No cenário empresarial atual, marcado por mudanças aceleradas e desafios complexos, a necessidade de líderes com visão estratégica e sistêmica é fundamental.

A “Pesquisa Global de Previsão de Liderança 2023” revela uma queda na qualidade de liderança na década, sinalizando uma crise emergente nas habilidades de liderar principalmente quando falamos sobre o aspecto estratégico. 

Os dados da pesquisa também sugerem que quase metade dos líderes está focada em tarefas operacionais, sem dedicar tempo suficiente à estratégia do negócio. 

Como consequência disso, ainda segundo o estudo, quase metade das organizações falha em atingir pelo menos metade de seus objetivos estratégicos.

Bora entender melhor o assunto?

Por que líderes devem ser estratégicos?

A capacidade de pensar e agir além do operacional, permite à liderança antecipar desafios, identificar oportunidades e guiar as equipes a partir de uma visão de longo prazo.

Quando os líderes falham em adotar uma abordagem estratégica, as consequências podem ser significativas. 

Decisões reativas e de curto prazo frequentemente substituem abordagens proativas e visionárias, comprometendo tanto o desempenho organizacional imediato quanto a competitividade e a sobrevivência das empresas a longo prazo. 

Além disso, elas podem resultar em:

  • Perda de vantagem competitiva;
  • Dificuldade de adaptação às mudanças do mercado;
  • Alocação incerta de recursos;
  • Falta de inovação ou soluções criativas.

O que os dados indicam?

Outra pesquisa, conduzida pela Springboard, reforça a importância do pensamento estratégico, revelando que, a maioria dos líderes globais, considera essa habilidade como a mais urgente e necessária nas empresas. 

Este dado, em conjunto aos números coletados pela DDI’s Global Leadership Forecast, destaca uma lacuna preocupante entre a necessidade reconhecida de habilidades da liderança e a realidade atual em muitas organizações.

Porque apesar de entenderem a importância da liderança sistêmica no dia a dia do negócio e seu impacto tanto na sustentabilidade financeira quanto na capacidade de se manter relevante a longo prazo, muitos líderes ainda possuem perfis e escopos operacionais.

O impacto negativo da liderança operacional

Líderes assertivos e preparados para desempenhar esse papel, são capazes de navegar com sucesso em ambientes de negócios em constante mudança, impulsionando o crescimento sustentável, fomentando a inovação e construindo organizações resilientes preparadas para os desafios futuros. 

Já os líderes que permanecem focados em aspectos operacionais, frequentemente falham em antecipar tendências de mercado, identificar oportunidades de inovação ou preparar suas organizações para desafios futuros. 

Segundo Josh Bersin, referência global no setor de RH, a falta de visão estratégica pode resultar em:

  1. Organizações estáticas incapazes de se adaptar às mudanças do mercado, comprometendo o sucesso futuro;
  2. Perda de competitividade devido à incapacidade de implementar mudanças necessárias de forma ágil e eficaz;
  3. Baixo desempenho organizacional causado pela falta de práticas de liderança que valorizam a escuta ativa e o desenvolvimento contínuo;
  4. Lideranças despreparadas para enfrentar desafios complexos, devido à falta de foco no desenvolvimento de habilidades de adaptabilidade e gestão de mudanças;
  5. Dificuldade em reter e desenvolver talentos, resultando em baixa mobilidade interna e perda de oportunidades de inovação.
Líderes estratégicos: o futuro das organizações

A liderança estratégica atual

A pesquisa mais recente conduzida pela The Josh Bersin Company apresenta um quadro preocupante sobre o estado atual da liderança estratégica nas organizações. 

Apenas 25% das empresas acreditam que seu desenvolvimento de liderança esteja entregando alto valor para a companhia, e somente 24% consideram que seu modelo de liderança esteja “atualizado”, ou seja, “altamente relevante”. 

Estes dados sinalizam uma crise emergente nas habilidades de liderança estratégica. Além disso, o estudo revela que apenas 15% das empresas cuidam ativamente de seus líderes, monitorando e mitigando o burnout da liderança. 

