A quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus aumentou o tempo de uso da internet. Seja para estudar, trabalhar, conversar com os amigos, ler notícias ou acessar as redes sociais, as pessoas passam hoje muitas horas do dia, senão o dia inteiro, online. Segundo a pesquisa Covid-19 Barometer Research, um estudo global sobre atitudes, hábitos e expectativas da mídia, que ouviu mais de 25 mil consumidores em 30 mercados em todo o mundo, a navegação na web cresceu 70% e o engajamento nas mídias sociais chegou a 61% em relação às taxas de uso normal verificadas antes da pandemia.
Posts publicados com hashtags como #comida passam de 13 milhões de publicações e quando usada essa mesma palavra em inglês – #food – há mais de 391 milhões de postagens. Esses números mostram o sucesso das publicações relacionadas a esse assunto e, portanto, um campo com alto potencial de ser explorado –no geral, de forma gratuita – pelos estabelecimentos comerciais.
Para restaurantes, padarias, bares, lanchonetes e outros negócios da área gastronômica essa é uma grande oportunidade de divulgar sua marca e mostrar que cuidados a empresa adotou para garantir a higienização dos alimentos e dos funcionários, de modo a atender os clientes com segurança. “Em momentos como o qual estamos vivendo, mostrar para os consumidores que eles podem confiar na sua marca é muito importante”, afirma Gabriela Agostinho Pereira, professora de Mídias Sociais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). 
Adriana Coutinho, que já foi dona de um restaurante de comida caseira e depois abriu um escritório de mídias sociais, ressalta que com o aumento das entregas em domicílio “estar presente em todas as redes sociais se relacionando com o cliente não é opcional”.  E é taxativa: “quem não está nas redes, está fora do mercado, independentemente da pandemia”. A seguir veja sugestões das especialistas do que fazer nas redes sociais para impulsionar o negócio durante o período de isolamento.

Sete ações essenciais para destacar o seu negócio durante a quarentena

  1. Divulgue as novas formas do serviço


    Se os processos de pedido e entrega foram alterados, isso precisa ser comunicado, tanto para informar o consumidor quais são as novas opções que a empresa está oferecendo, quanto para mostrar que a empresa está mobilizada para oferecer um processo seguro. Foi o que fez a Almeida Lanches (@almeidalanches) em março. “Aqui nada mudou, nossa precaução sempre existiu e se reforçou, todos funcionários são devidamente instruídos a usar luvas, máscaras e tocas descartáveis e fazer a troca das mesmas a cada 1 hora. (…) Mesas e fritadeiras de inox higienizadas a cada fim de expediente, juntamente de espátulas e materiais afins com álcool 70%”, diz parte de um comunicado postado no perfil da lanchonete no Instagram. A padaria Dona Deôla (@donadeola) também informou em abril que havia reaberto as portas para retirada de produtos: “Reabrimos dia 16, nossa loja em Perdizes! (SP) Quem mora perto, agora pode retirar produtos e encomendas mais pertinho de casa! Funcionamos das 7h às 22h”.

  2. Transmita segurança na produção dos alimentos

Faça um vídeo ou mesmo uma sequência de fotos sobre os procedimentos adotados para garantir a higiene na cozinha e evitar a contágio do vírus. Vale, por exemplo, mostrar a limpeza das bancadas onde a comida é preparada, os cuidados incorporados no delivery e pelos colaboradores, como o uso de máscara e lavagem de mãos frequente. Coutinho sugere também gravar um vídeo que possa ser visto a qualquer momento no IGTV (aplicativo de vídeo do Instagram) mostrando o processo de higiene ou fazer uma sequência de stories para deixar nos destaques do perfil da empresa. “E sempre que for gravar algo aleatório que mostre a cozinha, é importante seguir as normas, mas não precisa evidenciar isso em todos os posts. Isso tem que ser feito naturalmente”, diz ela. Já Gabriela relata que diante da insegurança provocada pela pandemia. é essencial que as marcas busquem tranquilizar seus consumidores em relação aos cuidados que estão sendo tomados a respeito do manuseio dos produtos. “Essa preocupação e transparência é fundamental nesse momento”, diz a professora da ESPM.

  1. Mostre os bastidores do seu estabelecimento


    As redes sociais foram feitas não só para facilitar a comunicação entre as pessoas, mas também para aproximar. É importante que as empresas ofereçam conteúdo que promova a sensação de familiaridade com seus consumidores. Isso pode ser feito por meio de vídeos e sequências de fotos que revelem os bastidores da produção. Mostrar como o prato mais popular é feito, se há processos artesanais envolvidos, como os alimentos são conservados e a origem de receitas (“da vó” ou “de família”) usadas no estabelecimento, são maneiras de fazer com que o cliente “entre” na cozinha do restaurante mesmo sem estar lá. O Restaurante Cajueiro (@restaurantecajueiro) postou um vídeo do preparo de um de seus pratos mais famosos e escreveu: “Tão maravilhoso que merece um vídeo só dele”. Já a Confeitaria Dama (@confeitariadama) fez um vídeo de como rechear um bolo com ingredientes diversos como brigadeiro ou geleia de frutas vermelhas. Além de explicar como o recheio é aplicado, o consumidor fica com água na boca ao assistir ao vídeo, aumentando as chances de compra no local.

