Conceito de Empresa Familiar 


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A definição básica de empresa familiar é uma companhia onde um ou mais membros de uma mesma família possuem a maioria das ações ou o controle integral do negócio. A diferença para as empresas tradicionais é que nesse formato os acionistas lidam com questões que ultrapassam as estratégias financeiras. “Há uma sobreposição entre os objetivos da empresa e das questões pessoais da família. As condições para superar essas possíveis desavenças são decisivas para o sucesso ou fracasso dessa organização”, diz Chris Bianchi, vice-coordenadora da Comissão de Empresas Familiares do IBGC (Instituto Brasileiro Governança Corporativa). Dado o conceito, é muito comum existir conflito em empresa familiar, como vamos abordar na continuação desta matéria.

O desafio de quase toda empresa familiar

É justamente na questão do relacionamento entre os parentes que está um dos principais desafios das empresas familiares. Afinal, a discordância entre os gestores de uma mesma família pode atrapalhar aspectos da profissionalização – como a nomeação de uma pessoa com pouca capacidade para determinado cargo por uma questão de preferência do genitor, por exemplo – e também influenciar no processo de sucessão do negócio.

Uma pesquisa realizada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) aponta que 70% das empresas familiares no Brasil fecham as portas no primeiro processo de sucessão de pais para filhos. Na segunda fase de sucessão, que seria dos filhos para os netos, apenas 5% das companhias sobrevivem

Mas isso não quer dizer que empresas familiares estejam fadadas ao fracasso. Há exemplos positivos de companhias brasileiras, como Natura, Grupo Votorantim, Bauducco e Grupo Boticário, que ainda mantém a família no comando e têm ótimos resultados. 

Segundo Chris, a mortalidade das empresas familiares não deve ser analisada de forma isolada como um índice assustador. “As empresas familiares fecham, assim como as outras também podem fechar. Acredito que os conflitos entre os parentes são um grande problema para essas companhias, mas ao mesmo tempo vejo esses empreendimentos muito fortes e resilientes em tempos de crise”, diz. 

Para a especialista, a maior parte das empresas familiares que sobrevivem tem o chamado ‘capital paciente’. “Trata-se de um perfil de dar o sangue pelo negócio. Desde uma padaria, passando por oficina mecânica até uma empresa de grande porte. Quando a família está no comando, os sacrifícios, como redução de custos e mais horas de trabalho, são maiores. Afinal, o negócio faz realmente parte da vida daquelas pessoas”, afirma Chris. 

Como amenizar o conflito em empresa familiar

Conflitos familiares são apontados como o principal motivo para a saída de sócios das empresas pesquisadas por um estudo da consultoria PwC em parceria com o IBGC. Publicado em março de 2019, o material analisou 279 empresas familiares brasileiras e constatou que 48% delas elaboraram um documento que disciplina a relação entre a família e o negócio. “Deixar as regras claras é uma das alternativas para evitar problemas. Mas infelizmente menos da metade das companhias faz isso”, lembra a vice-coordenadora do IBGC.

No livro “Empresa familiar: ame ou deixe”, o autor Michael Waller fala sobre as dificuldades de conciliar as tomadas estratégicas de decisão de uma empresa familiar com as questões emotivas que envolvem os parentes. “Apesar de 90% das companhias serem de origem familiar no Brasil ainda é difícil falar sobre o tema sem envolver emoção”.

A comunicação constante é uma alternativa válida para amenizar as desavenças. A orientação do autor e da especialista do IBGC é de que haja a formação de um conselho familiar que se reúna periodicamente para tratar dos assuntos mais importantes. A meta é reduzir o conflito em empresa familiar a partir de uma comunicação assertiva.

Outra dica é encontrar um mediador de conflitos. “Pode ser desde o padrinho de infância, um amigo da família e até um consultor especializado. O ideal é que seja uma pessoa de fora do negócio que possa trazer uma nova visão”, diz Chris.

Uma vez que os conflitos familiares continuam sendo a principal ameaça para as empresas familiares, cada vez mais companhias — de todos os portes — têm recorrido ao serviço de governança familiar, que tem entre seus principais objetivos a harmonização da família, integração dos membros, preservação dos valores, legado e história, manutenção do sentimento de pertencimento, acompanhamento dos processos sucessórios, educação e aperfeiçoamento dos acionistas e herdeiros.

 Profissionalização pode ser dentro de casa

Outra recomendação dos especialistas para garantir o bom desempenho é que seja feita uma profissionalização da estrutura das empresas familiares. “Não é porque o sujeito é filho do dono que pode virar automaticamente o presidente”, avalia Chris. 

Ao falar em profissionalizar a gestão, a dica não remete necessariamente à entrada de uma empresa terceira para cuidar do negócio visando evitar conflito entre parentes. “Estamos falando em incentivar os membros da família a estudar, se especializar e aprender sobre as oportunidades”, diz a vice-coordenadora.

Quer mais informações sobre empresas familiares? Leia também nosso post sobre sucessão em empresa familiar.
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