Muito tem se falado sobre como é desafiador lidar com a Geração Z no mercado de trabalho e as diferenças entre eles e as gerações anteriores.

Mas para além de comentários pela internet e matérias retratando o dia a dia das empresas e os desafios enfrentados pelo RH quando o assunto é a diversidade geracional, os dados demonstram uma realidade preocupante: segundo o relatório “World Employment and Social Outlook: Trends 2025” da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 12,6% das pessoas entre 15 e 24 anos estão desempregados, o que equivale a 160 milhões de jovens.

E, se expandirmos essa somatória para jovens fora do sistema educacional e do mercado de trabalho, o número atinge o equivalente a 259,1 milhões de pessoas, equivalente a  20,4% desse grupo.

A Geração Z brasileira

Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no primeiro trimestre de 2025, a taxa de desemprego entre jovens brasileiros de 18 a 24 anos chegou a 14,9%, mais que o dobro da média nacional de 7%. 

Em números absolutos, o Brasil tem cerca de 2,4 milhões de jovens desempregados nessa faixa etária. Além disso, considerando um recorte mais amplo, há 8,87 milhões de jovens da Geração Z (15 a 29 anos) classificados como “nem-nem”, ou seja, que não estudam nem trabalham, de acordo com dados do final de 2024. O que representa 18,5% desse grupo etário e reforça a dimensão do desafio para esse grupo no mercado de trabalho.

A crise dos “nem-nem”

Esse termo faz referência ao fenômeno global dos integrantes da Geração Z que não estudam, não trabalham e não estão em treinamento (NEETs, na sigla em inglês), resultando em exclusão no mercado profissional e no sistema educacional. 

Segundo o relatório da OIT, a taxa global de NEETs atingiu 20,4% em 2023, representando quase 260 milhões de jovens de 15 a 24 anos que não possuem nenhum tipo de ocupação formal. Além disso, o documento destaca que em países de baixa renda, a taxa de “nem-nem” homens aumentou quase 4 pontos percentuais acima da média histórica, agravando a vulnerabilidade econômica e social desse grupo.

Esse fenômeno, de proporções globais, reflete as mudanças geracionais e uma dificuldade estrutural do mundo do trabalho e das instituições de ensino em acompanhar as transformações tecnológicas, sociais e culturais da última década. 

Mas o que esse cenário revela sobre o futuro do trabalho e a necessidade de adaptação do próprio mercado?

Tudo isso revela que a crise dos “nem-nem” não é apenas o reflexo de escolhas individuais, mas de desafios estruturais profundos enfrentados pelas economias e sociedades contemporâneas. 

O relatório da OIT aponta que, apesar do crescimento econômico global em 2024 ter se mantido moderado (3,2%), o avanço foi insuficiente para gerar empregos que atendam a demanda global, especialmente para os jovens. Isso fez a participação da força de trabalho da Geração Z diminuir e, em países menos desenvolvidos, essa queda foi ainda mais acentuada.

O relatório destaca ainda que, ao longo da última década, o poder de negociação no mercado de trabalho passou a favorecer mais os empregadores do que os trabalhadores, especialmente onde poucas empresas detêm a maioria das vagas disponíveis. 

Esse desequilíbrio dificulta a inserção de jovens e grupos vulneráveis, porque reduz as opções de ocupação formal e limita a capacidade desses trabalhadores de negociar salários e melhores condições de trabalho. 

A qualificação é outro fator decisivo para esse cenário

O avanço tecnológico, embora crie novas oportunidades, também acelera a automação e não tem sido suficiente para compensar a perda de empregos com características mais operacionais, principalmente em setores que exigem menor qualificação. 

Como resultado, mesmo diante de avanços educacionais e digitais, muitos jovens encontram barreiras para acessar postos de trabalho, agravando as desigualdades e limitando a mobilidade social.

A persistência desse fenômeno indica que, sem políticas públicas inovadoras e investimentos em educação, qualificação profissional e infraestrutura, a transição para o futuro do trabalho será marcada por exclusão e precarização. 

O relatório da OIT enfatiza a necessidade de remover gargalos estruturais, promover a inclusão produtiva dos jovens e garantir que as transformações tecnológicas e econômicas resultem em oportunidades reais para todos, especialmente para aqueles que hoje estão à margem do sistema produtivo, os “nem-nem”.

Soluções para inserção da Geração Z no mercado

Para mudar o cenário de desemprego ou falta de ocupação, que atinge milhares de jovens no Brasil e no mundo, é necessário pensar para além das organizações, incluindo: políticas públicas, investimentos em educação e qualificação profissional, e a adaptação das próprias empresas às novas demandas do mercado e do perfil da Geração Z. 

O relatório da OIT ressalta que ampliar o acesso a uma educação de qualidade e promover a inclusão produtiva dos jovens são passos fundamentais para garantir oportunidades reais e combater a exclusão. 

