Este ano marca o centenário da Semana de Arte Moderna, conhecida por reunir renomados e ousados pintores, arquitetos, músicos e poetas brasileiros para transformar a arte.

Eu lembro desse marco porque aprendi na escola. Obviamente, não estava por aqui. Minhas avós, Apolonia e Aparecida, ainda não eram nascidas. O que me diz que uma terceira geração anterior à minha deva ter vivido esse momento. Parece tempo demais para gente alcançar.

Imagine que esses mesmos 100 anos – projetados para o futuro – não serão suficientes para atingir a paridade de gênero. Com a pandemia, na velocidade em que estamos, serão necessários 135,6 anos para termos acesso à equidade, de acordo com o levantamento “Global Gender Gap Report” (na tradução livre, Relatório Global de Desigualdade de Gênero), publicado pelo World Economic Forum (Fórum Econômico Mundial) em março de 2021.

Ou seja, eu não estarei aqui; minha filha, Sarah, também não. Arrisco dizer que talvez nossa quarta geração vivencie essa realidade.

Por que a liderança feminina ainda é uma questão

Esse mesmo documento revela outros dados interessantes sobre o acesso e a participação das mulheres na economia, na educação e na política. Há diversas explicações para que essas diferenças se perpetuem, desde a maior responsabilidade nos cuidados com a família e a casa – o que a organização denomina de trabalhos não remunerados – até salários menores e baixa representatividade em cargos de liderança.

Apenas 27% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres em todo o mundo. Foi exatamente na mesma época da divulgação desse estudo que fui promovida a gerente de marketing da Alelo, o que me torna – infelizmente – uma das poucas pessoas que fazem parte dessa estatística.

Em 2020, os executivos da empresa assinaram o documento Women’s Empowerment Principles (Princípios de Empoderamento das Mulheres), da ONU Mulheres (Organização das Nações Unidades) que consiste em assumir o compromisso de realizar ações que incentivem a igualdade de gênero, promovendo espaço para o desenvolvimento profissional feminino, e consequentemente, o aumento da liderança feminina.

Minha jornada como líder: da educação formal ao maternar

Estou na Alelo há mais de nove anos, vinda de uma transição de carreira: de jornalista à profissional de marketing. Passei por reestruturações, fui convidada a abraçar desafios diversos de várias disciplinas da área escolhida por mim lá atrás.

Tive espaço para me desenvolver, ampliar conhecimento e cavar oportunidades. Cada projeto entregue, ideia implementada ou dedicação à equipe foram reconhecidos. Por isso, nessa jornada, saí de analista de marketing pleno à minha posição atual.

Antes mesmo de ingressar na carreira corporativa, concluí a pós-graduação em Sociopsicologia e o Master em Comunicação. Para além dessa educação formal e outros cursos, me tornei mãe.

Sarah ainda engatinhava quando eu iniciei esta última especialização na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Eu tinha 25 anos; ela, 11 meses. Era repórter de uma revista do segmento de publicidade, fazia trabalhos freelancers e estudava. Somava um pouco mais de quatro anos como profissional.

Lembra quando comentei que os trabalhos não remunerados apareciam também como ponto de atenção sobre a equidade e liderança feminina?

Uma pesquisa global realizada pela consultoria de recrutamento Robert Half com 1.775 diretores de Recursos Humanos de 13 países – 100 dos entrevistados eram brasileiros – trouxe um dado relevante sobre o retorno da licença-maternidade. Menos da metade das funcionárias voltam à vida profissional depois do nascimento dos filhos.

Como ficou a vida profissional pós Sarah

Na época em que Sarah nasceu, ouvi muitas vezes que minha carreira não iria decolar. Sabe como provei o contrário, apesar das estatísticas? Sim, fiz parte de um percentual pequeno novamente. Tive rede de apoio – família e amigos – e também uma vida de privilégios como, educação formal, preparação e emprego em uma boa empresa.

Infelizmente, esta não é a realidade da maioria de nós.

Os hard skills foram sendo ampliados com estudos e projetos. Os soft skills foram sendo amadurecidos principalmente com a maternidade. Entendo que a soma desses fatores – e o apoio de gestores, pares e da própria empresa – me faz desempenhar um papel reconhecido na minha área.

Por isso, os grandes projetos. Por isso, a evolução na carreira. A gente se torna mais flexível com as diferenças e as mudanças de cenário; entende, de fato, o que se chama atualmente de lifelong learning, que de forma simplificada é preservar a mente aberta e a disposição para aprender mais e melhor em toda a vida; exercita o músculo da empatia com a escuta ativa e o olhar cuidadoso com o outro; e ainda se torna multitask, capaz de gerir muitos temas ao mesmo tempo e entregar projetos diversos.

Como tornar a liderança feminina uma realidade

Atualmente, além de líder de marketing de negócios, também faço parte do BRG Mulheres (Business Resource Group), que visa o apoio de ações para a promoção de equidade de gênero na Alelo; e sou mentora do Programa de Mentoria para Crescer com foco em Mulheres.

Sou extremamente apaixonada por trabalhar em equipe com uma gestão horizontal com foco em alta performance. São homens e mulheres trazendo contribuições para que os resultados da companhia se potencializem em um ambiente de extrema segurança psicológica.

Da esquerda para a direita, Raphael Pimenta, Larissa da Silva, Flavio Funicelli, Renata Gomes, Giuliana Barradas, Lorena Laranjeira e Bruno Ferreira, Time de Marketing de Negócios para Estabelecimentos Comerciais da Alelo
Da esquerda para a direita, Raphael Pimenta, Larissa da Silva, Flavio Funicelli, Renata Gomes, Giuliana Barradas, Lorena Laranjeira e Bruno Ferreira, Time de Marketing de Negócios para Estabelecimentos Comerciais da Alelo

Somos diversos, temos características e origens totalmente diferentes. Entendo, como líder, que posso apoiá-los em seus caminhos e escolhas para que aprimorem todas as suas potencialidades.

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