A saúde financeira das empresas, especialmente as pequenas e médias, tem sido um desafio extra na pandemia. De acordo com o “Indicador de Falências e Recuperação” da Serasa Experian, até abril deste ano as solicitações cresceram 34% na comparação anual.

Buscar formas de equalizar o caixa e garantir a continuidade do negócio é fundamental para ultrapassar períodos de incertezas econômicas e o compliance, pouco conhecido por muitos empresários, pode ser uma saída interessante.

O primeiro passo é compreender o conceito de compliance. Wagner Giovanini, especialista no assunto e sócio diretor da Compliance Station,  ressalta que o conceito é  mais amplo do que se imagina, bem como os benefícios que podem ser alcançados.

“Compliance não é apenas “cumprir a lei”. A ideia é criar um mecanismo de integridade, um sistema de gestão composto por diversos elementos para proteger a empresa e as pessoas, de forma organizada”, afirma.

Para se ter uma ideia, a última edição do “Relatório das Nações – Estudo global” da consultoria americana ACFE (Associação de Examinadores Certificados de Fraudes, na sigla traduzida) reportou 2.504 ocorrências de problemas de compliance, em 125 países, significando perdas de ao menos US$ 3,6 bilhões.

Estima-se que o problema ético provoque prejuízo anual equivalente a 5% do faturamento das empresas. “Muitas vezes isso significa mais do que a margem de lucro de uma empresa. Ou seja, resolver esse problemas pode ser a diferença entre lucro e prejuízo”, diz Wagner.

A demanda por compliance não para de crescer. A quarta edição da pesquisa Maturidade do Compliance no Brasil, produzida pela consultoria KPMG, apontou que 73% dos executivos seniores entrevistados concordam que a conformidade com normas éticas e legais é crucial para a estratégia das empresas. Na primeira edição do estudo, em 2015, apenas 58% faziam a mesma afirmação.

Mas como implantar isso pode ajudar na saúde financeira das pequenas e médias empresas na prática?

Wagner explica que já existem plataformas, como a Compliance Station, que ajudam a fazer o trabalho nas companhias menores. “É a oportunidade de ter a mesma governança de uma empresa de grande porte, como Petrobras e Vale, sem precisar fazer investimentos altos para isso. É como se o gasto fosse o salário de um estagiário para ter um departamento de compliance na empresa”, diz.

Entre os benefícios, o mais rápido a ser notado é o efeito inibidor. “Quando você coloca um canal de denúncia estruturado, já no primeiro mês há uma mudança. Quem está fazendo assédio para, quem está desviando verba para, quem está furtando para. O receio de ser pego já gera os primeiros resultados”, diz Wagner.

Com isso, há uma melhoria no ambiente de trabalho, que culmina em retenção e atração de talentos, além de aumentar o engajamento e a produtividade e reduzir gastos com despesas trabalhistas.

A diminuição de gastos continua à medida que é criado um mecanismo de integridade. Com as denúncias, é possível apurar fraudes, por exemplo.

Por meio das plataformas, as empresas conseguem criar trilhas personalizadas de acordo com a área de atuação e o desejo de mudança. Tudo de forma intuitiva. “Cada companhia é guiada a encontrar seu ponto ótimo. A plataforma avalia os riscos e gera um código de conduta adaptado à realidade específica”, explica o executivo.

Em sequência, a plataforma auxilia na implementação e na gestão do programa de compliance, com ferramentas que facilitam o dia a dia, fornecem orientações e documentações, além de um canal de comunicação para recebimento de manifestações sobre a ocorrência de irregularidades.

A Compliance Station, por exemplo, é uma plataforma para que pequenas e médias empresas consigam se adequar com agilidade e economia a regras como as da Lei Anticorrupção, licitações, concorrências públicas e os códigos de conduta de seus parceiros — e consigam visualizar redução de custos nesses processos. Wagner afirma que a plataforma está apta para receber companhias de todos os portes e segmentos. “Já temos clientes com 10 a 500 funcionários”, afirma.

Mais benefícios do compliance nas pequenas e médias empresas

A criação de uma política de compliance também ajuda a garantir o desempenho do negócio e a saúde financeira das companhias. Afinal, empresas flagradas em ilicitude podem sofrer sanções que prejudicam a atuação no mercado, como por exemplo a proibição de contratar com a Administração Pública ou fazer captação de financiamentos públicos. Além disso, a reputação manchada pode dificultar a obtenção de novos negócios e até a sobrevivência.

Wagner afirma que o compliance auxilia também a evitar desperdícios, identificar riscos, sensibilizar os funcionários, atrair investidores e garantir um melhor posicionamento para a companhia. “Isso sem esquecer, claro, da questão da legislação. A pequena e média empresa passa a atuar em um patamar de grande companhia”, finaliza.

Tem interesse no tema Compliance? Leia também outro artigo sobre o assunto aqui no blog Alelo. Confira  

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