Além disso, iniciativas que estimulem o desenvolvimento de competências digitais, a criação de empregos em setores emergentes, como a economia verde e a tecnologia, e o fortalecimento de programas de orientação e inserção profissional são essenciais para preparar a juventude para o futuro do trabalho

Por isso, a colaboração entre governos, setor privado e sociedade civil é indispensável para criar ambientes mais inclusivos, inovadores e capazes de aproveitar o potencial transformador dessa geração.

A educação como pilar transformador

Pilar estratégico em diferentes contextos, para enfrentar a crise da Geração Z no mercado de trabalho, a educação também é primordial. 

Diante das rápidas transformações tecnológicas e do aumento das exigências de qualificação, investir em educação de qualidade, especialmente voltada ao desenvolvimento de habilidades técnicas, digitais e socioemocionais, é fundamental para preparar os jovens para as demandas do mundo profissional. 

Países que conseguem alinhar seus sistemas educacionais às necessidades do mercado, promovendo o ensino técnico, a aprendizagem prática e o desenvolvimento de competências como criatividade, pensamento crítico e adaptabilidade, tendem a criar trajetórias mais inclusivas e produtivas para a juventude. 

Além disso, a educação contínua e a capacitação ao longo da vida são essenciais para que diferentes gerações, especialmente a Z, acompanhem as mudanças e encontrem oportunidades em setores emergentes ou com alta demanda.

O perfil geracional

Há diferenças marcantes entre o perfil da Geração Z e o das que vieram antes deles. Nativos digitais, esses jovens cresceram em um ambiente hiperconectado, valorizam a autenticidade, a diversidade, a flexibilidade e buscam propósito em suas atividades profissionais. 

Ao contrário das gerações passadas, que priorizavam estabilidade e carreiras lineares, os novos profissionais desejam equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, ambientes colaborativos, feedback constante e oportunidades de aprendizado contínuo. 

Eles também são mais abertos à discussão sobre saúde mental e esperam que as empresas promovam inclusão, sustentabilidade e responsabilidade social como parte da cultura organizacional. 

Essas características exigem uma abordagem diferente de gestão e relacionamento, afinal, a retenção de talentos dessa geração está diretamente ligada ao alinhamento de valores e à possibilidade de crescimento e impacto positivo.

Soluções para as empresas se adaptarem à Geração Z

Para se ajustar às demandas e ao perfil da Geração Z, as empresas precisam adotar estratégias que vão além da modernização de processos e da digitalização, oferecendo:

  • Ambientes e horários flexíveis: adotar modelos de trabalho remoto, híbrido e horários adaptáveis permite que os jovens tenham maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, fator altamente valorizado pela Geração Z.
  • Disponibilizando benefícios flexíveis: permitir que os colaboradores escolham benefícios conforme suas necessidades individuais, como auxílio-educação, plano de saúde personalizado, vale-bem-estar, entre outros, aumenta o engajamento e a satisfação.
  • Investindo em tecnologia e inovação: modernizar a infraestrutura tecnológica, adotar ferramentas colaborativas e de automação, e garantir acesso a plataformas digitais eficientes são essenciais para atrair e reter nativos digitais.
  • Promovendo oportunidades de desenvolvimento e crescimento: implementar programas de capacitação, mentorias, treinamentos, planos de carreira transparentes e oportunidades reais de progressão profissional são fundamentais para atender à expectativa de aprendizado contínuo da Geração Z.
  • Fortalecendo a cultura de feedback e comunicação aberta: estabelecer canais de comunicação diretos, transparentes e frequentes, com feedbacks construtivos e reconhecimento regular, contribui para o engajamento e o desenvolvimento dos jovens talentos.
  • Fomentando diversidade, inclusão e propósito: promover um ambiente de trabalho diverso, inclusivo e alinhado a valores sociais e ambientais, além de demonstrar responsabilidade social, são fatores decisivos para a atração e retenção da Geração Z.
  • Priorizando saúde mental: oferecer programas de apoio psicológico, incentivo ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional e benefícios voltados ao bem-estar contribuem para a satisfação e a produtividade dos jovens profissionais.
  • Oferecendo remuneração e benefícios competitivos: transparência salarial, pacotes de benefícios robustos e reconhecimento financeiro são importantes para manter a motivação e a permanência desses talentos.

Essas práticas, quando integradas à cultura organizacional, a processos seletivos inclusivos e a ações sociais que fomentam a educação e a mão de obra qualificada, tornam as empresas mais atrativas, inovadoras e preparadas para os desafios do futuro do trabalho.

E já que falamos sobre bem-estar corporativo, que tal conferir o episódio do nosso videocast sobre o tema? 🎙️ O bate-papo foi focado na importância do cuidado com a saúde mental dos colaboradores e como isso é um diferencial competitivo importante para as empresas.

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