é sobre o que a gente faz, não sobre onde a gente está”, diz.

Para ele, a cultura da presença para mostrar produtividade deve ser revista urgentemente. “De nada adianta uma empresa que se diz moderna ao permitir home office se o gestor pressiona seus colaboradores. A mudança é profunda e deve ser feita de forma rápida”, afirmou.

Reflexão sobre o tempo

Walter Longo, executivo com carreira longa no setor de comunicação e mentor de estratégia e inovação no Instituto Parar, também falou sobre a questão da carreira e o tempo. Para ele, curiosidade, entusiasmo e otimismo são essenciais. “Só vale a pena estar em um lugar se você é o CEO da sua vida e da sua carreira. Deslocamentos precisam valer a pena”, disse.

Entre os executivos que ajudaram na reflexão sobre o uso do tempo, o conceituado designer Hans Donner e o influenciador Marcos Piangers foram aclamados pelo público. O primeiro ao explorar o conceito de Kairós, que busca embasamento na mitologia grega para entender o momento certo ou oportuno, e apresentar um protótipo de relógio e o segundo por abordar questões da paternidade e ajudar a pensar porque faz sentido sair de casa todos os dias. “As crianças não sabem o valor das coisas. Você dá seu tempo para conseguir comprar algo para os filhos e às vezes eles só queriam ficar com você. A presença se faz necessária “, disse o escritor com mais de 250 mil títulos vendidos.

Startups e tecnologia

Além da parte motivacional e de reflexão sobre a carreira, o evento do WTM18 também reuniu importantes tendências da mobilidade. Deu espaço para mais de 50 startups apresentarem seus negócios. De olho nesses potenciais negócios, João Kepler, um dos fundadores da Bossa Nova Investimentos, empresa focada em conceder capital para startups com mais de 350 companhias no portfólio, também andou pelo evento. Ele disse que pretende chegar a 1 000 empresas patrocinadas até o fim do ano destacou a importância da mobilidade.

“No fim das contas, tudo é sobre como você se movimenta. É uma questão de oferecer escolhas. Já estamos muito além do carro e temos cada vez mais possibilidades, inclusive de não sair de casa”, afirmou.

Entre as principais tecnologias exploradas durante o evento está a da empresa americana Hyperloop Transportation Technologies (HTT), de transporte em cápsulas, que promete encurtar viagens sem poluição sonora e sem emissão de C02. “Somos uma espécie de avião sem asa”, disse Bibop Gresta, representante da Hyperloop. Ele afirma que já há 11 contratos fechados e que em 2019 a primeira linha será inaugurada em Touluse, na França. O Brasil já está na lista de interesse e a empresa montou um centro de inovação em logística na cidade de Contagem, em Minas Gerais, em abril deste ano. “Não é novidade pra ninguém que o Brasil tem muitos problemas logísticos e muito potencial. Estamos aqui para ajudar a transformar a mobilidade e queremos fazer o caminho entre Rio de Janeiro e São Paulo em breve”, prometeu o executivo.

A brasileira Scoo, de patinetes elétricos também apresentou seu serviço de locação lançado recentemente em São Paulo. Com R$ 1,50 é possível atravessar a Avenida Paulista, por exemplo. “Mais barato que ônibus e metrô. Somos mais que uma alternativa de transporte, somos economia na milha final”, diz Indio Brasileiro, fundador da Scoo. Outra brasileira que ganhou destaque no evento foi o projeto Iara (Intelligent Autonomous Robotic Automobile), o primeiro carro 100% autônomo fabricado no Brasil. O projeto foi desenvolvido por pesquisadores da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), e em breve deve andar por vias urbanas e em rodovias sem intervenção humana.

Uber e Google também enviaram representantes ao evento e discutiram a importância dos veículos compartilhados e a necessidade de ampliar as possibilidades de transporte — e como a informação pode ajudar nessa escolha.

“Segundo um estudo nosso, 68% da população global não precisa ter carro para se locomover. Os veículos respondem por 30% das emissões no mundo. Temos que discutir isso. Em 2030 essa indústria estará totalmente transformada”, diz Steven Choi, diretor de produtos do Uber.

Ao que tudo indica, há muita mudança a caminho. Conte com a gente para acompanhar os movimentos e estar sempre ligado nas principais tendências de mobilidade.

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