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Com o crescimento do acesso à leitura e a diversidade de títulos disponíveis, pais de crianças e adolescentes enfrentam um novo desafio: garantir que as histórias consumidas pelos filhos sejam apropriadas para a idade. E nem sempre avaliar o livro pela capa é a melhor opção.
Assim como ocorre com filmes, séries e conteúdos online, é fundamental conhecer a classificação etária das obras literárias e entender alguns conceitos do meio, como os “trigger warnings”, e saber identificar editoras, gêneros e sub-gêneros, para garantir que a história seja adequada.
O que são “trigger warnings” nos livros?
Trigger warnings, ou avisos de gatilho, são alertas prévios sobre conteúdos sensíveis presentes na história.
Esses avisos têm o objetivo de informar leitores sobre temas que podem ser difíceis ou traumáticos, como bullying, vícios, questões psicológicas, entre outros, permitindo que pessoas com experiências sensíveis possam decidir se querem ou não consumir aquela obra.
O uso de trigger warnings não revela detalhes da trama, mas oferece uma camada de proteção e autonomia ao leitor, principalmente para quem está em fase de formação emocional e moral.
Livros têm classificação etária?
No Brasil, não existe um órgão oficial que regulamente a classificação dos livros, então essa indicação geralmente é feita pelas próprias editoras, baseando-se em diretrizes internacionais e nacionais, como as propostas pela UNICEF e pela BNCC.
A classificação etária funciona como um guia para indicar para quais faixas de idade o conteúdo é mais apropriado, considerando o estágio de desenvolvimento do leitor, os temas abordados na história, a linguagem e complexidade das narrativas.
As faixas de classificação mais comuns são:
- Livre;
- 10 anos;
- 12 anos;
- 14 anos;
- 16 anos;
- 18 anos.
Embora a classificação não seja obrigatória no país, ela é uma ferramenta importante para orientar pais, educadores e leitores sobre a adequação do livro, ajudando a proteger crianças e adolescentes de temas que ainda não estão prontos para compreender ou processar emocionalmente.
Conheça as editoras do mercado literário
Conhecer as editoras e o estilo de história que elas publicam é fundamental para pais e responsáveis que desejam garantir leituras adequadas, afinal, cada editora costuma ter um perfil editorial específico, direcionando seus lançamentos para determinados públicos e faixas etárias.
E, ao identificá-las, é possível ser mais assertivo na hora de adquirir livros para crianças e adolescentes, fazendo escolhas mais seguras e alinhadas ao que é recomendado para a idade.
Vale ressaltar que, mesmo quando são fictícias, as histórias têm o poder de apresentar realidades diferentes da do leitor, despertar sentimentos e ensinar. Por isso, respeitar o estágio de desenvolvimento moral e emocional do leitor na hora de adquirir um livro é fundamental para garantir uma experiência positiva.
Além disso, entender o estilo das histórias publicadas ajuda a antecipar o tipo de conteúdo, linguagem e valores presentes nos livros, facilitando a seleção de obras que contribuam para o enriquecimento do repertório, sem abrir mão do entretenimento e do aprendizado.
Por que a capa do livro pode enganar?
A capa é o primeiro convite visual ao leitor do leitor com a obra e exerce forte influência sobre a escolha de leitura. Afinal, qual leitor nunca comprou um livro apenas pela capa?
Muitas vezes um design colorido e cheio de ilustrações sugere que o livro é voltado ao público infantil ou juvenil, mesmo que o conteúdo seja voltado para adultos ou aborde temas sensíveis.
Isso ocorre porque as editoras buscam atrair leitores a partir do apelo visual, mas nem sempre a arte reflete a complexidade ou a adequação do texto.
Como saber se um livro é adequado para crianças e adolescentes?
Observar a editora e o selo editorial é um passo importante na escolha de livros porque cada uma costuma direcionar suas publicações para nichos específicos, criando selos que facilitam a identificação do perfil das obras. Por exemplo:
- A Companhia das Letras possui o selo Companhia das Letrinhas, voltado para literatura infantil, enquanto o selo Seguinte é dedicado ao público jovem adulto;
- Já o Grupo Editorial Record tem o selo Galera, focado em literatura jovem e infantojuvenil, o Galerinha, para crianças, e o selo Verus, com obras de ficção e não-ficção contemporâneas para adultos.
- A Editora Rocco, conhecida por publicar a série Harry Potter, também possui o selo Rocquinho, exclusivo para crianças de até 8 anos;
- A HarperCollins Brasil conta com o selo HarperKids para o público infantil e Harlequin para romances adultos.
Esse sistema de segmentação permite que pais, educadores e leitores identifiquem rapidamente se o livro é adequado para a faixa etária desejada, aumentando a segurança na hora de escolher a próxima leitura.
Além de observar a editora e o selo, alguns passos ajudam a garantir o livro ideal:
- Verifique a classificação etária: alguns livros trazem indicação de idade na contracapa ou ficha catalográfica.
- Leia a sinopse e procure resenhas: avalie se o tema e o vocabulário são apropriados para a maturidade do seu filho.
- Aplique a “regra do dedo polegar”: peça para a criança ler a primeira página; para cada palavra desconhecida, levante um dedo. Se chegar ao polegar antes de terminar a página, o livro pode estar acima do nível de compreensão dela.
- Consulte listas e recomendações de especialistas: bibliotecas, escolas, livreiros e blogs literários costumam indicar títulos adequados para cada faixa etária.
- Leia junto: compartilhar a leitura permite avaliar o impacto emocional e discutir temas delicados, promovendo diálogo e aprendizado.
Os livros são aliados do desenvolvimento
Estimular a leitura é fundamental, mas também é papel dos pais garantir que o conteúdo seja apropriado para a idade e maturidade dos filhos.
Prestar atenção aos avisos de gatilho, conhecer as editoras e selos, não se deixar enganar pelas capas e adotar estratégias de avaliação são passos importante para formar leitores críticos, seguros e felizes.
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