O glúten tem ganhado bastante atenção nos últimos anos, especialmente nas redes sociais e em pautas sobre alimentação saudável. Mas será que ele faz mesmo mal para todos? 

Apesar de sua popularidade, especialmente em dietas livres de glúten, essa proteína só representa um risco verdadeiro para pessoas com condições específicas, como a doença celíaca e a sensibilidade ao glúten não celíaca.

De acordo com a Federação Nacional das Associações de Celíacos no Brasil (FENACELBRA), estima-se que no Brasil haja cerca de 2 milhões de pessoas celíacas, sendo que a maioria ainda não tem o diagnóstico.

A gente bateu um papo com Caroline Calloni, nutricionista, doutora em biotecnologia e docente no FSG – Centro Universitário. Ela explicou alguns pontos importantes sobre o glúten que, segundo ela, é inofensivo para quem não possui restrições médicas.

Bora entender mais sobre essa proteína?

O que é o glúten e qual sua função nos alimentos?

Todo mundo deve evitar o glúten?

A nutricionista orienta que nem todo mundo deve evitar o glúten, uma vez que ele só oferece risco à saúde das pessoas com doença celíaca

“A doença celíaca é definida como uma resposta imunomediada permanente ao glúten, ou seja, o sistema imunológico, ao entrar em contato com o glúten, ataca as próprias células do intestino, causando inflamação e danos. Esses danos prejudicam a absorção de nutrientes e podem levar a vários problemas de saúde ao longo do tempo. Além da doença celíaca, indivíduos com sensibilidade ao glúten não celíaca também podem precisar evitá-lo”, orienta a especialista. 

Além dos celíacos, indivíduos com sensibilidade ao glúten não celíaca também podem sofrer sintomas após consumir a proteína, embora não haja uma resposta autoimune.

Como diferenciar sintomas da doença celíaca e sensibilidade ao glúten?

As manifestações clínicas da doença celíaca podem envolver o trato gastrointestinal, bem como: a pele, o fígado, o sistema nervoso, o sistema reprodutivo, os ossos e o sistema endócrino. 

“Má absorção intestinal sintomática é caracterizada por diarreia crônica, dor abdominal, distensão abdominal, perda de peso e flatulência”, explica Caroline.

Também podem ocorrer a presença de sintomas atípicos, entre eles: anemia por deficiência de ferro, osteoporose ou osteopenia, infertilidade e baixa estatura em crianças. 

Alergias alimentares geralmente causam sintomas imediatos após o consumo do alimento como urticária e dificuldades respiratórias. Entretanto, para diferenciar as duas condições, é essencial procurar um médico que irá confirmar o diagnóstico com testes específicos de anticorpos e uma biópsia intestinal.

Existe benefício em retirar o glúten da dieta para quem não tem restrição?

Para pessoas sem doença celíaca ou sensibilidade ao glúten não celíaca, não há evidências científicas de que eliminar o glúten traga benefícios à saúde. Na verdade, pode até limitar a ingestão de nutrientes essenciais para o organismo.

Caroline Calloni, ressalta ainda que alimentos com glúten, como grãos integrais, são fontes de fibra, vitaminas do complexo B, ferro, magnésio e outros minerais essenciais. “Evitar o consumo destes alimentos sem necessidade e sem uma substituição nutricional equivalente pode levar a deficiências nutricionais e maior chance de desenvolvimento de doenças”, diz. 

Como surgiu a ideia de que o glúten faz mal para todos?

A ideia de que o glúten é prejudicial para qualquer pessoa pode ter se popularizado devido ao aumento de produtos e dietas sem glúten no mercado, para atender as pessoas celíacas. 

O mito, segundo a nutricionista, pode ter se originado de uma interpretação errada de alguns estudos que associaram o consumo de glúten a desconfortos digestivos, mas que, na verdade, aplicavam-se a pessoas sensíveis a essa proteína.

“Podemos citar também alguns profissionais que acabam se aproveitando da falta de conhecimento da população em geral para criar ‘soluções milagrosas’ para problemas de saúde”, alerta Caroline.

Dietas sem glúten e os riscos de adotá-las sem necessidade

Para pessoas que não precisam restringir o glúten, optar por uma dieta sem essa proteína pode acarretar em deficiências nutricionais, já que muitos alimentos com glúten são boas fontes de nutrientes. “Alimentos com glúten, como grãos integrais, são fontes de fibra, vitaminas do complexo B, ferro, magnésio e outros minerais essenciais”, alerta Caroline.

Ela diz ainda que evitar o consumo desses alimentos sem necessidade e sem uma substituição nutricional equivalente pode levar a deficiências nutricionais e maior chance de desenvolvimento de doenças. Também não há evidências de que o glúten, isoladamente, cause ganho de peso ou inflamação em pessoas saudáveis. 

“Não podemos ‘culpar’ um único nutriente ou um único alimento por essas alterações. O que conta para o ganho de peso é o contexto alimentar, ou seja, os tipos de alimentos que são consumidos diariamente e a sua composição. Desta forma, sempre que se tiver um consumo alto e frequente de alimentos com alta densidade calórica, como por exemplo, alimentos ultraprocessados (fast-food, salgadinhos de pacote, biscoitos recheados, refrigerantes e sucos artificiais) haverá um risco aumentado de ganho de peso. A inflamação está diretamente relacionada a esse ganho de peso, aponta a profissional.

A importância do acompanhamento nutricional para celíacos

Para quem tem doença celíaca, a dieta sem glúten é uma necessidade vital. Além de evitar o glúten, os celíacos devem buscar alternativas nutricionalmente equivalentes para não comprometer a saúde. Cereais como: quinoa, arroz integral e milho podem substituir alimentos com glúten, mas é importante que o acompanhamento nutricional esteja presente para evitar deficiências.

A leitura dos rótulos é outra prática essencial, pois o glúten pode estar presente em alimentos industrializados. Por isso, o acompanhamento com nutricionistas capacitados é fundamental para garantir uma dieta sem glúten saudável e completa.

Alimentos proibidos e permitidos para celíacos

A FENACELBRA tem uma lista de alimentos que não podem ser consumidos por celíacos, aqueles que são permitidos e outros que podem ser consumidos com moderação. Vamos ver?

Tabela de Alimentos com e sem glúten
Tabela de alimentos – Fonte: https://www.fenacelbra.com.br/tabela-de-alimentos

Adotar uma dieta sem glúten sem necessidade médica pode até trazer mais prejuízos do que benefícios, devido à redução de nutrientes essenciais. Para uma alimentação saudável, é mais importante buscar uma dieta variada e equilibrada, valorizando alimentos naturais e integrais.

Gostou do conteúdo? Continue aqui e descubra outros assuntos legais para facilitar o seu dia a dia. 

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 1

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.