A pandemia do novo coronavírus trará resultados ruins para a economia brasileira. Este já é um fato que vem sendo observado a cada divulgação de indicadores nos últimos meses. A previsão do mercado é de uma queda de 5,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020. Enquanto isso, alguns setores mostram certa resiliência e são esperança para ajudar a alavancar uma retomada.
Setores promissores para retomada pós-covid19
Com a recomendação de isolamento social, setores como tecnologia da informação, ensino online, seguro saúde, logística e telemedicina tiveram aumento expressivo de demanda e tendem a continuar em alta depois que o surto do novo coronavírus passar.
Para Cristiane Quartaroli, economista e estrategista do Banco Ourinvest, a aposta da vez é o setor de agronegócio. Já conhecido por sua relevância na economia do país por representar cerca de 5% do PIB, fatores como o dólar em alta, que torna grãos como soja e milho mais competitivos, e a retomada do consumo de países como a China, devem jogar a favor do setor nos próximos meses.
Há ainda os setores que tiveram um aumento temporário na demanda, mas devem voltar à normalidade após coronavírus, como alimentação delivery, setor farmacêutico e produtos de limpeza. ”Nos próximos meses, esses segmentos ainda terão alta no consumo e devem aproveitar para construir caixa e fidelizar clientes para quando o cenário normalizar”, aconselha.
Na lista dos setores com forte queda ao longo da crise e que poderão se recuperar rapidamente depois estão frentes como serviços estéticos, vestuários e indústria moveleira, por exemplo. “Com a retomada gradativa da economia e a redução do isolamento social, essas frentes tendem a voltar a ser importantes pois são recorrentes na vida das pessoas”, diz a economista.
Em contrapartida, áreas como turismo, entretenimento e restaurantes devem demorar um pouco para sentir uma retomada e vão precisar reinventar a forma de trabalho. “O novo normal impacta mais essas áreas e a inovação deve ser uma constante para atrair os consumidores de volta com segurança”, avalia.
Para Cristiane, os efeitos da pandemia são intensificados pelo ambiente político. “Algumas reformas esperadas ainda estão no papel. Há uma pauta que prevê a votação de frentes como a reforma tributária e administrativa, mas está difícil visualizar isso em curto prazo”, diz.
Como manter as relações para acelerar a retomada
Segundo Fernando Mantovani, diretor geral da consultoria de RH Robert Half, os próximos meses serão decisivos para definir a velocidade da retomada brasileira. Ele aconselha como as relações certas podem ajudar nesse movimento de recuperação em algumas frentes.
Sobre o relacionamento com os clientes ele aconselha nunca perder a proximidade, independentemente do momento da economia, do país ou da sua empresa e da dele.
“Não estou falando especificamente de laços de amizade, mas de uma relação na qual você demonstre ser um fornecedor interessado em entender os desafios enfrentados e buscar formas de agregar valor ao negócio. Se o seu interesse for genuíno, quando houver uma oportunidade, você ou a marca da sua empresa certamente serão lembrados”, diz.
O relacionamento com os gestores também mudou. O distanciamento social trouxe desafios para profissionais de todas as faixas da pirâmide. Quando falamos especificamente dos líderes, muitos, da noite para o dia, precisaram abrir mão do microgerenciamento e lidar com a gestão remota.
Mantovani aconselha que os funcionários procurem os gestores e peçam uma avaliação, ainda que informal sobre seu desempenho nos últimos meses. A ideia é entender em quais pontos se destacou, em que precisa melhorar e o que ele espera de você nos próximos meses. “Nesse bate-papo, aproveite para apresentar suas considerações, necessidades e percepções. É dever do líder propor uma conversa de feedback. Porém, o colaborador que toma essa iniciativa é sempre visto como alguém interessado em evoluir”, diz o diretor.
O executivo defende que alguns indicadores começam a mostrar que há sinais de melhora da economia, como o movimento nas cidades e certo interesse das empresas em voltar a recrutar. Tudo de uma forma bastante cautelosa e tímida. Porém em escala crescente, se compararmos semana a semana.
“O aquecimento será lento, mas gradual. Devemos aproveitar o momento atual para capitalizar em cima de todo o esforço investido nos últimos meses. Afinal, a maratona é longa, mas cada dia estamos mais perto do fim”, conclui Mantovani.
Leia também aqui no blog Alelo outro post relacionado ao assunto com enfoque em oportunidades para retomada de consumo no setor de alimentação.