De uma conversa cotidiana a ícones dos salões, o garçom faz parte de nossa vida. Com a retomada dos salões, eles merecem mais atenção do que nunca

“Garçom, aqui nessa mesa de bar, você já cansou de escutar, centenas de casos de amor”, cantava Reginaldo Rossi para extravasar suas mágoas. É fato, em bares, restaurantes e lanchonetes, atrás do balcão ou atendendo as mesas, este é um personagem do cotidiano de todos em algum momento, seja na necessidade de fazer refeições nas ruas durante o intervalo do trabalho, no Happy Hour, ou, no final de semana, em momentos de lazer.

Como todo personagem do nosso dia a dia, com o contato, ainda que breve, porém constante, acabamos encontrando afinidades, trocando algumas ideias, a ponto de estranharmos sua falta nesses estabelecimentos quando não estão.

Porém, é preciso se dar conta que são pessoas com trabalhos duríssimos que envolve, por exemplo, ficar horas em pé, circulando entre clientes (muitos impacientes com a fome e a sede), acertar os pedidos, lidar com imprevistos e, claro, manter o jogo de cintura e simpatia, com exceção dos famosos garçons parisienses, cuja grosseria já é um charme conhecido mundialmente (a propósito, a palavra “Garçon” – com n – em francês significa menino. O garçom francês é o Serveur).

E, vamos lembrar, que as horas de um garçom são inversas à do trabalhador da indústria e do comércio, enquanto os outros descansam, eles estão a todo vapor, voltando para casa, quase que invariavelmente, nos últimos momentos do transporte público.

Garçom é a referência de um restaurante

Em alguns lugares, existe um garçom que é uma instituição. O clima daquele bar ou restaurante, sua identidade, se personifica no atendente. Em São Paulo, a tradição de alguns estabelecimentos se dá exatamente por seus icônicos garçons. No Ponto Chic, casa do verdadeiro Bauru (aquele bem servido de rosbife, queijo, tomate e picles), é quase impossível não pensar no Miguel, ou no La Farina com o elegante Luiz. Ao descer a Frei Caneca é impossível não reconhecer o Zé das Medalhas – o garçom do bar Tom Zé, conhecido entre os boêmios como “Bar da Lôca” (na rua Frei Caneca, esquina com a Peixoto Gomide).

E o que dizer de Osmar, o garçom poeta do Rei das Batidas? Começou a trabalhar quando tinha 12 anos, pouco depois da fundação do bar, e hoje, já passados os 50, continua por lá. Nesse meio tempo, estudou pedagogia, escreveu livros, e conheceu milhares de intelectuais e estudantes da USP, que aproveitam a proximidade do bar ao campus.

No Rio de Janeiro é preciso lembrar Sebastião Alves, conhecido como Tiãozinho. Durante mais de 40 anos no restaurante Degrau, no Leblon, Tiãozinho fez questão de deixar seu posto no serviço quase diariamente para entregar a refeição no apartamento de ninguém menos que João Gilberto. Depois de quatro décadas nesta rotina, entre uma entrega e outra, eles se tornaram amigos, com uma paixão em comum, o Vasco da Gama.

Ou mesmo, recentemente que a noite carioca ganhou um estabelecimento dedicado a um garçom, o Chico Bracaense. Ele está à frente do FuChico, após perder o emprego em um bar fechado durante a pandemia. Imagine só, a identificação de um de seus fiéis clientes proporcionou a ele uma mudança de vida em um dos momentos mais difíceis para a classe.

Retomada dos salões nos restaurantes

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 56% dos estabelecimentos do país operaram no prejuízo no mês de junho de 2021. Mesmo assim, o setor voltou a contratar, devido ao aumento do movimento, e acredita no crescimento. Já o Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado (SHRBS-PA) ressalta que os bares seguem com medidas de contenção.

Porém, após longos meses de prejuízos, consequência direta da pandemia da Covid-19, o setor de bares e restaurantes tem se aproximado dos patamares pré-pandêmicos, e já sinaliza crescimento no país. Segundo a Abrasel, a expectativa de faturamento para este ano é de R$ 215 bilhões. Em julho de 2021, de acordo com a associação, o setor está faturando, em nível nominal (ou seja, sem correção da inflação), semelhante a julho de 2019. Em termos reais, considerada a correção da inflação, o mês está 15% abaixo comparando esses dois períodos. A expectativa, no entanto, é de que no segundo semestre o faturamento cresça, uma vez que o setor está acelerando, devendo fechar os últimos seis meses deste ano no mesmo patamar do segundo semestre de 2019, já considerando a inflação.

Com o avanço da vacinação e a retomada gradual das atividades como um todo, a expectativa é de preenchimento dos postos de trabalho nos próximos meses. O importante também é lembrar que isso não significa que devam ser flexibilizadas, nesse momento, as medidas de segurança sanitárias.

E claro, teremos muita história para contar para nossos garçons favoritos. Eles que nos aguentem!

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