Não se pode negar que o carro ainda exerce um fascínio em boa parte da população. Para muitos, ele é sinônimo de status. Mas essa já não é mais uma realidade absoluta, principalmente entre a população mais jovem, que cada vez mais enxerga o automóvel como uma parte que supre a necessidade de locomoção e não se preocupa tanto em comprar um. Para se ter uma ideia, entre 2013 e 2015, a quantidade de novos habilitados no Brasil caiu pela metade (53%), de acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito. Houve redução em todas as faixas etárias, especialmente na de 22 a 30 anos, que chegou a 62%, e na de 31 a 40 anos, também na casa dos 60%. Seja pela falta de interesse e também com o intuito de economizar, os carros compartilhados tem ganhado relevância nesse processo e se tornado cada vez mais uma boa opção de mobilidade.

A expectativa é de que até 2025 esse número cresça quase 400%, para cerca de 427 mil veículos e 36 milhões de usuários.

Não é à toa que em paralelo com os carros autônomos, as montadoras deixaram a rivalidade de lado e apostam em serviços de compartilhamento de veículos. A General Motors investiu 500 milhões de dólares na Lyft, empresa de compartilhamento de veículos rival do Uber, enquanto isso, a Volkswagen anunciou um aporte de 300 milhões de dólares na Gett, uma startup israelense de mobilidade urbana. Toyota Ford, Audi, Renault e BMW já aportaram juntas mais de 100 milhões de dólares em empresas de compartilhamento de veículos como Chariot, Silvecar, Karhoo e até no Uber.

Toda essa atenção pode ser facilmente compreendida. Segundo a consultoria norte-americana McKinsey, serviços de compartilhamento de automóveis representarão um mercado de 1,5 trilhão de dólares em 2030 e até lá um em cada 10 veículos vendidos em será para uso conjunto. A consultoria estima ainda que em 13 anos, 30% da quilometragem percorrida no mundo acontecerá em um automóvel que será dividido com outra pessoa.

O universo de compartilhamento cresce rápido. Atualmente, este mercado conta com cerca de 112 mil veículos no mundo e tem sete milhões de usuários, de acordo com estimativas da consultoria Frost & Sullivan. A expectativa é de que até 2025 esse número cresça quase 400%, para cerca de 427 mil veículos e 36 milhões de usuários.

No Brasil, o serviço já tem seus primeiros contornos. Há empresas que oferecem carros compartilhados, ainda que as proporções fiquem distantes de companhias da Europa e Estados Unidos, onde o formato já é mais difundido. A companhia Zazcar é pioneira no país e tem uma frota espalhada por São Paulo. Também há iniciativas de empresas, que ganham robustez a medida dos anos e interesse de usuários.

Os desdobramentos desse mercado já chegaram até mesmo ao segmento de gestão de frotas. Em março deste ano, a Alelo lançou seu projeto de compartilhamento de veículos em busca de soluções customizadas para os clientes. O projeto piloto está em uso por colaboradores e prevê uma redução de custos de até 30% nos deslocamentos, mas a ideia é que a Alelo desenvolva soluções e amplie a atuação para as empresas-clientes da companhia, que hoje são mais de 100 mil em todo o Brasil.

A tecnologia é um elemento fundamental para que o modelo ganhe escala. Na Alelo, por exemplo, o funcionário precisa realizar um cadastro e baixar o aplicativo ‘Carro Compartilhado Alelo’, que permite selecionar o veículo, local de retirada, realizar o check-in e abertura de portas, bem como a devolução e checkout do carro. Tudo é feito por meio de um software e além disso, o veículo também utiliza o sistema de telemetria, que permite que empresas monitorem o comportamento de utilização e identifiquem os motoristas com desvios de conduta, por exemplo.

Mais do que atender pessoas físicas, o formato é uma oportunidade de criar soluções para gestores de frotas e auxiliar na redução de custos para empresas, além de prezar a maior sustentabilidade nos deslocamentos corporativos. “Com o carro compartilhado estamos pensando no futuro, nas tendências de mercado e em soluções com foco em frotas comerciais e operacionais, além, é claro, de trazer um modelo de inovador de negócio que já é sucesso em outros países”, diz Roberto Niemeyer, diretor de Gestão e Despesas Corporativas da Alelo.

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