Mais do que realçar questões como a beleza, a influência e a importância da cultura afro-brasileira, a celebração do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, busca refletir questões fundamentais para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa.
Como parte da celebração da data e da divulgação da luta do combate ao racismo, a Alelo divulgou em suas redes sociais um vídeo que aborda a discriminação racial explicada por meio do uso do conceito de interseccionalidade.
O vídeo faz parte da busca em ampliar o debate sobre o assunto, que tem como principal fonte as análises feitas pelo Grupo de Afinidade Afrolelos, em que a (re)existência da população negra em nossa sociedade é abordada em assuntos como o racismo estrutural e os mecanismos de desigualdade.
O programa é uma oportunidade para dialogar sobre temáticas raciais, com troca de aprendizados entre os participantes, e assim refletir de que maneira isso impacta especialmente na parcela de 56% dos brasileiros que se declaram pretos ou pardos.
Propagar a importância da conscientização é um desafio contínuo. Veja a seguir como fortalecer essa luta é uma aspiração da Alelo. Vamos nessa?
Como surgiu o Dia da Consciência Negra?
Data dedicada à reflexão sobre o valor e a contribuição dos negros para o Brasil, o Dia da Consciência Negra é uma construção de décadas do movimento negro no combate ao racismo.
O marco para o surgimento da celebração aconteceu em 1971, na cidade de Porto Alegre. Em uma reunião do Grupo Palmares, associação que reunia militantes e pesquisadores da cultura afro-brasileira, o poeta gaúcho Oliveira Silveira propôs que 20 de novembro fosse escolhida como a data para celebrar a comunidade negra.
A escolha do 20 de novembro foi uma homenagem a Zumbi dos Palmares, um dos maiores símbolos da resistência e luta contra a escravidão no Brasil.
Segundo historiadores, nesse mesmo dia, em 1695, o líder do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial, teria sido capturado e assassinado após ter seu esconderijo desvendado.
O Dia Nacional da Consciência Negra faz parte do calendário escolar desde 2003, e foi instituído oficialmente pela Lei n.º 12.519, de 10 de novembro de 2011. A data não é feriado nacional, mas leis estaduais e municipais garantem o recesso em mais de mil cidades brasileiras.
Com um requerimento de urgência, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei para que a data se torne feriado nacional. Caso não haja nenhuma alteração na votação final, o projeto é encaminhado para sanção presidencial.
Grupo de Afinidades Afrolelos
Voltado para o acolhimento e debate de temáticas raciais, o Grupo de Afinidade Afrolelos foi criado em 2020, em encontros quinzenais, reunindo colaboradores da Alelo, Veloe e Pede Pronto.
Ele faz parte dos grupos e comissões de diversidade que buscam a inclusão social no ambiente de trabalho. Além do Afrolelos, os outros grupos de afinidades são:
- Grupo de Afinidade LGBTQIA+, que busca promover o respeito à diversidade sexual e de gênero na empresa e na sociedade;
- Grupo de Afinidade Mulheres, uma rede que estimula a equidade do papel social das mulheres, promovendo ações que visam ao acolhimento e à representatividade;
- Grupo de Afinidade Pertencer, que busca continuamente o respeito pela diversidade e a inclusão da Pessoa com Deficiência (PCD);
- Grupo Afinidade de Gerações, que procura a heterogeneidade entre os mais velhos e os mais jovens no ambiente corporativo;
- Grupo de Afinidade Corpos, que tem como missão disseminar a desconstrução do que é um padrão de corpo, por meio de ações que apoiem a aceitação, normalidade, liberdade, respeito e amor-próprio
Considerado um espaço de empatia e desenvolvimento de ideias, em que os participantes trocam vivências como pessoas negras, no Grupo de Afinidade Afrolelos são debatidas pautas:
- Internas: eventos temáticos, lives de conscientização e ações que fomentam a diversidade racial na empresa;
- Externas: situações de racismo que saíram na mídia, leis sobre o tema e notícias em geral que abordam a desigualdade.
Indicações de livros, séries, filmes e podcasts que tratam da temática racial também são utilizadas como forma de ampliar o debate.
Outras iniciativas do programa são:
- Acervo de currículos de pessoas negras para as empresas do grupo, com apoio para maior contratação;
- Formação de um grupo de mulheres pretas;
- Programa de Mentoria com foco no desenvolvimento de carreira de pessoas negras.
Qualquer colaborador pode integrar o Afrolelos, uma vez que a ação não é voltada apenas para pessoas negras, mas sim para todos que entendam a importância da luta antirracista.
Interseccionalidade no Dia da Consciência Negra
Como parte do Dia Consciência Negra, a Alelo divulgou em suas redes sociais um vídeo que aborda a discriminação racial explicada por meio do uso do conceito de interseccionalidade.
Esse termo trata das interconexões entre diferentes formas de opressões, discriminações e desvantagens existentes em nossa sociedade, levando em conta as individualidades de cada um.
Segundo os estudos de Kimberlé Crenshaw, ativista norte-americana dos direitos civis e que deu forma ao conceito de interseccionalidade, as mulheres negras sofrem opressões em vários sentidos, em questões raciais e de gênero.
Esse dilema também atinge mulheres com deficiência, de classes sociais mais baixas ou de idade avançada. Ou seja, todas sofrem por serem mulheres, enfrentando ainda outros desafios, em recortes distintos.
O surgimento do tema teve como proposta avançar em pautas mais inclusivas para o feminismo, pois este em seu surgimento não contemplaria mulheres negras ou lésbicas.
A narração do vídeo, que intercala o texto sobre preconceito racial com flagrantes casos de discriminação, coloca como questão que todas as pessoas têm suas lutas, mas que nem todas as lutas são iguais.