Porque o gestor de frota deve levar os resultados em conta na hora de comprar veículos — e como pode ajudar a melhorar a qualidade dos modelos comercializados no país

Provavelmente você já ouviu falar que um determinado carro tem zero, duas ou cinco estrelas segundo o teste do Latin NCAP. Mas afinal, você sabe o que isso significa e como isso pode comprometer ou ajudar na hora da escolha da frota de veículos da sua empresa?

O Latin NCAP é uma associação sem fins lucrativos que realiza testes de colisão em veículos comercializados na América Latina e Caribe para oferecer aos consumidores informação sobre o desempenho de segurança de seus carros. Com métodos internacionalmente reconhecidos, o programa qualifica entre zero e cinco estrelas a proteção oferecida pelos veículos para ocupantes adultos e crianças.

Os resultados dos testes dos modelos comercializados no Brasil revelam uma fragilidade no quesito segurança, segundo Alejandro Furas, secretário geral do Latin NCAP. O primeiro ponto está na falta de exigências rígidas da legislação nacional. Enquanto as montadoras precisam garantir proteção lateral para os passageiros há cerca de 25 anos nos Estados Unidos, por aqui a lei ainda não cobra isso das fabricantes e apenas o teste frontal é levado em conta na hora da aprovação de venda de um novo veículo.

“Estamos mais de duas décadas atrasados no Brasil. A questão da segurança é muito mais contundente na Europa e Estados Unidos”, diz Alejandro.

Para garantir imparcialidade nos testes, a associação respeita sempre os mesmos critérios, independente do fabricante ou tipo de veículo. Proteção frontal, lateral e quantidade de airbags compõem a pontuação dos veículos. Para os testes, são utilizados bonecos com sensores em pontos estratégicos, como cabeça, pescoço, tronco e pernas. “Há cerca de 20 sensores em cada boneco e durante as batidas todos os pontos são avaliados para verificar se os ferimentos seriam fatais”, explica.

Para ter cinco estrelas, um carro precisa atender plenamente aos critérios da associação e garantir que haja integridade física dos ocupantes adultos e crianças em caso de batidas. Nos últimos cinco anos, 60 veículos comercializados na América Latina foram avaliados pela associação, que fez um investimento de 2,5 milhões de dólares para a aquisição dos automóveis.

Entre os veículos testados estão alguns modelos comumente utilizados em frotas. “Os resultados dos testes podem assustar, pois comprovam a fragilidade dos veículos comercializados no país”, diz Alejandro.

A negociação com os fabricantes não deve ser o principal fator para decidir os modelos. A segurança dos ocupantes é primordial e os testes podem guiar a decisão.

Para se ter uma ideia, o Novo Uno, da Fiat, recebeu apenas uma estrela devido ao alto risco de morte decorrente do impacto da cabeça do motorista no volante e baixa proteção do peito. O Chevrolet Onix, carro mais vendido do país, não recebeu nenhuma estrela no teste. Segundo a associação, foram observadas estruturas perigosas na zona do painel que poderiam impactar contra o joelho do motorista e do acompanhante e as colisões laterais, a proteção para a região peitoral foi marginal e pobre para o peito dos ocupantes, já que não há elementos de absorção de energia nas portas e nos painéis inferiores.

O Ford Ka, também amplamente usado em frotas corporativas também figura na lista dos maus avaliados. O modelo recebeu a nota mínima (zero estrela) na proteção para adultos e três estrelas na proteção a crianças. Já o Hyundai HB20 se mostra mais seguro, com quatro estrelas de pontuação para passageiros adultos.

Para Alejandro, os resultados preocupantes devem ser levados em conta na hora de escolher a frota. “A negociação com os fabricantes não deve ser o principal fator para decidir os modelos. A segurança dos ocupantes é primordial e os testes podem guiar a decisão”, afirma.

Para ele, a boa notícia é que as montadoras estão reagindo. “As fabricantes respondem às pressões dos consumidores. A cobrança pelo quesito segurança é cada vez mais frequente e a tendência é que a disseminação das informações ajuda a acelerar o aumento da qualidade dos carros vendidos no país”, diz Alejandro. “Por isso, o desafio proposto pela associação é de não comprar veículos com resultados ruins. Somente dessa forma haverá melhora significativa e os gestores de frota são fundamentais para isso, pois compram em grande volume”, finaliza.

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