Empresas que querem sair da mesmice e continuar relevantes no mercado precisam de inovação aberta, como já falamos neste conteúdo aqui.
Uma verdadeira catalisadora de mudanças, essa abordagem empresarial convida as companhias a trabalharem em conjunto com outras organizações, universidades, startups ou indivíduos para criar novas possibilidades e encontrar soluções inteligentes para o negócio.
Por isso, o Blog da Alelo trouxe um time de peso para dar algumas dicas.
Falamos com Tania Gomes Luz, especialista em Inovação Aberta no Ibrawork Open Innovation Center e Gabriela Fuzaro, especialista em inovação da CCR e mentora de startups. Elas indicam ferramentas, trazem exemplos e falam sobre os desafios de implementar esse modelo.
E para finalizar, Livia Mendonça, Superintendente do Lab, área de inovação da Alelo, conta sobre algumas iniciativas da companhia.
Bora lá?
O que é inovação aberta
Recapitulando, como vimos no artigo sobre o tema, o modelo de gestão de inovação aberta visa o desenvolvimento de novas ideias, produtos, serviços e soluções por meio de parcerias externas à organização. Assim, ele permite que diferentes perspectivas, conhecimentos e habilidades sejam integrados em um ecossistema de inovação mais amplo.
A colaboração e a abertura para o ambiente externo podem impulsionar a criatividade, a agilidade, a produtividade e a competitividade de qualquer organização. Por isso, a inovação aberta é muito importante para quem quer se diferenciar dos concorrentes.
Para colocar a abordagem em prática, a companhia deve estabelecer colaborações externas com outras empresas, universidades, startups, pesquisadores e até mesmo com os próprios clientes.
Quais são os desafios de implementar a inovação aberta?
Embora a inovação aberta possa trazer inúmeros benefícios às companhias, implementá-la pode ser desafiador por diferentes motivos.
Estabelecer e gerenciar colaborações estratégicas, por exemplo, pode ser trabalhoso. Isso porque é necessário identificar parceiros adequados, alinhar expectativas e garantir a confiança mútua.
Tania Gomes reflete sobre os desafios: “Para mim, [o desafio], em particular, é desmistificar o tema. Viemos de um histórico em que só grandes organizações faziam inovação aberta. E eu sempre pergunto: onde está escrito que médias empresas não podem abrir seus próprios desafios e trazer a inovação para dentro de seus negócios? O investimento para um programa de inovação aberta hoje é muito mais acessível do que há alguns anos.”
Para Gabriela Fuzaro, no entanto, “algumas empresas estão em busca de inovação sem necessidade, apenas para se posicionar no ecossistema”. A especialista pontua: “O desafio nem sempre está tão claro para a empresa e muito menos para quem tenta ajudar, e isso acaba fazendo a parceria morrer antes mesmo de começar oficialmente”.
“Inovação aberta é muito legal, mas não deve ser usada puramente para promover o marketing da empresa ou para resolver problemas que não estão claros ou não são estratégicos, até porque é um processo que leva tempo e investimento para ser concluído”, alerta Fuzaro.
Portanto, para apostar em inovação aberta, é preciso definir e direcionar as metas com clareza. Assim, será mais fácil encontrar os parceiros ideais e garantir que as atividades estejam alinhadas com a proposta inicial.
Exemplos de implementação desse modelo
Para trazer inspiração às empresas, Tania Gomes cita alguns cases de sucesso: “Tesla faz inovação aberta muito bem. Netflix tem bons cases. Mas temos o nosso próprio exemplo, que realizamos no início deste ano: o Mercado SP for Startups”.
“[…] Fizemos a busca por diferentes desafios do Mercado Municipal de São Paulo, trazendo soluções que vão do descarte do óleo usado à criação de um Mercadão no Metaverso, não só com a experiência imersiva, mas com soluções comerciais incluídas”, completa.
O que é considerado inovação aberta?
De acordo com Gabriela Fuzaro, “qualquer parceria com terceiros para o desenvolvimento de novas soluções em conjunto” é um bom exemplo de inovação aberta.
Segundo a especialista, a colaboração com externos pode ser “uma pesquisa, uma solução para problemas internos, um produto que vai a mercado ou [uma estratégia] para outros produtos irem a mercados com uma solução já existente”.
Ainda, Fuzaro explica: “[Inovações abertas] podem acontecer com qualquer instituição ou até mesmo pessoas físicas, como é feito em Hackathons [eventos que reúnem programadores, designers e outros profissionais] e Ideathons [eventos para gerar ideias inovadoras]. A participação em hubs [espaços para ter acesso a contatos, investidores, mentores e fornecedores] também é considerada uma iniciativa de inovação aberta, já que você está apoiando o desenvolvimento do ecossistema”.
Ferramentas de inovação aberta
As ferramentas de inovação aberta são recursos que podem auxiliar na implementação deste modelo de gestão.
