Quantas mulheres líderes você conhece? E quantas delas, ocupando as mesmas posições que homens, recebem um salário menor? É exatamente sobre a equidade salarial que vamos refletir ao longo deste texto.

De fato, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Mas ainda há muito a ser mudado no universo corporativo em relação à mulher, principalmente quando falamos em igualdade de salário.

E não é apenas em cargos de liderança que isso acontece. De acordo com o IBGE, o rendimento médio mensal da trabalhadora mulher no Brasil é de R$1.764, enquanto os homens recebem, em média, R$2.306

Para vermos a diferença no mundo corporativo, precisamos fazer a diferença. Como diria a pensadora Angela Davis: “Você tem que agir como se fosse possível transformar radicalmente o mundo. E você tem que fazer isso o tempo todo”.

Neste mês das mulheres, tratamos sobre a mulher no mercado de trabalho, colocando uma lupa na questão da equidade salarial. Vamos lá?

Equidade salarial: os desafios da mulher no mercado de trabalho

A mulher e o mercado de trabalho

Foi um longo e árduo processo, mas gradualmente as mulheres passaram a ocupar espaços nos ambientes de trabalho

Dados de 2022, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, revelaram que o Brasil contava com 89,6 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 47,9 milhões faziam parte da força de trabalho

Mas quando falamos sobre equidade salarial e cargos de alto nível, o cenário para as mulheres não é tão positivo

O relatório Women in Business 2023, divulgado pela empresa de consultoria Grant Thornton, apresentou alguns números que merecem atenção sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro:

  • Apenas 34% dos cargos de liderança serão ocupados por mulheres em 2025;
  • Apenas 9% das companhias pesquisadas contam com uma CEO mulher;
  • Para cerca de 58% das entrevistadas, as expectativas de conciliação entre vida pessoal e profissional e flexibilidades não são supridas no trabalho e são a principal barreira para evoluir na carreira;
  • Há baixa representatividade feminina em áreas como: tecnologia, engenharia e finanças, com apenas 17% de mulheres em cargos de liderança.

Sobre a equidade salarial, um levantamento da Fundação Getúlio Vargas, no segundo quadrimestre de 2023, mostrou que a remuneração média dos homens foi 25,3% maior em comparação com as mulheres

Anteriormente, em 2019, um estudo da Catho também apresentou alguns pontos-chave sobre os desafios do mercado de trabalho para o público feminino. 

A pesquisa apontou que, mesmo com 30% das mulheres com nível superior e pós-graduação, enquanto os homens são 24%, elas ainda têm salários menores. “Eles podem chegar a ganhar até 52% a mais que elas exercendo uma mesma função”, ressaltou o levantamento. 

“São nas ocupações de profissional especialista e graduado que as remunerações por gênero mais se distanciam, seguidos de profissional especialista técnico com 47% de diferença”, mostrou a pesquisa. 

Outro recente relatório, do Fórum Econômico Mundial (FEM), identificou que as mulheres devem encontrar paridade de gênero com os homens daqui a 130 anos.

O que é paridade de gênero?

Este termo refere-se à igualdade entre homens e mulheres em termos de representação, oportunidades e direitos em diversos contextos, como no ambiente de trabalho, na política, na educação e em outros setores da sociedade

Reconhecer o termo é fundamental para eliminar as disparidades históricas e culturais que muitas vezes resultam em tratamentos desiguais baseados no gênero.

Lei de Igualdade Salarial

Na tentativa de combater este cenário, em 4 de julho de 2023, foi promulgada a Lei de Igualdade Salarial entre os gêneros.

A norma, “que engloba a Lei nº 14.611/2023, o Decreto nº 11.795/2023 e a Portaria nº 3.714/2023, foi criada com o intuito de corrigir essas lacunas, combater e eliminar as disparidades salariais baseadas em gênero e proporcionar maior segurança para as mulheres”, explica o texto compartilhado pelo Governo.

A legislação estabelece que os salários devem ser iguais para mulheres e homens que desempenham funções equivalentes, ou seja, quando executam o mesmo trabalho com produtividade e eficiência semelhantes. 

A lei de igualdade salarial passa a existir para assegurar que a remuneração seja justa, sem discriminação com base em gênero, raça, orientação sexual ou qualquer outro elemento não vinculado ao desempenho e às responsabilidades associadas ao cargo.

Equidade salarial: os desafios da mulher no mercado de trabalho

Como negociar os salários?

De modo geral, diversas pesquisas mostram que as mulheres são as profissionais que mais tentam negociar o seu salário.

Um estudo, publicado na Academy of Management Discoveries, feito com estudantes de MBA, evidenciou que 54% das mulheres disseram que negociaram os salários após o curso, comparado a apenas 44% dos homens.

Negociar os salários é uma boa maneira de tentar equalizar o valor, e as mulheres podem adotar várias estratégias eficazes para garantir uma compensação justa. 

Confira, abaixo, algumas dicas:

Conheça seu valor

Avalie suas skills (soft, hard, power, mad, etc.) e suas experiências profissionais anteriores. Considere sua produtividade, seus resultados e suas conquistas. 

Ao realizar uma autoavaliação realista, você consegue definir melhor o seu valor, e negociar um salário que esteja de acordo com a função que desempenha/desempenhará e com sua bagagem.

Compare o salário e os benefícios

Determine um valor realista e defina seus objetivos antes de entrar em negociação. Para isso, você pode pesquisar qual é o salário médio para o seu cargo. 

É importante obter o máximo de informações sobre o pagamento, inclusive sobre os possíveis benefícios. Tudo isso deve pesar na balança. 

Aliás, considere benefícios adicionais, como flexibilidade no horário, oportunidades de desenvolvimento da carreira, ou outros incentivos, visando sempre seus objetivos profissionais.

Com isso e com a sua autoavaliação, você consegue desenvolver uma boa argumentação para a conversa com os supervisores para alcançar o salário mais indicado para a sua função

Escolha o melhor momento para a conversa

Escolha o momento certo para negociar: esteja preparada e em um dia bom. Parece besteira, mas não é. Afinal, se você estiver chateada com alguma coisa, pode aparentar inseguranças em relação ao pedido – o que não é bom.

Estar confiante e com um bom argumento em mente é muito importante. Por isso, prepare sua estratégia e opte por um momento em que esteja segura e com a cabeça 100% focada em sua negociação

Pratique sua promoção e seu discurso

Esteja disposta a falar sobre suas conquistas e a promover suas habilidades. Às vezes, as mulheres podem subestimar suas realizações, então é importante destacar seu valor.

Além disso, você pode praticar o seu discurso a fim de analisar o que está funcionando mais e o que pode ser evitado durante a conversa. Com isso, você fica mais tranquila e preparada para falar com seus gestores.

Faça a diferença no seu mundo corporativo!

A busca pela equidade salarial é uma luta contínua e é uma ação conjunta. Ou seja, todos os profissionais devem ter em mente essa realidade de desigualdade salarial para combatê-la.

Seja encorajando as mulheres a negociarem salários justos ou tomando uma ação efetiva, principalmente se você estiver em uma posição de liderança, todos temos um papel importantíssimo para que os números sejam cada vez mais positivos para as mulheres.

O RH, por exemplo, pode colaborar com iniciativas de diversidade e inclusão nas  organizações. Além disso, ideias e esforços para criar ambientes de trabalho mais igualitários também são bem-vindos. 

Afinal, como disse Angela Davis, nós devemos agir como se fosse possível mudar radicalmente o mundo

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