Uma boa rotina alimentar, aliada à prática de exercício físico, ajuda a prevenir diversos tipos da doença. Isso porque alguns alimentos podem fortalecer o sistema imunológico, reduzir a inflamação e até mesmo diminuir o risco de desenvolvimento de certos cânceres.
Mas vale destacar que não existem ingredientes milagrosos que curem ou anulem seu aparecimento, eles apenas podem auxiliar na prevenção contra a doença.
Segundo a nutricionista Natália Yano Kodama, especialista em nutrição clínica do Centro de Oncologia de Rio Preto (CORP), “estima-se que entre 30 e 50% de todos os casos de câncer são preveníveis adotando estilos de vida saudáveis, que incluem alimentação saudável”.
A oncologista Valeska C. do Carmo, membro titular da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), lembra, no entanto, que o estilo de vida é apenas um dos pilares em relação à prevenção do câncer, visto que se trata “de uma doença de causas multifatoriais”.
Pensando nisso, preparamos um texto completo sobre a relação entre o câncer e a alimentação, destacando, ao final, alimentos que são interessantes para incluir na rotina e que podem ajudar na prevenção da doença.
Vamos lá?
Afinal, por que devemos tanto considerar a alimentação?
Sabemos que a alimentação é fundamental para garantir o bom funcionamento do nosso corpo, prevenir doenças e promover o bem-estar geral. E, além disso, ela também pode ser uma aliada no combate ao câncer.
A nutricionista Natália pontua que, segundo “o American Institute for Cancer Research e World Cancer Research Fund, há evidências de que uma maior gordura corporal contribui para o desenvolvimento de 12 cânceres: boca, faringe e laringe, esôfago, estômago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, colorretal, mama (pós-menopausa), ovário, endométrio, próstata e rim”.
Ela fala: “sobrepeso e obesidade aumentam as chances de desenvolver pelo menos doze tipos de câncer, incluindo os mais incidentes na população brasileira, como o de mama na pós-menopausa e o câncer colorretal. Por isso, manter o peso adequado, aliado a uma boa alimentação e atividade física, é importante”.
Nesse sentido, a oncologista Valeska lembra: “Além da gordura corporal, existem os tipos de alimentos que sabemos que contém um grande potencial carcinogênico. Não estamos aqui culpando diretamente esses alimentos, mas não podemos tê-los como rotina. Alimentos processados e embutidos seriam alguns exemplos”.
Por isso, a nutricionista sugere que os alimentos processados e ultraprocessados, como: refrigerantes, sucos artificiais, carnes processadas e embutidos, além de salgadinhos e bolachas recheadas, que são ricos em corantes, conservantes e condimentos, devem ser evitados.
Além disso, Natália também indica a limitação do consumo de carne vermelha e alerta em relação ao excesso de bebida alcoólica.
Mas e se eu não conseguir evitar?
É claro que, às vezes, pode ser difícil seguir uma dieta à risca, não é mesmo?
Por isso, Valeska do Carmo afirma que, não sendo possível eliminar totalmente (que seria o cenário ideal), é importante deixar os alimentos com grande potencial carcinogênico para uma exceção.
Ainda, a oncologista explica que é necessário “eliminar os excessos de gordura e açúcares da dieta”, além de reforçar, novamente, que “a atividade física regular (aeróbica) tem impacto protetor contra o câncer”.
Quais alimentos devo incluir na dieta para prevenção do câncer?
De acordo com a nutricionista Natália, “uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes, que são cheios de vitaminas, minerais e antioxidantes, podem contribuir para a prevenção do câncer”.
De modo geral, ela indica:
- Uma boa hidratação;
- Fazer a maior parte da alimentação com frutas, verduras e legumes;
- Ter um consumo adequado de proteínas e carboidratos (dê preferência a cereais integrais);
- Evitar excessos de açúcares e gorduras saturadas.
Já separa seu Alelo Tudo e inclua na sua rotina alimentar:
Brócolis
O consumo regular de brócolis e outros vegetais crucíferos (couve, repolho, couve-flor) pode combater o desenvolvimento de diversos tipos da doença, como mostrou a pesquisadora Johanna Lampe, professora do Fred Hutchinson Cancer Center.