Este cenário indica uma necessidade de reavaliar e reinvestir no desenvolvimento de líderes estratégicos capazes de navegar pelos desafios complexos do ambiente de negócios atual.

Principais desafios enfrentados pela liderança atualmente

  1. Burnout e falta de energia: 72% dos líderes relatam se sentir “esgotados” ao final do dia, um aumento de 12% desde 2020. 
  2. Adaptação ao trabalho híbrido: apenas 27% dos líderes em funções híbridas se consideram eficazes na liderança de equipes híbridas e virtuais. Esses dados reforçam a necessidade de desenvolver novas competências de liderança para ambientes de trabalho flexíveis.
  3. Gestão de mudanças: com 58% dos líderes globais trabalhando em modelos híbridos, principalmente pós-COVID, a capacidade de liderar a partir da mudança e da incerteza se tornou uma habilidade indispensável.
  4. Engajamento de equipes: um em cada cinco funcionários está em risco de burnout devido ao baixo engajamento entre equipe e liderança, número que destaca a importância de líderes que possam inspirar, motivar e trabalhar em sintonia.

*Dados retirados da pesquisa Global Leadership Forecast 2023.

O papel do RH no desenvolvimento de líderes estratégicos

O departamento de Recursos Humanos tem um papel fundamental na transformação de líderes operacionais em estrategistas visionários.

Uma pesquisa da Deloitte mostra que as organizações estão investindo mais recursos e talentos na função de Estratégia, com 74% das organizações agora tendo uma função formal de Estratégia, um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos anos anteriores.

Mas para isso, o RH deve:

  1. Implementar programas de desenvolvimento de liderança focados em habilidades estratégicas.
  2. Utilizar tecnologias avançadas para personalizar o aprendizado e acompanhar o progresso dos líderes.
  3. Fomentar uma cultura de aprendizagem contínua e inovação.
  4. Alinhar as práticas de desenvolvimento de liderança com os objetivos estratégicos da organização.

Ela complementa, “percebo que a educação corporativa desempenha um papel essencial nesse processo de transformação da liderança. O treinamento não deve se limitar ao aperfeiçoamento das habilidades operacionais, mas também ao desenvolvimento de competências estratégicas. Quando um líder é capaz de se distanciar das tarefas rotineiras, ele ou ela adquire uma visão mais clara do futuro da organização e das mudanças necessárias para alcançar as metas de longo prazo”.

Habilidades estratégicas podem ser desenvolvidas a partir de:

1. Visão sistêmica e pensamento integrado

Esta habilidade envolve a capacidade de compreender as interconexões entre diferentes áreas do negócio, o ambiente externo e as tendências de mercado. O RH pode trabalhá-las:

  • Implementando programas de rotação de liderança entre diferentes departamentos;
  • Organizando workshops interdepartamentais para resolução de problemas complexos;
  • Oferecendo treinamentos em pensamento sistêmico e design thinking.
  • Promovendo projetos crossfuncionais para estimular a colaboração.

2. Agilidade adaptativa e resiliência

Refere-se à capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças, manter a eficácia sob pressão e recuperar-se de contratempos. Para isso, é necessário:

  • Avaliar programas de coaching e mentoria focados em resiliência e como trabalhá-los internamente;
  • Disponibilizar treinamentos em metodologias ágeis e gestão de mudanças;
  • Simular e cenários desafiadores para os líderes praticarem adaptabilidade;
  • Incentivar a cultura de aprendizado contínuo e experimentação.

3. Liderança inspiradora em ambientes híbridos e virtuais

Envolve a habilidade de motivar, engajar e liderar equipes efetivamente em contextos presenciais, remotos e híbridos. Para desenvolvê-las, o time de RH e Treinamento podem:

  • Organizar treinamentos específicos em liderança virtual e híbrida;
  • Implementar ferramentas de colaboração e comunicação digital;
  • Viabilizar workshops sobre construção de confiança e cultura em equipes distribuídas;
  • Desenvolver métricas de desempenho adaptadas ao trabalho remoto e híbrido.

