No último dia do CONARH 2025, quem passou pelo Alelo Talk pôde acompanhar uma conversa daquelas que fazem a gente repensar o jeito de fazer negócios. O bate-papo foi conduzido por Vânia Bueno, jornalista especializada em comunicação empresarial e governança corporativa, e membro do conselho do Capitalismo Consciente Brasil

Convidada do Alelo Talk, Vânia Bueno comandou o painel “Negócios Conscientes” e trouxe uma reflexão essencial sobre o futuro das empresas e da sociedade. Ao longo da conversa, a jornalista discutiu sobre como construir negócios prósperos sem abrir mão da responsabilidade social e ambiental.

Então bora entender como unir lucro, propósito e consciência? Continue lendo o conteúdo abaixo e descubra os pontos-chave que rolaram no painel!

O legado e os desafios do capitalismo

Para contextualizar a discussão, Vânia destacou que o capitalismo, ao longo de mais de 200 anos, trouxe avanços significativos, como proteção da propriedade privada, estímulo à competição e redução da pobreza extrema. 

De acordo com dados apresentados pela convidada, em 1800, 90% da população mundial vivia na miséria; em 2016, esse número caiu para menos de 10%. Mas nem tudo são benefícios. 

“O capitalismo traz benesses, mas gera impactos que não foram previstos quando ele foi criado”, pontuou. 

A jornalista lembrou que o modelo também gera desigualdade. Hoje, 811 milhões de pessoas passam fome enquanto 2,7 mil bilionários concentram riqueza. Mas, para ela, não se trata de negar o sistema, mas de repensá-lo: 

“É uma disfuncionalidade que precisa ser ajustada. O capitalismo precisa evoluir, sem deixar tantas pessoas para trás”, afirmou durante o bate-papo. 

E qual é o retrato da desigualdade no Brasil?

De acordo com Vânia, alguns dados são alarmantes em relação à desigualdade no Brasil:

  • 32 milhões de pessoas sem acesso à água potável;
  • 90 milhões sem coleta de esgoto;
  • 15% de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos.

“Estudos mostram que precisaremos de nove gerações para sair da pobreza. O Capitalismo Consciente acredita que dá pra melhorar essa performance”, afirmou. 

Outro dado alarmante surgiu durante a pandemia: um quarto da população não tinha CPF, o que revela a exclusão de milhões de brasileiros do sistema financeiro.

Ainda, a convidada também destacou que desigualdade também aparece no mercado de trabalho. As mulheres ainda recebem 20% a menos que os homens para a mesma função. E, segundo estudos trazidos por Vânia, seriam necessários 257 anos para alcançar a equiparação salarial.

“Precisaremos de 257 anos para atingir essa equiparação. Problema que tá na mão da gestão de pessoas”, observou. 

Pessoas, natureza e propósito nos negócios

O movimento do Capitalismo Consciente defende que as empresas adotem um olhar mais humano e sustentável em suas estratégias

Vânia Bueno, jornalista especializada em comunicação empresarial e governança corporativa

Ou seja, não é sobre considerar apenas os resultados financeiros, mas também:

  • O impacto do trabalho na vida das pessoas;
  • Os efeitos sobre o meio ambiente;
  • O legado deixado às comunidades e ao entorno.

Precisamos, portanto, repensar o impacto do modelo econômico sobre a natureza. “Vemos as empresas aumentando suas metas de produção como se o sistema fosse infinito, e ele não é”, considerou. 

Além disso, convidou à reflexão: “O que estamos fazendo como negócio para beneficiar nosso entorno? Precisamos dessa consciência. Ser um capitalista mais consciente. As empresas têm esse poder de mudança.”

Onde se encaixa o RH?

De acordo com Vânia, para que haja esse processo, é fundamental desenvolver um novo olhar, mais sistêmico. “Não fomos educados para pensar de forma sistêmica. A gente aprendeu a trabalhar com causa e efeito, mas o sistema é mais complexo”, disse. 

E é aí que entra uma grande função estratégica da área de recursos humanos. “É papel do RH ajudar na formação das pessoas para verem o mundo complexo e interdependente como ele é”, afirmou.

Segundo a especialista, a ideia de liderança também está em transformação neste novo cenário: “Na nossa cultura o líder é aquele que já sabe. A gente sabia, só que o mundo mudou. As perguntas mudaram.”

Liderança consciente e vulnerável

Para Vânia, admitir o desconhecimento é parte do novo modelo mental que empresas precisam adotar.

Inspirada em uma fala de Carolina Ferreira, diretora de Gente e ASG da Alelo, ela destacou: “A gente precisa começar desaprendendo”.

Segundo a jornalista, líderes conscientes são aqueles que conseguem dizer “eu não sei” de forma vulnerável e responsável, abrindo espaço para colaboração e soluções coletivas.

“Dizer um ‘eu não sei’ sincero. Vamos descobrir juntos. Trazer mais gente para pensar em uma nova solução. É um ‘não sei’ vulnerável. E responsável”, refletiu. 

Essa postura, além de gerar inovação, também protege as organizações:

“Se o líder não fizer isso, coloca equipes e organizações em rota de risco, porque irá tomar decisões erradas. Consciência é inclusive saber que eu não sei”, ponderou. 

Negócios conscientes como caminho para o futuro

O que aprendemos com Vânia Bueno foi que o futuro dos negócios depende de uma visão mais sistêmica, colaborativa, responsável e, principalmente, consciente.

Afinal, as empresas têm poder de transformação e precisam atuar como agentes de mudança, equilibrando resultados financeiros com impactos sociais e ambientais.


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