Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, chegar à etapa da entrevista no processo seletivo já é motivo de comemoração.
Mas é justamente nesse momento decisivo que muitos candidatos tropeçam — seja por falta de preparo, seja por posturas que, mesmo sem intenção, transmitem desinteresse ou até desrespeito.
Para entender melhor o que pode dar errado e como fazer diferente, conversamos com Renata Filippi Lindquist, sócia da Soul HR Consulting, que compartilhou os principais comportamentos que impactam negativamente um processo seletivo — e, claro, como evitá-los.
Vamos nessa?
Quando o erro começa antes da entrevista
Para Renata, um dos deslizes mais comuns é não permitir que o entrevistador conduza a conversa.
“É importante lembrar que, por trás de cada entrevista, há uma estrutura pensada para avaliar competências técnicas e comportamentais específicas da posição. Quando o candidato ‘monopoliza’ a conversa — começando, por exemplo, com um relato longo e desorganizado de toda a carreira — acaba desviando o foco e comprometendo o andamento da entrevista.”
Ela também reforça a importância de abordar temas como salário e benefícios no momento adequado:
“Esses temas devem ser tratados em fases mais avançadas, quando já houver uma sinalização de interesse mútuo.”
Outro erro comum é exagerar ou distorcer o próprio perfil. Renata explica:

“Insistir em processos para os quais claramente não tem aderência, ou exagerar no domínio de idiomas e conhecimentos técnicos, prejudica a credibilidade. Transparência constrói confiança — e isso é fundamental em qualquer relação profissional, especialmente quando falamos de posições de liderança.”
Renata Filippi Lindquist, sócia da Soul HR Consulting
A importância do preparo
Segundo Renata, a falta de preparo pode ser percebida logo nos primeiros minutos e compromete seriamente o desempenho do candidato.
“Entrevistas são momentos-chave e exigem o mesmo grau de atenção e preparo que uma reunião com clientes ou investidores.”
Ela orienta o candidato a pesquisar sobre a empresa e a cultura organizacional, entender o segmento, conhecer o entrevistador (se possível) e preparar-se para falar sobre sua trajetória:
“Use exemplos concretos, conecte suas entregas com os desafios das empresas por onde passou e esteja pronto para falar, com objetividade, sobre o seu momento de carreira.”
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Respostas genéricas, postura inadequada e excesso de informalidade
Outro ponto de atenção está na forma como o candidato estrutura suas respostas: “Respostas genéricas podem enfraquecer a imagem do candidato, principalmente em posições de liderança. O recrutador espera ouvir histórias com conteúdo, que revelem capacidade analítica, visão estratégica e consistência na atuação”, diz Renata que recomenda ainda que o candidato tenha clareza sobre as entregas ao longo da carreira e saiba explicá-las com objetividade:
“Mostrar a lógica por trás das decisões e as consequências práticas das suas ações ajuda o recrutador a enxergar o valor que você pode gerar.”
Ela também ressalta o impacto da linguagem corporal. “Posturas fechadas, falta de contato visual, movimentos excessivos ou desatenção ao longo da conversa podem ser interpretados como sinais de insegurança, desinteresse ou despreparo.”
Por outro lado:
“Manter contato visual, sorrir de forma natural, demonstrar atenção ao que o entrevistador está dizendo e usar gestos leves para apoiar o discurso são atitudes que reforçam uma boa presença.”
Quando o assunto é tom da conversa, o equilíbrio entre simpatia e profissionalismo faz diferença:
“Evite gírias, apelidos, brincadeiras forçadas ou um tom de intimidade que não condiz com o momento. Cada entrevista é única, então vale a pena fazer uma leitura do estilo do entrevistador e ajustar o tom da conversa.”
Demonstrar interesse sem exageros
Renata afirma que o interesse genuíno aparece nos detalhes: “Pesquisar sobre a empresa, ouvir atentamente durante a entrevista e fazer perguntas pertinentes são formas elegantes de demonstrar engajamento.”
E completa:
“Depois da conversa, aguardar os próximos passos com tranquilidade, respeitando o tempo do processo, também transmite maturidade.”
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Experiências negativas e imprevistos
Falar mal dos empregadores anteriores é um dos erros mais evitáveis. A recomendação de Renata é focar nos aprendizados:
“Se houve experiências difíceis — e todos têm — o mais indicado é adotar uma abordagem neutra, focando nos aprendizados.”
E quando acontece um imprevisto no dia da entrevista?
“A vida acontece, e imprevistos são compreensíveis — o importante é como o candidato lida com isso. A melhor postura é avisar quanto antes, explicar brevemente o motivo e propor uma nova data ou horário”, orienta.
Dicas práticas para aumentar as chances de aprovação

A seguir, as recomendações completas de Renata para quem quer se destacar e aumentar suas chances:
1 – Prepare-se
Pesquise sobre a empresa, entenda o negócio, a cultura, os desafios do setor e, se possível, o perfil de quem vai conduzir a entrevista. Isso mostra profissionalismo e interesse real.
2 – Tenha clareza sobre sua trajetória
Seja capaz de contar sua história profissional com objetividade e coerência. Tenha prontos exemplos de resultados, aprendizados e decisões que marcaram sua carreira.
3 – Alinhe discurso e postura
A forma como você se comunica — tanto verbal quanto corporalmente — influencia a percepção do entrevistador. Clareza, escuta ativa e uma postura segura e respeitosa contam bastante.
4 – Seja transparente e verdadeiro
Não tente ser o que você acha que o entrevistador quer ouvir. Fale com autenticidade sobre seus pontos fortes, objetivos e, sim, também sobre seus limites ou desafios. Isso gera confiança.
5 – Demonstre interesse com equilíbrio
Mostre entusiasmo pela vaga, mas evite exageros. Boas perguntas, atenção aos detalhes e postura colaborativa fazem esse papel com muito mais naturalidade.”**
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Depois da entrevista: o que fazer?
Renata recomenda que os candidatos respeitem o tempo do processo:
“Se o entrevistador informou um prazo, espere por ele. Caso esse prazo tenha passado, vale enviar uma mensagem breve, cordial e direta, perguntando se há alguma atualização.”
Mostrar interesse é válido — o excesso de mensagens pode ter o efeito oposto.
Por fim: lembre-se da escuta ativa e da autenticidade
Renata encerra com uma reflexão importante:
“Muitos candidatos se preparam para ‘falar bem’, mas esquecem que entrevistas são trocas, não monólogos.”
E acrescenta:
“Cada empresa busca não apenas competências técnicas, mas afinidade com seus valores e cultura. Quanto mais genuíno for o seu posicionamento, maiores as chances de que a conexão seja real e duradoura.”
Por fim, lembre-se: entrevista não é apenas sobre ser aprovado — é também sobre entender se aquele desafio faz sentido para você.Continue navegando pela Alelo e descobrindo dicas superlegais para melhorar o seu dia a dia profissional.