Para procurar um parceiro ideal, por exemplo, Gabriela Fuzaro recomenda:
“Existem empresas que se especializaram em plataformas para ajudar [a encontrar] startups. Mas pensando nas várias possibilidades de parceria para inovar, até o próprio Google vira uma grande ferramenta para encontrar bons parceiros de inovação. O maior desafio não é utilizar ou encontrar uma ferramenta, mas entender profundamente o seu objetivo para buscar o melhor parceiro para esse tipo de negócio”, pontua.
Já para a etapa de idealização das diferentes inovações, Tania Gomes recomenda:
“Os hackathons, as plataformas de inovação colaborativa, os challenges (desafios), os programas de aceleração e as parcerias com a academia ou labs (laboratórios) de inovação já funcionam muito bem, inclusive no Brasil”.
A especialista, porém, acrescenta: “Mas quero ir além e citar o CPSI – Contrato Público para Solução Inovadora. Ele foi trazido pelo Marco Legal das Startups em seu Artigo 14 e permite que as startups vendam para governos, sem toda a burocracia de uma licitação comum e com investimento de até 1,6 mi no primeiro ano de contrato. Isso é uma ferramenta de inovação aberta incrível, ainda pouco explorada por nossas startups, mas que pode resolver grandes problemas, incluindo soluções para Smart Cities (cidades inteligentes), ESG, Economia Circular, entre outras”.
No entanto, Tania Gomes deixa a provocação: “A discussão que abro aqui é que a própria inovação aberta está se reconstruindo o tempo todo para atender às demandas das empresas, das indústrias e do governo. Basta ficar atento aos movimentos do mercado e como se beneficiar dessas discussões.”
Quais são as iniciativas de Inovação Aberta da Alelo
Aqui na Alelo existe um departamento todo dedicado à inovação, conforme conta Lívia Mendonça, Superintendente do Lab, que, além da inovação aberta, também é responsável por promover o intraempreendedorismo. Uma maneira de incentivar os próprios colaboradores a pensar fora da caixa e encontrar caminhos criativos para diversos projetos.
Para isso, são realizadas várias iniciativas com diferentes agentes, capazes de solucionar as dores e oportunidades existentes na empresa.
Aqui vão alguns exemplos:
1 – Demoday Sob Demanda
O Demoday Sob Demanda tem como objetivo resolver desafios operacionais de curto prazo, conforme a demanda das áreas e critérios de priorização.
O foco é a contratação de fornecedores para a realização de POCs (Proof Of Concept ou prova de conceito, método que permite o teste de soluções).
Para isso não há scouting (processo de busca ativa por startups) nem curadoria dos parceiros. As startups se inscrevem nos desafios vigentes na plataforma, e o LAB, em parceria com a área demandante, seleciona as startups para o pitch (apresentação de vendas), organizado pela parceira 100 Open Startups.
2 – Conexão Startup
Conexão Startup é o programa de conexão da Alelo com startups.
Segundo a Livia, “o principal objetivo deste projeto é enfrentar os desafios internos de maneira eficiente e inovadora, ao mesmo tempo em que estimula o desenvolvimento ágil de novos produtos. Dessa forma, buscamos impulsionar nossa capacidade de oferecer soluções cada vez mais avançadas aos nossos clientes.
Uma peça fundamental para o sucesso do Conexão Startup é a parceria estratégica com a InnoScience, que nos fornece conhecimentos especializados.”
A Superintendente ainda conta que “Ao longo dos últimos anos, mais de 116 startups já se inscreveram em nosso programa de inovação aberta, demonstrando o crescente interesse e engajamento no desenvolvimento em conjunto de soluções inovadoras.”.
O primeiro programa foi realizado em 2022, com um processo de 6 etapas:
- Estratégia: sensibilização da organização, identificação e priorização de dores, formação de times e alinhamento com as áreas de apoio.
- Scouting: realização de busca ativa e ações de branded content (conteúdo patrocinado), assessoria de imprensa e relacionamento com Hubs.
- Filtro: seleção das soluções mais aderentes aos desafios e realização do pitch day do programa.
- Imersão: reunião das equipes internas dos Desafios e Startups para cocriação das propostas de piloto.
- Piloto: Execução dos projetos piloto em parceria com startups para validação da atratividade e aderência das soluções.
- Avaliação: Análise dos resultados dos projetos e deliberação pela continuidade dos de maior potencial.
Nesse primeiro ciclo de 2022, foram mapeados 4 desafios junto às áreas do Lab, Gente e Transformação (RH) e Estabelecimentos Comerciais.
Foram avaliadas 66 startups, sendo 20 pré-selecionadas, 12 convidadas para pitch day e 5 imersões para seguir com os 4 pilotos. Na etapa de avaliação, 75% das startups foram contratadas para o rollout (desenvolvimento) dos projetos realizados no programa.
Já em 2023, o programa está estruturado para acontecer em dois ciclos, com 3 desafios cada.
Durante a fase de Estratégia de cada ciclo, serão definidas as áreas participantes, objetivos, maturidade das Startups, modelo de conexão, indicadores de sucesso, etc.
O segundo ciclo de 2023 vai acontecer no final de setembro.
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