A sociedade pede cada vez mais ideias que se preocupem com a coletividade, mesmo no ambiente corporativo. Ao empunhar a bandeira da busca por “um mundo melhor”, o conceito de empreendedorismo social tem ganhado notoriedade e espaço nas empresas.

Por meio de práticas que são comuns no mundo dos negócios, como: criatividade, inovação e gestão, o empreendedorismo social tem como propósito solucionar, com produtos e serviços, as questões relacionadas ao meio ambiente e aos direitos humanos.

Venha com a gente conferir as possibilidades que se abrem na utilização do empreendedorismo por uma sociedade mais justa e igualitária.

Bora lá?

O que é empreendedorismo social?

O empreendedorismo social é uma abordagem inovadora na utilização das práticas empresariais, indo além da mera questão financeira que desde o início move o empreendedorismo tradicional.

O pioneirismo da utilização do termo, ainda na década de 1970, vem de Bill Drayton, fundador e presidente da Ashoka, uma organização mundial sem fins lucrativos.

São utilizados procedimentos combinados de gestão e inovação com o propósito de resolver desafios globais e problemas socioambientais de maneira sustentável, como uma forma de “missão social”.

Esse modelo se fortalece em contextos de crise econômica, social e ambiental, e tem como responsabilidade auxiliar a resolução de desigualdades sociais e problemas relacionados à saúde, emprego, educação, meio ambiente, saneamento básico, moradia, direitos humanos, entre outros.

No Brasil, onde é um eterno problema a demora na implementação de políticas públicas pelos setores governamentais, o empreendedorismo social avança para combater as desigualdades, utilizando-se muitas vezes de ideias inovadoras, mas que sem esse apoio do empresariado acabariam não se realizando.

Principais características do empreendedorismo social

O empreendedorismo social tem algumas características próprias, que visam a resolução de problemas de ordem social e ambiental, gerando oportunidades econômicas.

É interessante ressaltar que enquanto o empreendedorismo feito de modo tradicional ambiciona basicamente o lucro e que o negócio se sustente financeiramente, o empreendedorismo social não prioriza a lucratividade aos investidores.

A pretensão de quem implementa o empreendedorismo social é, em primeiro lugar, melhorias para segmentos da sociedade ou para a sociedade em geral, e depois, se possível, almejar a rentabilidade, até mesmo para que aquela iniciativa se sustente.

Algumas peculiaridades desse modelo empresarial são:

  • Missão social: resolução de um problema social específico, como: pobreza, falta de acesso à educação ou saúde, desigualdade, degradação ambiental, entre outros;
  • Inovação: desenvolvimento de novas abordagens ou tecnologias que sejam mais eficazes, eficientes e sustentáveis;
  • Sustentabilidade financeira: embora o lucro não seja o objetivo principal, empreendedores sociais buscam modelos de negócio que sejam financeiramente viáveis, o que permite a continuidade e expansão das suas iniciativas;
  • Escalabilidade: interesse em criar soluções que possam ser ampliadas ou replicadas em outras comunidades;
  • Público-alvo: populações carentes são as mais favorecidas, já que não contam com dinheiro ou influência política para alcançar determinados benefícios;
  • Engajamento comunitário: envolvimento direto das comunidades beneficiadas, garantindo que essas soluções sejam adequadas às suas necessidades e contextos.

O crescimento do empreendedorismo social no Brasil

As principais empresas brasileiras cada vez mais se mostram dispostas a trabalhar em prol dessas pautas sociais.

De acordo com dados apresentados no seminário FGV Conhecimento, em setembro de 2023, o empresariado nacional destinou 0,8% do seu lucro bruto para investimento social corporativo em 2022, o que representa R$ 4 bilhões.

Os números citados no painel são do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), da Comunitas, que mostram que o investimento social corporativo vem crescendo no país, já que ele é superior ao investido em 2021, cuja média ficou em 0,69% do lucro bruto.

Segundo os participantes do painel, esse número revela a importância do investimento privado e da multiplicação de ações desse gênero.

O que é o empreendedorismo social

Empreendedorismo social e ESG

Abreviatura para o termo em inglês Environmental, Social andGovernance (Ambiental, Social e Governança), a sigla ESG indica práticas e critérios relacionados à sustentabilidade e à responsabilidade corporativa.

Ou seja, segue parâmetros altamente relacionados ao empreendedorismo social, ligando as empresas a questões relacionadas à sociedade em geral.