  2. Pense em promoções que ajudem a manter o seu negócio ativo

Usar a criatividade para inventar promoções e novas maneiras de vender o serviço é fundamental neste momento. Vale pensar em descontos nas refeições, criação de combos que reúnam dois ou três pratos com valores mais atrativos, sorteios em datas especiais como o “Dia das Mães” e “Dia dos Namorados” e mesmo desafios com brindes para quem mais interagir com o perfil nas redes sociais. O Bar do Lopes (@bardolopes), de Belo Horizonte, divulga o prato do dia, em porção individual ou família, detalhando o que vem em casa prato por escrito e por meio de imagens de cada uma das refeições. Já o restaurante Arturito (@paolacarosella), em São Paulo, criou o “Caixa da família sob encomenda” para o fim de semana, em que oferece pratos em quantidades que servem de quatro a cinco pessoas. “Mesmo que o negócio não tenha condições de renovar os processos de compra e venda ou não tenha mão de obra necessária para fazer muitas entregas, existem opções que podem ajudar os negócios nesse momento”, relata a professora da ESPM. Ela dá como exemplo restaurantes que começaram a vender vouchers de jantar que poderão ser utilizados após a reabertura do comércio.

  1. Promova e divulgue ações de solidariedade

    Inúmeras são as campanhas de marcas que buscam ajudar a população de baixa renda, os profissionais de saúde e muitos outros grupos que devido à pandemia necessitam de ajuda. Muitas empresas têm doado alimentos, divulgado ONGs que estão arrecadando produtos e mesmo publicado o contato de feirantes e outros fornecedores parceiros nas próprias redes. Ações como essas reforçam os valores da marca e seu posicionamento no mercado e ajudam a conquistar o respeito do seu público. O Bar do Alemão (@bardoalemaosp), por exemplo, informou em seu perfil no Instagram que todas as quartas-feiras doa 100 unidades de marmitex para a ONG Mãos de Maria, que atende a Comunidade de Paraisópolis.

  2. Analise as possibilidades de cada rede social

    Para Coutinho, o Instagram tem mais recursos para uso dos restaurantes. Ela lembra que, recentemente, o aplicativo atingiu a marca de 1 bilhão de usuários – no Facebook, são cerca de 127 milhões de internautas ativos. Na quarentena, visando facilitar o contato como cliente, o Instagram lançou funcionalidades que auxiliam na divulgação dos restaurantes. Entre elas, um botão que pode ser adicionado aos stories (função que permite a publicação de fotos e vídeos rápidos) para agilizar o pedido de comidas. A figurinha “Pedir Refeição” serve para negócios parceiros dos aplicativos de delivery Rappi e UberEats. Ao clicar na figura, o usuário é redirecionado para a página do estabelecimento no respectivo app. “A comunicação das empresas não deve ficar deslocada do cenário social. Ao usar essa funcionalidade, a compra se torna mais prática e menos transacional”, explica Gabriela. Além disso, o Instagram oferece diversas maneiras de divulgação do conteúdo, como publicações no feed (atualizações de um site), stories, IGTV (plataforma de vídeos), vídeos ao vivo e anúncios. Já o Facebook traz mais possibilidades em relação a serviços de publicidade, que permitem direcionar anúncios a públicos segmentados. Em ferramentas como o Gerenciador de Anúncios, o dono de restaurante pode escolher atributos como idade, localização e interesses que ajudam a encontrar as pessoas com perfil mais próximo dos serviços ofertados pelo estabelecimento. “Fazer anúncios e segmentar o conteúdo para o público correto dá acesso a diversos dados e métricas para entender e analisar a performance do seu negócio nessas plataformas”, relata Gabriela.

  3. Capriche nas imagens

    Contar com boas imagens das bebidas e dos alimentos preparados é essencial para quem atua no ramo da gastronomia. Fotos que tornam os pratos apetitosos servem para estimular o consumo e podem ser um diferencial em espaços de mídia social, em que há inúmeras publicações e acontecimentos a toda hora tentando chamar a atenção dos usuários. Como inspiração, vale conhecer perfis como o @buzzfeedfood, site mundialmente conhecido, que traz, em inglês, fotos de pratos inusitados, receitas rápidas e postagens divertidas, mostrando, por exemplo, a anatomia de um cookie ou uma saborosa sobremesa gelada que vem no formato de uma xícara de café. No @spoonforkbacon, duas fotógrafas e designers de comida americanas postam fotos de qualidade de suas invenções culinárias como um ragu de porco com massa (pappardelle) e tacos com chouriço e ovos fritos para um farto café da manhã.

Dicas adicionais


 “Toda crise gera grandes oportunidades, tem muita gente que conseguiu, especialmente no mundo do delivery, se digitalizar. Da noite pro dia, se desafiou a ter que vender pelo WhatsApp, pelos aplicativos de delivery. São muitas as plataformas e isso virou o dia a dia para muitas pessoas. Muitos lojistas, especialmente no ramo de restaurantes, precisaram se adaptar, se conectar.” ressaltou Marcio Alencar, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios, Inovação e Estratégia Digital da Alelo na Live: “Os Desafios dos Pequenos Varejistas”, que também contou com a participação do professor Carlos Arruda da Fundação Dom Cabral. Confira na íntegra a gravação da Live disponível no Instagram da Alelo.

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