Estes vegetais são ricos em isotiocianatos, os quais são importantes para as células eliminarem toxinas, o que auxilia na prevenção do câncer.
Açafrão-da-terra
Além de dar mais sabor à comida, essa especiaria pode ser uma grande aliada no combate ao câncer, visto que ela conta com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e anticancerígenas.
O açafrão-da-terra, também conhecido como cúrcuma, tem propriedades medicinais e culinárias amplamente utilizadas. Diversos estudos científicos investigam seus benefícios à saúde, incluindo a potencial prevenção do câncer.
Na hora de fazer um arroz, um legume ou até mesmo feijão, que tal incluir um pouquinho de açafrão? 🙂
Gengibre
Sabia que o gengibre oferece diversos benefícios à saúde?
Ele tem propriedades antioxidante, antimicrobiana e anti-inflamatória, além de substâncias vasodilatadoras, antieméticas, antipiréticas, anticoagulantes, analgésicas e antiespasmódicas.
Algumas pesquisas, que buscam compreender o efeito do gingerol, indicam que seu consumo também pode ser importante em relação à prevenção de alguns tipos de câncer, como cânceres de mama, estômago, pâncreas e cólon.
Inhame
O inhame é um tubérculo rico em nutrientes, em antioxidantes, como betacaroteno e vitamina C, que combatem os radicais livres. Além disso, é uma boa fonte de vitamina A, que é essencial para o funcionamento do sistema imunológico.
Ele oferece diversos benefícios à saúde, incluindo a potencial inibição da doença, especialmente do câncer de cólon.
Este tubérculo pode ser inserido no café da manhã, dar aquela sustância para o dia e, ainda, ajudar na prevenção do câncer.
Grãos integrais
Cheios de nutrientes como: fibras, vitaminas, minerais e compostos vegetais, os grãos integrais são excelentes aliados contra o câncer.
Um estudo de 2020 do Cancer Research UK revelou que grandes doses desses grãos podem reduzir o risco da doença entre 5% e 12%. E tem mais: comer apenas 30 gramas por dia já está associado a uma diminuição de 7% no risco de morte por câncer.
Tomate
O principal componente do tomate relacionado à prevenção do câncer é o licopeno, um carotenoide que confere ao tomate sua cor vermelha característica.
De acordo com a professora assistente de nutrição na Baylor College of Medicine, Nancy Moran, o licopeno pode ser um dos compostos que ajudam na defesa contra cânceres de próstata, mama, pulmão e colorretal.
O tomate costuma ser um queridinho dos brasileiros – e deve, sim, ter seu espaço nas refeições.
Cenoura
O betacaroteno, um tipo de pró-vitamina A, é o principal composto da cenoura que é responsável pelas propriedades anticancerígenas deste legume, visto que ele ajuda a evitar a formação de radicais livres.
Frutas vermelhas
As frutas vermelhas, como: morango, framboesa, amora, cereja e mirtilo, são ricas em compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que podem auxiliar na prevenção do câncer.
Maracujá
Rico em nutrientes com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que podem auxiliar a evitar o desenvolvimento de tumores, o maracujá também pode ser incluído na rotina.
As pesquisas em relação à fruta ainda estão em andamento. No entanto, em 2024, uma pesquisa da Unicamp mostrou que as propriedades antioxidantes da fruta podem atrasar o crescimento de câncer de próstata.
Se tem casos de câncer em minha família, devo ter uma rotina alimentar diferente?
Não!
Segundo a oncologista Valeska do Carmo, “nessas situações de mutações genéticas, as recomendações alimentares são as mesmas da população em geral. O que recomendamos é seguir de perto com o geneticista para realização de exames ou procedimentos determinados e direcionados para conseguir evitar ou fazer o diagnóstico precoce, em que aumentam as chances de remissão”.
Vale lembrar, como pontua a nutricionista Natália Yano Kodama, que apenas “uma pequena proporção de cânceres (menos de 10%) está ligada a uma mutação genética herdada dos pais”.
“A herança de uma mutação genética ligada ao câncer não significa que uma pessoa definitivamente desenvolverá câncer, mas confere um risco maior em comparação com a população em geral”, finaliza.