Entenda a seguir um pouco mais de cada um dos pilares ESG:

  • Meio ambiente: são práticas relacionadas ao impacto ambiental. Neste critério, são englobadas questões, como: gestão de resíduos, eficiência energética, emissões de carbono, uso sustentável de recursos naturais, etc;
  • Social: este pilar está relacionado ao impacto social da empresa. Aqui, podem existir práticas de trabalho justo, diversidade e inclusão, direitos humanos e segurança do trabalho, relativos à equipe, clientes, comunidade e sociedade em geral;
  • Governança: por fim, o terceiro critério refere-se à estrutura de governança da empresa e à forma como ela é administrada, incluindo aspectos como: transparência, responsabilidade corporativa, ética nos negócios, composição do conselho de administração e práticas contábeis.

Como se transformar em um empreendedor social?

Começar uma empresa com visão e conceitos do empreendedorismo social ou transformá-la para atender essa missão envolve várias etapas estratégicas e operacionais.

Confira a seguir algumas diretrizes sobre como se tornar um empreendedor social:

Identifique uma missão social

Determine uma questão social ou ambiental específica que você deseja abordar. Isso não precisa necessariamente estar relacionado à sua área de atuação atual, mas pode ser um novo desafio que você deseja enfrentar.

Reavalie o modelo de negócio

Adapte o seu modelo de negócio para incorporar a missão social. Essa atitude pode incluir ações como:

  • Redefinir os objetivos da empresa para incluir metas sociais ou ambientais;
  • Desenvolver produtos ou serviços que abordem diretamente o problema identificado;
  • Estabelecer métricas para medir o impacto social ou ambiental.

Engaje as partes interessadas

Envolva todas as partes interessadas, incluindo funcionários, clientes, fornecedores e a comunidade local.

Comunique claramente a nova missão da empresa e como será o trabalho em prol desse objetivo.

Estruture-se financeiramente

Embora o foco principal seja o impacto social, é essencial garantir que o negócio seja financeiramente sustentável.

Uma boa maneira de alcançar esse objetivo, além das práticas de gestão mais tradicionais, é se aliar a investidores que também queiram se vincular à ideia do empreendedorismo social.

Faça parcerias

Forme parcerias com organizações não governamentais, poder público, outras empresas sociais e organizações comunitárias.

Considere parceiros que possam trazer recursos complementares, como: expertise, financiamento, redes de contatos ou infraestrutura.

Crie uma cultura organizacional

Valorize e promova a missão social por meio da criação de uma cultura organizacional.

É importante que o corpo de colaboradores esteja inserido nesses valores compartilhados pela empresa, o que pode ser alcançado por meio de treinamento e de ações do dia a dia.

Construa um plano de comunicação

Desenvolva uma estratégia de comunicação que destaque a missão social do negócio.

O uso das mídias é extremamente importante para informar os pormenores dos seus projetos às pessoas que não participam do dia a dia da iniciativa.

Exemplos de empreendedorismo social

Existem muitos exemplos de empreendedorismo social no Brasil, que combinam objetivos de impacto social ou ambiental com modelos de negócios sustentáveis.

Aqui estão alguns exemplos de lugares que buscam promover transformações positivas na sociedade:

Gerando Falcões

A Gerando Falcões é uma iniciativa de Eduardo Lyra, jovem nascido na periferia de São Paulo e que resolveu se dedicar a melhorar a vida de crianças que passam por dificuldades como pouco ou nenhum acesso às necessidades básicas, que vão desde uma moradia digna à educação, cultura e lazer.

Cerca de 740 mil estudantes já foram impactados pelas ações do projeto, que atua em mais de 5,5 mil favelas em todo Brasil.

A rede de ONGs tem a meta de promover o protagonismo dos jovens e fortalecê-los enquanto motores de transformação da sociedade.

GRAACC

Criado em 1991, o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC) surgiu como uma iniciativa do oncologista pediátrico Antonio Sérgio Petrilli e é referência em oncologia pediátrica no Brasil.

Com o propósito do atendimento humanizado e uma equipe multiprofissional, a entidade já tratou mais de 5 mil pacientes, apresentando uma taxa de cura que fica em torno de 70%.

A organização funciona com base em um rigoroso sistema de gestão e atendimento que envolve pesquisadores de universidades, iniciativa privada e sociedade.

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