Você tomou uma decisão profissional que parecia certeira, mas agora soa como um grande erro? Ou aceitou aquela vaga que parecia perfeita, mas não era bem o que estava pensando? Não se desespere! Embora as frustrações no mercado de trabalho possam aparecer, há como reverter a situação!
Em primeiro lugar, não se sinta sozinho! O arrependimento faz parte da trajetória de muitos profissionais — e, na verdade, ele pode ser um sinal de que é hora de parar, refletir, recalcular a rota e recomeçar.
Segundo uma pesquisa realizada pela Resume Now, cerca de dois terços dos trabalhadores sentem algum tipo de arrependimento profissional. Na maioria das vezes, o que pesa não são os erros cometidos, mas as escolhas não feitas.
Já entre os principais remorsos estão: ter permanecido por anos em um cargo que já não trazia propósito (58%) e não ter tido coragem de mudar de carreira quando sentiam esse desejo (40%).
Frente a esse cenário e para ajudar quem está lidando com frustrações na vida profissional, conversamos com a especialista em carreira Michelle Navarro, que trouxe reflexões importantíssimas sobre como enfrentar as frustrações no mercado de trabalho. Bora lá?
Arrependimento é parte da caminhada
“Todo mundo já se questionou sobre uma escolha profissional em algum momento. Arrependimento faz parte da caminhada — o que importa é o que você faz com ele”, afirma Michelle.
Segundo ela, o primeiro passo é tirar o peso da culpa. Em vez de se punir por decisões passadas, olhe para a experiência com gentileza e se pergunte: “O que ela está tentando me mostrar?”
Portanto, precisamos entender que o arrependimento pode chegar — e está tudo bem se isso acontecer! Mas é necessário trabalhar as frustrações no mercado de trabalho para que elas não se tornem “uma bola de neve”.
Como lidar com frustrações no mercado de trabalho?
Frustração ignorada não desaparece — ela se acumula. “Frustração ignorada vira estafa emocional. Mas frustração escutada pode virar bússola”, explica Michelle.
O incômodo é sinal de que algo precisa mudar. Pode ser o ambiente, a função, a rotina… ou até o medo de recomeçar. Mas, afinal, existe uma forma de se preparar emocionalmente para mudanças na carreira?
Segundo Michelle, sim! “O caminho começa de dentro pra fora. A preparação emocional começa quando você para e se pergunta: ‘O que está me incomodando, de verdade?’”, afirma a mentora.
“Não adianta mudar de empresa, de área ou até de país se você não entendeu o que está te frustrando. Às vezes, o problema não está no lugar — está no desalinhamento com seus valores, na rotina que não combina com seu estilo de vida ou até na ausência de propósito no que faz. É nesse ponto que o autoconhecimento entra: como uma bússola que te ajuda a entender o que faz sentido pra você agora”, completa.
O que fazer com o medo?
É comum sentir aquele frio na barriga, aquele “medinho” ou aquele receio do incerto. E, muitas vezes, isso basta para nos manter paralisados em uma zona de conforto que, na verdade, é desconfortável. Mas o medo, por mais presente que esteja, não precisa ser o protagonista dessa história.
“O medo vai aparecer. Sempre que a gente pensa em mudar, ele vem junto. Mas tudo bem: sentir medo é natural — o que não dá é deixar que ele decida por você. […] A mudança só assusta quando a gente está desconectado do que quer. Quando você se conhece e tem clareza do seu caminho, o próximo passo fica mais leve”, explica Michelle.
Além disso, a mentora também orienta: “Outra dica importante: não tente resolver tudo sozinho. Conversar com um consultor de carreira ou mentor pode ajudar (e muito!) a organizar ideias, enxergar opções e montar um plano de ação mais estratégico e possível”.
Como lidar com uma decisão de carreira que deu ruim?
Novamente, não se desespere e não deixe a culpa tomar conta quando uma decisão não é bem aquilo que você pensou. Como aponta Michelle, esses momentos podem ser importantes para “encontrar um novo caminho a partir do que você aprendeu”.
A mentora orienta: “O problema não é errar a escolha — é ignorar o que ela tá tentando te mostrar. O primeiro passo é sair do modo culpa e entrar no modo aprendizado. Pergunte-se: o que essa experiência me revelou sobre mim? Sobre o que eu quero (ou não quero mais)?”
“Depois, vem o reposicionamento. Não precisa apagar nada — só precisa contar sua história com clareza. Atualiza seu currículo, seu LinkedIn, sua narrativa… e mostra como você cresceu, mesmo quando as coisas não saíram como o esperado”, explica.

Errar não é o fim: é um convite à mudança
Tomar uma decisão equivocada não significa fracasso. Michelle pontua que “errar uma escolha não é o fim da linha, é só um desvio de percurso. E está tudo bem. Acontece com quem se arrisca, com quem se movimenta, com quem tem coragem de tentar. O que não dá é perceber que o caminho não faz mais sentido e continuar andando só para não ‘voltar atrás’.”
Como vimos com Michelle, o mais importante é escutar o incômodo e usar esse desconforto como bússola para uma nova direção. “E quero propor uma reflexão: e se voltar atrás for exatamente o avanço que você precisava? Nem toda escolha certa te leva ao sucesso — e nem toda escolha errada te afasta dele. O que conta mesmo é o que você faz com o que aprendeu”, ressalta a mentora.
Voltar atrás não é retrocesso!
Muita gente sente medo de mudar novamente ou de “voltar atrás” após uma decisão mal-sucedida. E segundo a mentora, “isso não pega mal quando vem de um lugar de clareza”.
Michelle desconstrói essa ideia de que é um “retrocesso”: “Voltar atrás não é sinônimo de fracasso. Às vezes, é só um reencontro com quem você realmente é. Tem escolhas que a gente faz tentando agradar, atender expectativas ou seguir o que ‘parecia certo’. Tem escolhas que a gente só entende no meio do caminho”.
Como a mentora nos lembra, “nem sempre as coisas saem como o planejado”, e recuar pode ser uma estratégia para você seguir mais alinhado e consciente — ou seja, “pronto para dar dois passos à frente”, segundo Michelle.
“Recomeçar não é perder tempo. É se permitir fazer diferente com tudo que você aprendeu. E o mercado? Valoriza autenticidade. Valoriza quem tem coragem de reconhecer um descompasso e maturidade pra ajustar a rota. O segredo não está na linha reta — está na coerência entre o que você vive e o que você quer construir”, completa.
E se você estiver completamente perdido?
Autoconhecimento é a chave. E com método, ele se torna ainda mais poderoso. Michelle recomenda ferramentas como:
- SWOT pessoal;
- Linha do tempo da carreira;
- Canvas de carreira;
- Teste de valores.
Mas ela faz um alerta: “As ferramentas são só o começo. Elas te mostram pistas — mas se você não souber interpretar esses sinais e transformá-los em ação, vira só um monte de informação parada.”
É aí que a mentoria entra como apoio essencial para transformar dados em decisões práticas e conscientes.
Respira. Recomeçar faz parte.
Para fechar, o principal conselho da especialista para quem está frustrado, ou arrependido com a carreira e com decisões no mercado de trabalho: “Respira. Isso não te define. Frustração é um convite à mudança. Arrependimento é um lembrete de que você quer — e merece — algo melhor.”
“A vida profissional não é uma linha reta. É uma jornada feita de escolhas, ajustes e recomeços. E tá tudo bem recomeçar quantas vezes for preciso”, finaliza.
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