4. Tomada de decisão baseada em dados e análise estratégica

Esta habilidade se refere à capacidade de interpretar dados complexos, identificar insights relevantes e tomar decisões informadas e estratégicas. Como ela pode ser desenvolvida?

  • A partir do desenvolvimento e capacitação da liderança em analisar dados e business intelligence;
  • Com o auxílio de ferramentas de visualização de dados e dashboards estratégicos;
  • Utilizando estratégias de tomada de decisões baseadas em evidências;
  • Promovendo hackathons ou desafios de análise de dados para líderes.

5. Gestão eficaz de mudanças e inovação

Envolve a capacidade de liderar processos de transformação organizacional, fomentar a inovação e gerenciar a resistência à mudança. Ela pode ser trabalhada a partir da:

  • Implementação de programas de gestão de mudanças organizacionais;
  • Oferecimento de treinamentos em metodologias de inovação como Design Thinking e Lean Startup;
  • Criação de laboratórios de inovação ou incubadoras internas;
  • Promoção de uma cultura que valorize a experimentação e tolere falhas como parte do processo de aprendizagem.

Para a especialista em Educação Corporativa e Desenvolvimento, “investir no aprimoramento de líderes com uma visão estratégica é fundamental para garantir a continuidade e o crescimento sustentável de qualquer empresa. Líderes estratégicos não se limitam a gerenciar os processos operacionais de forma eficaz, mas também têm a habilidade de planejar, antecipar mudanças e alinhar suas equipes com os objetivos maiores da organização”.

Ela considera que os programas de capacitação devem ser contínuos e sempre incluir elementos estratégicos. 

“Afinal, não é apenas o aprimoramento técnico que torna um líder bem-sucedido, mas também a sua capacidade de pensar a longo prazo, tomar decisões que estejam alinhadas com a visão organizacional e inspirar suas equipes com metas mais amplas”.

Como o RH pode medir o alinhamento da liderança?

Para garantir que a liderança esteja alinhada com as habilidades estratégicas ideias para a empresa, o RH pode adotar algumas práticas, como:

  1. Avaliação de competências: realizar avaliações regulares para identificar GAPS de habilidades e monitorar o progresso.
  2. Planos de desenvolvimento individualizados: criar planos de desenvolvimento personalizados para cada líder, focando nas áreas que precisam de melhoria.
  3. Feedback contínuo: implementar sistemas de feedback 360° para fornecer insights abrangentes sobre o desempenho dos líderes.
  4. Alinhamento com KPIs estratégicos: vincular o desenvolvimento dessas habilidades aos KPIs estratégicos da organização.
  5. Programas de mentoria: estabelecer programas de mentoria em que líderes seniores possa orientar os mais juniores no desenvolvimento dessas habilidades.
  6. Aprendizagem experiencial: criar oportunidades para os líderes aplicarem essas habilidades em projetos reais e desafiadores.
  7. Cultura de aprendizagem contínua: fomentar uma cultura organizacional que valorize e recompense o desenvolvimento contínuo dessas habilidades estratégicas.

O futuro da liderança estratégica

À medida que avançamos para um futuro cada vez mais complexo em termos de tecnologia e rapidez, a demanda por líderes estratégicos continuará a crescer. 

As organizações que investirem no desenvolvimento dessas habilidades estarão melhor posicionadas para navegar pelos desafios futuros e capitalizar oportunidades emergentes.

E o RH, como principal suporte estratégico da corporação, tem a responsabilidade de promover essa transformação, capacitando líderes para enfrentar os desafios complexos do futuro com confiança, visão e agilidade estratégica.

Continue navegando pela Alelo e veja outros conteúdos que podem ajudar a sua empresa a desenvolver perfis de liderança eficazes. Confira nosso artigo: liderança é uma competência inata ou pode ser desenvolvida.

E para uma visão geral sobre diferentes tipos de liderança, não deixe de conferir nosso artigo completo sobre liderança.

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