Pense nos taxistas que se depararam com o Uber, nos hotéis que precisaram encarar o Airbnb, nos restaurantes que viraram concorrentes dentro do Ifood e nas imobiliárias que veem anúncios aparecendo sem parar no Quinto Andar. Os modelos de negócios são reinventados a todo tempo. A mesma lógica vale para as nossas competências. O que era fundamental ontem, pode não valer muita coisa amanhã. Ou seja, a necessidade de se reinventar é constante.
A pandemia exigiu — e ainda vai exigir — muito de cada um de nós. O mercado de trabalho, por exemplo, viveu a transformação mais rápida do da história moderna. E essa onda de mudanças colocou em cheque as competências dos profissionais. Por isso, ganha força o termo reskilling, que na tradução livre remete a aprender novas habilidades para se requalificar.
O relatório “The Future of Jobs 2020” do Fórum Econômico Mundial sinaliza que 50% das habilidades profissionais devem mudar nos próximos cinco anos e destaca duas delas: a criatividade e a flexibilidade. Mais uma vez, os quesitos que integram o perfil profissional não são somente técnicos.
Há alguns anos, programar era o “novo inglês” — todo profissional deveria saber, não importava o cargo. Agora, soft skills, como inteligência emocional e inovação, também parecem premissa básica de qualquer profissão.
Segundo a pesquisa mais recente da consultoria Randstad sobre o tema, 60% dos trabalhadores sentem que aprenderam as habilidades necessárias para se adaptarem ao período de pandemia e para o futuro. No entanto, é preocupante que 40% digam que ainda estão lutando para desenvolver as competências exigidas nesta era digital.
“É fato que a pandemia acelerou mudanças, mas muitas delas já estavam em andamento e cedo ou tarde iriam bater à porta. Basta olhar para o impacto dramático que a automação e a digitalização têm causado na indústria e no setor de serviços”, diz Pedro Passos, consultor de RH especializado em gestão da mudança.
Segundo ele, não dá mais para adiar a capacitação da força de trabalho para as necessidades atuais. E trata-se de uma responsabilidade compartilhada entre empresa, líder e profissional. “A verdade é que a proatividade sempre é bem-vinda, mas as empresas também não podem se eximir desse processo”, afirma Pedro.
Quais as competências do futuro?
Adivinhar as competências que serão mais importantes no futuro pode até parecer uma missão difícil, mas a verdade é que a pandemia escancarou necessidades que até então não eram tão primordiais — e devem permanecer em alta nos próximos anos.
“O poder de adaptação e a resiliência com certeza estão entre essas habilidades que precisam ser desenvolvidas”, afirma o consultor.
Segundo Maristela Abreu, consultora sênior da EY People Advisory Services, as novas competências implicam desde mais chances de recolocação em tempos de alta de desemprego, como garantia de bons resultados nas corporações.
“Os colaboradores não devem ser avaliados apenas com base nos seus objetivos anuais, competências comportamentais e técnicas, bem como os Key Performance Indicators (KPIs) já definidos para as suas funções, mas também com base nesta adaptação célere que a pandemia exigiu de todos nós”, diz.
Para ela, há algumas frentes que devem ser desenvolvidas por meio de iniciativa pessoal ou de treinamentos corporativos. Confira a seguir:
Para a especialista, é preciso desapegar da ideia de investir muito tempo e dinheiro no aprendizado de uma competência que valerá para sempre, como viemos fazendo ao longo do último século.
“Entre as principais habilidades está a aprendizagem ativa, que coloca definitivamente no mapa das competências a serem desenvolvidas aquela que talvez seja a primeira de todas: aprender a aprender sempre”, afirma.
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